Capítulo 24

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Recebemos a noticia que só duas pessoas poderiam ficar no quarto de papai durante à noite. Assim que soube disso eu encarei Alfonso e ele prontamente entendeu o que se passava em minha mente. Eu me aproximei de minha mãe.

- Mamãe, por que não passa a noite em casa? Eu e Alfonso podemos ficar aqui. Até porque voltar para Londres não faria sentido. Descanse e traga roupas limpas para o papai vestir quando for sair do hospital.

- Você tem certeza, querida? Vocês podem dormir lá em casa...- ela sorriu amavelmente

- Eu não sairei daqui sem o meu pai, mamãe... - ela riu docemente,já conhecendo minha teimosia e determinação.

- Tudo bem, vou vê-lo dormir e depois irei para casa. Volto amanhã bem cedo. - eu assenti e então a abracei. Alfonso fez o mesmo depois.

- Alimente ela, querido. Por favor, você sabe o quanto ela é irresponsável com a própria saúde... - eu revirei os olhos

- Mamãe... - falei entre dentes, mas ambos ignoraram

- É claro que sei. Pode deixar, Mari. Eu irei cuidar dela... - ele sorriu e deu um beijo na bochecha da minha mãe. Eu ainda estava com a frase em minha cabeça " eu irei cuidar dela". há muito tempo não ouvia Alfonso dizer algo assim sobre mim.

Assim que mamãe se foi, Alfonso me encarou e afagou meus braços levemente.

- O que acha de um café? - eu sorri levemente

- Seria ótimo. Vou te esperar no quarto dele, certo? - ele assentiu e então se virou rumo à cafeteria do hospital. Eu caminhei por um longo corredor e então encontrei o quarto que meu pai estava. Assim que entrei o avistei deitado, parecia dormir tranquilamente e aquilo me acalmou. Eu fui até ele e depositei um beijo em sua testa.

- Eu te amo, papai. Nunca mais me assuste assim... - eu sussurrei e sorri. Não demorou dois minutos e Alfonso estava de volta. Nós nos encaramos e eu me sentei no sofá que havia ali.

- Ele parece tranqüilo..- Alfonso disse e sentou-se ao meu lado.

- Sim, parece - eu sorri após olhar para meu pai e voltei minha atenção para Alfonso. Ele me entregou o café e eu beberiquei um pouco. Ele fez o mesmo com o dele. O silêncio pairou sobre o ar. - você...- eu comecei a dizer, mas parei.

- Eu... - nós nos encaramos. - o que ia dizer?

- Só que...- eu balancei a cabeça e desviei o olhar - é bobagem...

- Fala, por favor...

- Você me chamou de "baby" hoje. Diversas vezes... - ele então passou uma mão em seu cabelo, estava desconcertado ou nervoso.

- Chamei ? É, bem...chamei. Só que você sabe...quer dizer...me desculpa - Alfonso Herrera estava sem jeito. Aquilo me fez sorrir. Eu peguei em sua mão e brinquei levemente com seus dedos.

- Não precisa se desculpar. Não tem problema nenhum... É só que não escutava você me chamar assim desde que nós... - eu parei a frase e ele assentiu. Eu mordi meu lábio inferior. - eu sempre gostei que me chamasse assim, só isso - eu dei de ombros e então tomei mais um gole de café. Ele sorriu.

- E eu sempre gostei de te chamar assim. Desde quando nos conhecemos em uma festa de fraternidade e você realmente parecia um bebê com esses seus olhos gigantes azuis e doces como de uma criança inocente e frágil... - nós sorrimos um para o outro, como há muito tempo não fazíamos. Eu não queria perder aquele contato. Parecia me fazer retornar no tempo. Alfonso então desviou seu olhar do meu, como se despertasse de seu próprio transe. - hum...por que não descansamos um pouco ? - eu assenti e então depositei meu café em uma mesa lateral. Ele fez o mesmo.

- Dormir seria ótimo...- ele riu levemente

- Eu vou me sentar na outra poltrona. Você pode ficar com o sofá. - ele então se levantou e de súbito eu peguei em sua mão e o segurei.

- Espera... - ele me encarou - o sofá é grande. Cabe nós dois... Você pode deitar aqui comigo... - eu parei alguns segundos, pensando no que havia acabado de dizer - se quiser.. - acrescentei e então pisquei ao ver sua expressão se suavizar. Ele voltou a se sentar no sofá e eu não sabia bem como agir. Há muito tempo não deitávamos tão perto um do outro. Ele se recostou e eu senti uma necessidade imensa de me deitar em seu peito. Ele parecia ler minha mente, segurou minha mão e deu um leve puxão, me fazendo encostar minha cabeça em seu peito largo. Eu ouvia as batidas de seu coração, e aquilo parecia música. Eu sentia falta daquele lugar. Mais do que tudo. Eu o senti suspirar e então começar um cafuné calmo em meus cabelos. meus olhos já estavam fechando quando o chamei - Alfonso..

-Sim...- sua voz saiu rouca ao me responder

- Obrigada por estar aqui. Comigo.

- Eu não poderia estar em nenhum outro lugar, baby... - eu então sorri com sua frase e com meu apelido no final dela. Sorri e me permiti dormir tranquilamente em seu peito, sentindo seu coração. Sentindo o meu lugar de costume.


Até logo...Where stories live. Discover now