Até logo...

Capítulo 26

 O médico chegou para checar tudo e informar que meu pai teria alta no mesmo dia. Ele precisaria tomar uma série de medidas para sua saúde,mas tudo estava bem. Quando ouvi essa última frase fechei os olhos por alguns segundos e apertei um pouco mais a mão de Alfonso que a todo momento estava na minha.

Assim que tudo estava acertado, ao final daquele longo dia, acompanhamos meus pais até sua casa.

- Por que vocês não passam a noite aqui? - minha mãe perguntou quando já estávamos na porta para nos despedirmos.

- Estamos muito cansados, mamãe. É melhor voltarmos. - eu sorri docemente e ela assentiu.

- Qualquer coisa não hesite em nos ligar,Mari - Alfonso disse em seu tom firme,porém com o carinho e preocupação que sempre tinha ao se dirigir ao meus pais.

Minha mãe suspirou

- Tudo ficará bem agora. Obrigada por virem. - ela então veio até mim e me abraçou apertado

- Final de semana que vem darei um jeito de vir visitar vocês de novo. Preciso verificar que tudo está bem. - eu disse assim que ela me soltou e abraçou Alfonso em seguida. - Ligue, mamãe! - eu disse uma última vez antes de sairmos pela porta da frente e nos dirigirmos ao carro de Alfonso. Acenei para minha mãe sorridente e mais uma vez um alívio percorreu minhas veias. Suspirei alto.

- Estou realmente feliz que tudo está bem agora - Alfonso disse ao virarmos em uma esquina para pegarmos a via expressa. Eu o encarei.

- Obrigada mais uma vez. Não sei o que faria sem você aqui,Poncho. - Nós nos encaramos por breves segundos e ele estendeu a mão para mim. Eu não hesitei em pega-la.

Há quanto tempo não sentia essa paz ? Essa paz que só Alfonso era capaz de me trazer. Eu ri por dentro com a minha frase. Ele era o único capaz de transformar minha vida em uma grande confusão e inferno, e, então, me fazer sentir a pessoa que pisa nas nuvens e está em paz. A viagem seguiu tranquila e silenciosa. Não um silêncio constrangedor, mas um de tranquilidade. Sem a necessidade de palavras para estragar aquele momento.

...

Quando paramos em frente ao meu apartamento eu não sabia como agir. Na verdade, eu sabia o que queria,mas tinha medo desse sentimento que se instalava dentro de mim. Eu mordi meu lábio inferior em conflito,assim que tirei o cinto.

- Aqui estamos - ele disse, quebrando o silêncio.

-Você...-eu fechei os olhos e tomei a coragem que precisava - você quer subir ? Posso preparar um chá, deve estar exausto tanto pela viagem de ida quanto a de volta.

Ele me encarou e o vi molhar os lábios rapidamente.

- Eu..sim, eu adoraria tomar um chá.

Eu sorri levemente e então saltei do carro. Assim que entramos no prédio, o porteiro nos cumprimentou. Era engraçado pelo fato do porteiro do meu prédio conhecer meu ex-marido tão bem, isso me levava a pensar que Alfonso vinha aqui demais quando a proposta de morar sozinha era exatamente ficar longe dele durante nossa separação. Bem, ficarmos longe um do outro não era o que fazíamos propriamente, pensei ao entrar no elevador.

- No que está pensando ? Nunca consigo saber o que pensa quando abaixa o olhar assim - ele me perguntou assim que chegamos ao meu andar e destranquei a porta para entrarmos no apartamento.

- Nada demais. Só no fato de que somos péssimos nisso de divórcio. Supostamente era para estarmos afastados um do outro enquanto tudo ocorre, mas aqui estamos nós ! - eu ri e ele seguiu minha risada

- Nós nunca fomos um casal muito comum, precisamos admitir. Quem mais poderia se odiar e se amar em poucos minutos como nós ?

Eu pisquei algumas vezes ao ouvir a palavra amar sair de seus lábios. Alfonso percebeu o que tinha acabado de dizer quando ficamos nos encarando e o sorriso tinha saído de nossos lábios. Estávamos próximos um do outro e eu podia sentir a intensidade do olhar dele. Eu me aproximei mais um pouco,mas então como um despertar ele interrompeu meus passos.

- Por que não vai tomar um banho quente enquanto preparo o chá ? Posso estar cansado da viagem, mas sei que deve estar mais ainda por conta de tudo o que aconteceu. - Ele continuava sendo o mais atencioso de todos e aquilo me matava.

- Obrigada. Volto em alguns minutos. - eu sorri e me afastei, indo para o banheiro do meu quarto,pronta para um banho e para pensar em tudo o que estava acontecendo naquele momento.