Até logo...

Capítulo 27

Assim que deixei a água quente começar o seu trabalho em relaxar meus músculos minha cabeça virou um turbilhão. Eu e Alfonso estávamos em pleno divórcio, mas lá estava ele na minha cozinha preparando um chá para nós depois de ter passado comigo por um dos momentos mais dolorosos que tive nesses anos. 

Ele foi tão atencioso e compreensivo. Não hesitou em nenhum milésimo de segundo e me segurou quando já estava prestes a cair do precipício ao pensar no que poderia acontecer com meu pai.

Parecia que todos os nossos momentos de gritos,brigas e desentendimentos desses últimos 6 meses foram esquecidos nessas 24 horas e eu poderia mentir para mim mesmo, mas a verdade é que eu adorava a maneira como ele estava aqui por mim. Me apoiando e ajudando. 

Eu sentia tanta falta dele. Sentia falta do nosso casamento. Da nossa felicidade. Eu estava tão sozinha e incompleta sem ele. Poderia gritar aos quatro ventos que o odeio e o quero longe da minha vida, mas essa é a maior mentira que já disse. Eu amo o Alfonso. Sempre amei e sempre vou amá-lo, independente de todas as merdas que nos metemos nesses últimos  meses.

Eu não sabia ao certo sobre o nosso casamento, mas se pudéssemos pelo menos colocar todas as cartas na mesa e esclarecermos tudo seria,pelo menos, um grande passo nessa caminhada torturante. Simplesmente achava que tudo havia sido um mal entendido. Nós ainda nos amávamos, certo ? Quer dizer, eu o amo. Sim, eu o amo.

Saí do banheiro ainda secando meu cabelo com uma toalha e sentei na cama com esses pensamentos me rondando, até que o vi parado na porta do quarto. 

Ele é tão lindo. Ele é alto e musculoso na medida certa. Seus cabelos são tão negros como a noite e seus olhos verdes oliva contrastam perfeitamente com seus cabelos. A herança espanhola de Alfonso encontra-se em cada traço de seu rosto que tem estruturas fortes e masculinas. O homem mais bonito que eu já vi e é meu marido. Ou ex marido. Ainda está com sua camisa de mangas curtas preta justa ao corpo e uma calça de moletom,mas ninguém ficaria melhor assim do que ele.

Ele se aproximou e dei espaço para ele sentar na ponta da cama comigo.

- Ei, como está ? O chá está pronto... - sua voz saiu baixa e eu só pensava em uma coisa neste momento depois de tudo o que constatei no banho.

-O que aconteceu com a gente? - a pergunta saiu antes que eu pensasse demais. Ele me olhou surpreso.

- Você quer falar disso agora, Anahí ? Não acho que...

Eu fechei os olhos e meneie a cabeça

- Você está certo, me desculpe. Eu só...- eu levantei da cama, mas senti ele puxar meu pulso e me sentei de novo. Eu o encarei,talvez perto demais.

- Continua - ele disse com sua voz de comando que me fazia sentir um arrepio na espinha.

- Eu só não entendo como chegamos a isso. Nós éramos tão felizes. Não éramos ? - eu virei um pouco minha cabeça para me penetrar em seu olhar verde oliva.

- Sim, nós éramos mesmo felizes. Acho que...- ele bufou antes de continuar - tomamos decisões erradas. Só isso.

Eu concordei com um gesto de cabeça.

- Você ainda me ama, Alfonso ?

Ele parou e por alguns segundos ficou imóvel, apenas encarando meus olhos.

- Anahí...

Eu era uma estúpida. Eu ri ironicamente depois da minha constatação. Como poderia achar isso depois de tudo o que passamos ? Eu levantei novamente sem esperar por uma resposta. Não queria ouvir,sabia que iria doer mais do que qualquer coisa. 

Novamente ele me puxou, me fazendo sentar mais perto dele e eu cedi caindo na cama sentada

- Nunca poderia deixar de te amar, Anahí. Precisaria  mais de uma vida para que isso acontecesse e nem sei se é possível.

Não precisei de mais nada nesse momento. Eu simplesmente entrei em pleno transe com suas palavras inesperadas e doces e então puxei sua camiseta fazendo nossas bocas se chocarem. Ele pareceu surpreso no começo,mas ainda sim o vi fechar os olhos e me permiti fazer o mesmo. Nada mais importava agora.

Eu estava no céu e eu pertencia a essa lugar. Só conseguia pensar isso. Nosso beijo era tão intenso e apaixonado que me fazia esquecer até mesmo meu nome. Minhas mãos procuraram o pescoço e o cabelo um pouco comprido de Alfonso para puxá-lo e foi isso que permiti que elas fizessem. Suas mãos estavam em minha cintura e sua língua buscava a minha todo momento. Nossas cabeças viravam em sincronia e eu adorava a maneira como nossas bocas se encaixavam perfeitamente. 

O grande problema entre mim e Alfonso é que eu sempre queria mais. Meu corpo sempre pedia por mais quando estávamos juntos. Eu então subi em seu colo para montar e intensificar nosso beijo, mas de repente senti um leve empurrão em minha cintura e nossas bocas se afastaram. 

O céu nunca é eterno.