Capítulo 6

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- Então estamos entendidos? - Alfonso falou assim que terminou de estacionar o carro em uma das vagas em frente ao grande edifício espelhado em que trabalhávamos perto da Oxford street. 

- Eu cumpro meus combinados, senhor Herrrera. - eu sorri sinicamente pra ele logo após de soltar meu cinto de segurança.

- Eu sei, senhora Herrera. - eu bufei de raiva e sai do carro batendo a porta do seu amado BMW preto. Ele realmente tinha o poder de me irritar. Seus passos eram longos e eu tentava me apressar em cima dos meus altíssimos saltos,ainda sim, ele logo me alcançou. Assim que entramos fomos cumprimentados pelo sorridente recepcionista do prédio. 

- Bom dia senhor e senhora Herrera... - eu revirei os olhos - quer dizer..- ele pigarreou - senhora Anahí, dona..quer dizer..senhorita..- eu soltei o ar dos meus pulmões

- Bom dia, John. Como foi o final de semana? - eu sorri amavelmente - e “Anahí” está de bom tamanho. 

- Ah foi ótimo! Obrigada por perguntar...dona Anahí. - eu entreguei meu cartão e ele liberou minha entrada

- Bom dia, John. - Alfonso fez o mesmo, entregando seu cartão

- Bom dia, seu Alfonso. Bom trabalho...- ele o cumprimentou com um aceno de cabeça e ultrapassou as roletas. Eu já esperava o elevador atingir ao térreo. Alfonso parou ao meu lado. 

- Pare de bater esse lindo pezinho no chão, Anahí. Tenha um pouco de paciência...logo o elevador já estará aqui e você se livrara de mim. - eu revirei os olhos

- Eu realmente adoraria que isso fosse realidade, Alfonso. Me livrar de você seria o paraíso. - o elevador apitou e a porta logo abriu-se. Eu adentrei sem demora. 

- Seria mesmo? Porque até alguns meses atrás eu escutei uma frase bem diferente vindo de você com essa mesma palavra... - eu o senti aproximar seu corpo do meu, que ainda permanecia de costas para ele, e sua voz sussurrar em meu ouvido - que eu saiba, você dizia que fazer amor comigo era o paraíso...- eu fechei os olhos por dois segundos. Segurei minha bolsa com mais força perto do corpo. 

- Para você ver.. Se até Adão e Eva foram expulsos do paraíso, por que nós não seríamos? - eu falei de forma baixa e abri meus olhos novamente. Eu podia sentir seu sorriso cafajeste, mesmo que ainda de costas para ele. Eu suspirei e então me virei de lado, voltando minha atenção para o marcador de andares acima da porta de metal. Após alguns segundos de silencio, o marcador finalmente marcou o andar de Alfonso. Ele se virou pra mim antes de sair e disse.

- Mas é bom lembrar que o paraíso continua o mesmo...mesmo sem Eva e adão lá. Mesmo sem nós dois... Um bom dia pra você, Anahí. - e então ele saiu e eu me apoiei na parede atrás de mim. Não era possível isso. Como esse homem ainda conseguia mexer comigo dessa forma? Ainda mais depois de tudo? Eu soltei todo o ar de meus pulmões e então percebi que tinha perdido meu andar. Como se já não bastasse eu estar quase 1 hora atrasada. Merda. 

....

- Hey, chefe! Posso entrar? - eu enfiei a cabeça pra dentro do escritório de Max. Ele então deixou de encarar os papéis que segurava em suas mãos e voltou seu olhar para mim.

- Quer dizer que a senhora resolveu aparecer pra trabalhar? - ele fez um sinal com mão para que eu entrasse em seu escritório e eu tentei abrir o maior dos sorrisos.

- Me desculpa, Max. Tive alguns contratempos hoje e acabei me atrasando um pouco - ele me encarou e arqueou uma sobrancelha - tudo bem, muito.- ele então suspirou

- É uma pena pra mim que você seja minha melhor  publicitária, Anahí. Estou louco para dar broncas e você torna isso impossível ! - ele riu amavelmente.

- Mas ultimamente sei que estou me esforçando para tomar algumas broncas...- eu suspirei e Max fez sinal para que eu me sentasse em frente a sua mesa.

- O que esta acontecendo, querida? Espero que não seja nada relacionado ao trabalho. Não posso te perder... - eu sorri para ele. Max era o melhor chefe que poderia se ter. Seus cabelos grisalhos e suas ruguinhas estrategicamente posicionadas poderiam até causar certo medo por mostrar tanta experiência marcada em sua própria pele, mas não era bem assim. No fundo eu sabia o ótimo coração que meu chefe possuía. Eu devia muita coisa à Max. Ele era um dos anjos que rondavam minha vida. 

- É claro que não é o trabalho. Você sabe o quanto sou feliz aqui... 

- Então presumo que seja algo relacionado à Alfonso...- ele me encarou e eu assenti. Mesmo sendo meu chefe, Max nunca deixou de saber parte da minha vida pessoal e isso não me incomodava nem um pouco, até porque eu compartilhava com ele boa parte dela quando tínhamos um tempo para conversar. 

- A separação está mais difícil do que eu poderia se quer pensar que seria... - eu sorri tristemente para ele. 

- Anahí, não sou muito bom em conselhos, você sabe, mas dê um tempo para você. Você se sobrecarrega. Tanto aqui no trabalho quanto em relação à sua vida pessoal. Você precisa por sua cabeça um pouco no lugar e se tranqüilizar. Você gostaria de uns dias de folga? 

- Não, Max! É claro que não! Por favor, não me tire a única coisa que me distrai nos últimos tempos. Meu trabalho é uma das poucas coisas que ainda me deixam feliz, ok? - ele assentiu - falando nisso, não quero mais te importunar, só vim mesmo me desculpar por hoje e dizer que não tornará a se repetir, chefe. - ele sorriu amavelmente para mim e eu me levantei da cadeira. - que tal um café sem açúcar e bem forte? Posso pedir para Laura trazer? 

- Você está vendo por que não posso brigar com você? - eu ri - um café seria ótimo ! - eu sai da sala de Max sorrindo e logo pedi pra Laura, sua secretária, para que lhe preparasse um café sem açúcar e forte. Voltei para minha sala e então comecei meu trabalho. 

Até logo...Where stories live. Discover now