Até logo...

Capítulo 28

Eu encarei Alfonso ainda ofegante. Ainda em seu colo.

- O que foi?

Ele piscou e molhou os lábios com a língua

- Nós não podemos. Me desculpa.

Fiquei em silêncio. Estava sendo negada. Era realmente difícil de acreditar e lidar com o desprezo, mas era isso que estava acontecendo. Alfonso estava me desprezando.

- Você não me quer ? É isso mesmo? - perguntei algo que já sabia devido a sua frase anterior. Parecia que precisava constatar um fato, simples assim. Eu então levantei de seu colo e ajeitei meus cabelos. Estava envergonhada. Como poderia ser tão burra ?

- Não é nada disso, é claro que te quero! Só não acho certo ficarmos juntos dessa maneira. Não agora que você está toda sensível e sentimental por conta do que aconteceu com seu pai.

Eu o olhei incrédula e soltei uma risada nada divertida.

- Você só pode estar brincando, Alfonso! Não é possível que você esteja me desprezando usando essa desculpa. Por favor, sou uma mulher de 27 anos ! Não me trate como uma virgem de 18... - minha voz já estava alterada e eu sabia disso. 

De duas uma, no momento tinha duas opções: ou eu gritava e colocava tudo pra fora ou então eu me debulhava em lágrimas. Primeira opção escolhida. Não iria desmontar na frente de Alfonso. Não poderia dar a ele esse gostinho.

- Você não está entendo absolutamente nada, Anahí - ele se levantou e deu um passo em minha direção, mas eu me afastei. Não queria ele perto de mim, não agora que tinha acabado de me desprezar. - Anahí, me escuta...eu só não quero usar você, entendeu ? Não quero que pense que estou me aproveitando da situação. Não consigo imaginar nós dois acordando juntos depois de termos transado e você se arrependendo disso.

- Nós não precisamos transar pra eu me arrepender, Alfonso. Já estou arrependida agora. Não se preocupe. - eu falei de maneira irônica

- Pare de agir assim ! Por favor! Se eu soubesse que ficaria desse jeito teria tirado sua roupa e comido você, talvez ficasse mais calma. - ele bufou e passou as mãos pelos cabelos de sua maneira quando está nervoso.

- Você é ridículo ! Meu deus, não posso acreditar em como sou estúpida! - eu fechei os olhos e os apertei. Estava envergonhada, com raiva, magoada, mas principalmente querendo matar aquele homem diante de mim. - Vai embora, por favor. Sai da minha casa !

Ele então deu mais um passo e me puxou pelos braços

- Vem aqui, para com isso! Me desculpa, eu juro que fiz com a melhor das intenções.

- Me solta, foi um erro. Me deixei levar, você está certo no final das contas. Estou sensível e frágil...- eu encarei seus olhos e tentei me desvencilhar. Ele me apertou com mais força.

- Posso lidar com você de diversas maneiras. Mas nunca poderei lidar com você arrependida por ter se entregue pra mim. Você precisa entender isso...

Seus olhos pareciam sinceros, mas eu só queria me afastar dele. Só o cheiro de Alfonso já me inebriava. E eu já havia sido desprezada o suficiente para um dia. Não agüentaria mais uma vez. Talvez ele estivesse certo e eu estivesse extremamente sensível. Até a maneira como ele me conhecia perfeitamente bem me irritava.

- Só me solta e vai embora, por favor...- eu falei de forma baixa e o vi suspirar depois de alguns segundos. Ele soltou meu braço e se afastou.

- Você não quer que eu fique mesmo?

Eu cruzei meus braços e neguei com a cabeça.

- Obrigada por tudo, de verdade. Mas preciso ficar sozinha.

Ele continuou me encarando, mas pareceu que depois de alguns segundos ele desistiu e deu-se por vencido.

- Qualquer coisa me ligue, venho correndo.

Eu fiz que sim com a cabeça, mas não encarei seus olhos. Ele se aproximou e depositou um beijo em minha testa. Apenas para concluir a grande humilhação do dia. Depois disso ouvi a porta do apartamento batendo e sabia que ele tinha ido embora. Me joguei em minha cama e enterrei minha cabeça no travesseiro, soltando um grande suspiro.

- Que merda de vida ! - gritei, mas nem as paredes escutaram meu grito abafado pelo travesseiro. Não agüentando mais, optei, finalmente, pela segunda opção e me acabei em lágrimas até dormir.

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