Capítulo 85

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— Agora. – Victor disse, fechando a garrafinha. Emma segurava um lenço em volta do pulso. Assim que fechou a garrafa, ele imitou o ato, mas não envolveu o pulso, só o limpou. O corte fundo já havia cicatrizado. Os dois concordaram que a mistura seria mais eficiente, mais forte que apenas um dos dois – Sabe o que fazer. Metade pra cada um, a menina primeiro. Seja rápida.

— Tire-o de lá. – Emma disse, apanhando a garrafa e escondendo-a no decote.

Jamie ninava Dakota. Um berço havia sido instalado no quarto, precocemente. Era de madeira. Bem simples, um quadrado acolchoado, onde os dois bebês estavam agora. O berço deles, o berço real, traçado em ouro, voltara para ser refeito. Ele acariciava os cabelos dela, terno, quando houveram batidinhas na porta. Victor entrou, um sorriso no rosto.

— Estão todos lá embaixo, comemorando. Venha. – Victor sussurrou, chamando.

— Não vou deixá-la sozinha. – Jamie respondeu, em tom baixo, apontando pra Dakota.

— Ela nem vai notar. Não acordará tão cedo. Vamos! – Era desespero na voz de Victor? Jamie balançou a cabeça. Estava vendo coisas. Ele sorriu, tirando o braço do ombro de Dakota, que ficou, inalterada, a bela adormecida em forma humana.

— Eu já volto. – Jamie sussurrou, beijando a testa dela – Só um copo. – Impôs, e Victor assentiu.

Assim que Jamie saiu, Emma estava no quarto. Caminhou até Dakota cautelosamente, os olhos sondando, e ergueu a sobrancelha. Dakota continuou dormindo. Ela se voltou pro berço. Franziu o cenho. Sua experiência com bebês era inexistente. Ela apanhou o bebê de rosa sutilmente nos braços, a menina nem notou. De perto sua fraqueza dava dó. Emma apanhou a garrafinha, dispensando a tampa. Levou até os lábios da menina, incerta. Pro seu desespero, a menina franziu o cenho, caindo no choro. Ela arregalou os olhos, e com um sopro do vento, estava fora do quarto, no corredor.

— Shhh, shhh, neném bonitinho, shhh! – Emma disse, tensa. A menina já estava fraca, chorar só ia acelerar o processo – Shhh, mentira, sh... – A bebê parou quando a garrafa pairou perto de seu rosto – É isso? – Perguntou, incrédula. Levou a garrafa com mais cuidado até a boca da menina, que aceitou, começando a beber com a força que tinha – Fome. – Suspirou – Podia ser mais óbvio, Emma? – Perguntou, debochada. A verdade é que o "suprimento" dos médicos não era nada agradável, não matava a fome, e Dakota não teve condições de amamentar. O bebê tinha fome. – Isso. Beba. – Disse, satisfeita.

Como se tivesse sido ordenada, a menina se encheu na metade da garrafa. O coração dela agora já batia, não só aquele tamborilar fraco. Emma tampou a garrafa, guardando-a no decote. A bebê lambeu os lábios, os olhinhos fechados, e Emma achou graça. Levou um pequeno lenço aos lábios dela, limpando a mancha vermelha que ficara. Voltou ao quarto, deixando-a no berço, e apanhou o menino. Foi mais fácil. No fim a garrafa estava vazia, e os bebês na cama. Ela saiu, pressentindo a volta de Jamie. Victor  a alcançou em um corredor, longe da torre.

— O que foi aquilo? – Victor rosnou.

— A menina se assustou com o frio do metal nos lábios. Nada demais. – Emma disse, entregando a garrafinha a ele.

— Tem noção do que foi convencer Jamie de que não tinha ouvido o choro? – Perguntou, exasperado.

— Da próxima vez levarei uma mamadeira. – Debochou – Victor, eu fiz. Eles beberam. Não vão morrer, e o sangue estará fora do organismo dele antes que o sol morra amanhã. Eles crescerão, serão lindas criancinhas saudáveis, humanos, vivos e fortes. Agora eu vou dormir. – Disse, um sorriso ameaçador aparecendo no rosto. Victor riu. Emma deu as costas, sumindo pelo corredor.

Apenas mais uma de amor Όπου ζουν οι ιστορίες. Ανακάλυψε τώρα