Capítulo 48

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— Não! Não, isso não! – Ela abriu os olhos, erguendo o rosto – Menti, sim, mas menti para salvar minha vida! Uma vez aqui não sai do castelo sozinha! Não sou a espiã, e nem faço idéia de quem seja, Jamie, eu ajudei vocês! – Lembrou, incrédula.

— Matem-na. – Jamie ordenou, virando o rosto. Não queria ver.

Ouvir a ordem fez Dakota se calar. Luke não se impôs. Dakota sentiu uma mão subir por sua nuca: Iriam quebrar seu pescoço. Pelo menos seria rápido, pensou. Um instante antes...

— Vocês são burros? – Andrew perguntou, aparecendo parado na porta. Todos o olharam. – Se essa mulher é a espiã vocês vão matá-la antes de tirar dela tudo o que ela sabe? Ninguém pensa aqui? – Perguntou, cansado.

— Eu a quero morta. – Jamie rosnou, raivoso.

— Andrew tem razão. – Luke assinalou.

— Prendam-na. Precisamos dela viva por enquanto. – Ordenou, e a mão deixou os cabelos de Dakota, libertando sua nuca. Então ela foi levada.

Dakota não sabia quanto tempo havia se passado. Podiam ser dias, horas, minutos... Ela perdeu a noção do tempo a partir de um ponto. Só havia dor. Estava presa, amarrada, e cada pedaço do seu corpo estava doendo. Pela temperatura fria, úmida, ela tinha certeza de que haviam levado ela para as masmorras. Estava em pé, amarrada em uma pilastra de concreto pelos braços, cintura perna. Não conseguia enxergar. Já haviam batido tanto nela, mas tanto, que ela se perguntava como não havia morrido ainda. Sentia dor, sede, fome, cansaço, seus braços doíam, seu corpo gritava para ser desamarrado dali. Havia sangue em seu rosto, em seus braços, seu vestido, que já começava a ceder. Ela contava o tempo por respirações. Respirava pela boca, pois o sangue seco obstruíra seu nariz. Então eles voltavam e faziam perguntas. Ela não sabia responder, então apanhava novamente. Eles achavam que sob dor ela diria a verdade. O inferno é que ela não sabia a verdade, ela não era a espiã. Os momentos de paz eram quando havia silencio. Ela ficava quieta, de olhos fechados, analisando cada aspecto da dor.
Dulcie, por outro lado, estava revoltada

— Papai... – Dulcie disse, com um sorriso angelical. Angelical demais – Eu NÃO vou comer, eu NÃO vou brincar, eu NÃO vou tomar banho, eu NÃO vou tomar meus remédios, – Jamie revirou os olhos – Eu NÃO vou fazer NADA até Dakota voltar. E é minha palavra final. – Disse, tranquila. A menina trancava a boca sempre que tentavam lhe dar de comer, ou os remédios, ou qualquer coisa. Mordera e arranhara uma criada que tentara lhe dar banho. Passava o tempo de braços cruzados, olhando pra cima.

— Pois tu não fará mais nada nunca então, ela não vai voltar. – Jamie disse, sem paciência, se levantando.

— Eu te odeio. – Dulcie murmurou, olhando o pai com desprezo. Jamie olhou a menina, incrédulo. Era a primeira vez que ela dizia isso.

— Como?

— O odeio. – Repetiu, erguendo o rosto para ele – Apenas uma pessoa no mundo gostou de mim de verdade, sem me tratar com pena ou por obrigação, apenas uma pessoa me amou de verdade, mesmo eu sendo a aberração que sou, e o senhor a toma de mim. Eu o odeio. – Disse, a voz carregada de magoa.

— Dulcie, Dakota não foi a única pessoa que a amou, não diga tolices. – Pediu, passando a mão no cabelo. Sabia lidar com tudo, mas sua filha dizendo que o odiava era algo fora de seu alcance.

— É mesmo? Quem mais? Mamãe? Tu? Pelo amor de Deus. – Ela virou o rosto.

— Dulcie, não fale assim de tua mãe. – Ordenou, severo.

— Dakota me amava. Gostava de ficar comigo, de brincar comigo, mesmo do jeito que eu sou. Queria me ver feliz, não por eu ser tua filha, mas porque gostava de mim. – Continuou – Ela gostava de ti também.

Apenas mais uma de amor Where stories live. Discover now