Capítulo 84

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— Tente se acalmar. Está perto de acabar. – Ela olhou os médicos, desafiando alguém a desmenti-la.

— Eu não aguento mais. Dói muito. – Ela soluçou, perdida – Não tenho força. – Declarou, impotente. Emma respirou fundo, parecendo ter levado um choque.

— Ei, ei, ei, ei. – Emma disse, aprumando Dakota, que caíra, cansada. O bebê estava atravessado, e ela não conseguia mais fazer força – Eu não vou aceitar uma desistência. – Avisou.

— Eu não consigo! – Disse, seu choro se aprofundando.

— Respire fundo. – Dakota obedeceu – Juntas, tudo bem? – Dakota negou, sabendo que não conseguiria. – Tira essa mão daqui! – Rosnou, e a parteira tirou a mão da barriga de Dakota, assustada.

— Essa manobra é de ajuda, alteza. É uma tentativa de ajudá-la, empurrando o bebê. – Explicou. Emma colocou a mão no lugar onde a mão da parteira estivesse.

— Com as duas mãos juntas você não tem um oitavo da força que uma mão só minha tem, acredite. – Emma dispensou, voltando a olhar Dakota.

— Senhora... – A parteira falou e o olhar de Emma a calou. Que fosse.

— Jamie está lá embaixo. – Dakota a encarou – Está aflito, angustiado, perdeu a voz. E a cada segundo que passa, esse bebê se perde mais dele. – Dakota soluçou, se sentindo incapaz. Sabia disso. Seu bebê não tinha oxigênio, e ela, fraca, não podia fazer nada. – Nós vamos tentar. Eu não vou deixar você morrer. Respire fundo. – Dakota assentiu, engolindo o choro. Mas a dor chegara em um ponto insuportável! – No três. – Dakota assentiu novamente – Um. Dois.

O grito seguinte de Dakota foi mais alto que os anteriores. Uma das mãos de Emma comprimia a barriga dela, empurrando o bebê, e a outra segurava a mão dela. Ao contrário da parteira, que parecia desajeitada com as duas mãos, a mão de Emma não saiu do lugar, e Dakota sentia a força quase lhe roubando o ar. Ela apertou a mão da outra, que retribuiu, incentivando, e após respirar fundo, fez toda a força que conseguiu. Quanto mais força ela fazia, mais a força da mão de Emma em sua barriga aumentava.

— Não! – Proibiu, quando viu que ela ia parar – Não se atreva! Aperte minha mão.

— Não dá mais. – Dakota grunhiu, ainda forçando, mas apertou mais a mão da outra.

— Isso. Continue. – O doutor  incentivou. Emma quase soltou um: "Cale essa boca!", mas não precisava de um barraco agora.

— Respire. – Emma ordenou, retirando a força da mão. Dakota caiu, sob os travesseiros, ofegando, e duas lagrimas transbordaram de seus olhos. – Isso. – Ela tomou o ar pela boca, arfando. – Vai ficar tudo bem.

—  Está coroando. – O médico avisou, com um sorriso. Tivera a certeza de que esse bebê morreria, por falta de oxigênio, mas de algum modo estava funcionando.

— Outra vez. – Dakota assentiu.

Os gritos se seguiram pelos minutos que vieram. Emma parecia determinada, apesar do tom cinza em seu rosto. Então quando Dakota achou que nem assim conseguiria... A dor se foi, e  veio o silencio. O segundo bebê não chorou. Os médicos a manusearam imediatamente, cortando o cordão umbilical, fazendo algo que os olhos arregalados de Dakota não conseguiam ver. Então, após ter as vias aéreas desobstruídas, um chorinho fraco, que dava dó, ecoou pelo quarto. Dakota sorriu.

— A propósito... Não, você não vai morrer. – Emma disse, com um sorriso de canto, se levantando.

O sino tocou novamente...

Apenas mais uma de amor Where stories live. Discover now