- A propósito, quantos anos você está fazendo?

- 22.

- Você realmente é novo.

- Pois é, mas não acho que esses números queiram dizer muita coisa. Esse último ano foi uma loucura e visto quem eu era há um ano e quem eu sou hoje, não acho que uma simples data possa mensurar essa mudança.

12/01/2019

Já estamos de volta a zona dos abrigos desde o dia 8 e depois daquele apartamento passamos por mais dois lugares apenas para conferir como as coisas estavam e tudo parecia bem. Se alguém veio atrás de nós pelo incidente do galpão, eles não chegaram nem perto de alcançar os abrigos, pelo menos os que vimos até agora.

Estamos numa cidadezinha situada bem próxima a uma zona industrial. Pelo que Frank disse esse é um dos locais de domínio do grupo liderado pelo tal do comandante e ele decidiu vir aqui comigo para ver como estava a movimentação.

Acho que ele percebeu o quanto eu estava ansioso por ação e pra conseguir dar uma resposta naqueles desgraçados. É sempre bom causar danos ao inimigo e desde que praticamente declaramos essa guerra eu e Frank ainda não havíamos abatido ninguém.

Ficamos de campana num apartamento do quarto do andar de um pequeno prédio de uma rua comercial. O andar térreo do prédio em que estamos é composto por uma série de pequenas lojas e um quiosque. Decidimos ir para a parte de cima pois facilitava a observação da área.

Chegamos lá pela manhã e não vimos movimento nenhuma pelas ruas vizinhas. No meio da tarde já estávamos prestes a desistir daquilo, eu particularmente já estava de saco cheio desde o meio dia, mas Frank acabou me convencendo de esperar por mais algumas horas.

E por volta das 17 horas alguém apareceu.

Uma caminhonete de porte médio apareceu cruzando a esquina e deu uma volta pelo quarteirão. Frank reconheceu o carro e disse ter certeza que se tratava de caras do grupo de buscas. A priori era apenas isto que queríamos fazer, nos esconder e observar nossos possíveis alvos, mas eu realmente estava afim de dar o troco neles e algo me dizia que Frank também sentia o mesmo.

Não precisamos de muita conversa para decidir que poderíamos e deveríamos dar um fim naqueles caras. Eu atirei com o arco no resto da vidraça de uma loja a frente do nosso prédio, enquanto os homens passavam de volta pela mesma esquina que os vimos antes, e rezei para que ouvissem. Deu resultado.

Eles dobraram a esquina e entraram na rua com o carro e então Frank me pediu para descer e servir de isca dessa vez, já que este tinha sido seu papel na última. Não relutei e me pus a descer, mas no caminho admito que senti um frio na barriga. "E se for uma armadilha?"

Por um momento esta dúvida passou pela minha cabeça.

Ao chegar ao térreo eu me esgueirei pelas mesas do quiosque e observei a rua. Dois homens estavam em pé ao lado do carro e pelo que pude ver pelo menos mais um estava dentro da loja.

Eu desci com a bolsa nas costas e carregava comigo a pistola na parte de trás da calça. Trouxe a mochila comigo para que minha aparência de viajante solitário fosse mais convincente. E obviamente não levei meu arco comigo para não ficar tão na cara que eu era o homem que eles procuravam.

A essa altura não tinha mais como me comunicar com Frank ou esperar um sinal dele então respirei fundo e me levantei devagar, dando uns passos a frente e alcançando a calçada do prédio.

- Ei, pessoal. – Falei chamando a atenção dos caras e colocando as duas mãos para cima.

- Parado já ai. – Um dos homens, que tinha um cigarro na mão, falou.

- Põe a bolsa no chão e vira de costas. – O segundo homem falou enquanto me apontava um revolver.

Enquanto fazia o que ele pediu ouvi a voz do terceiro homem que saía da loja para ver o que acontecia.

- Com quem vocês estão falando aí?

- Carne nova! – O homem do cigarro gritou.

Assim que o terceiro homem pôs os pés na rua eu ouvi um tiro. No mesmo momento larguei a bolsa no chão e corri abaixado, dando um salto rolando para frente para buscar abrigo nas mesas do quiosque.

Mais tiros foram disparados e a me ver abrigado por trás de uma das mesas eu saquei da minha arma pronto para devolver os tiros. Eu ainda não havia percebido mas a maioria dos disparos, senão todos, foram feitos por Frank que acabara de derrubar os três homens.

Nem chegou a ser um tiroteio, aquilo foi uma verdadeira surra. Tiramos aquele grupo de buscas pra nada e apesar de eu não ter matado ninguém me senti bem por termos dado o troco neles. Posso muito bem me acostumar com essa sensação, está na hora de declarar aberta a temporada de caça.

Diário de Um SobreviventeWhere stories live. Discover now