06/12/18

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É noite do dia 05 ou talvez já seja madrugada do dia 06 eu não sei bem mas eu estou com insônia e tentei escrever pra passar o tempo. Ontem depois que vimos o que aconteceu com o carro ficamos meio receosos sobre o que fazer mas decidimos continuar seguindo a estrada e alguns quilômetros depois dali nos deparamos com uma pequena cidade que margeia a BR.

Na verdade eu não sei bem quão pequena ela é já que não nos distanciamos muito da saída da BR. Apesar de estarmos todos preocupados com a possibilidade de encontrar com as pessoas que incendiaram o carro e elas acabarem sendo tão violentas quanto as que nos atacaram no condomínio meu irmão decidiu que era melhor passar a noite num lugar protegido por paredes do que arriscar enfrentar a noite na estrada e os carros acabarem falhando no meio do nada.

Rodrigo nos seguia com a EcoSport enquanto estávamos na estrada mas na hora de procurar um lugar para ficar na cidade ele se propôs em ir na frente já que Heloíse e Jennifer estão com nós na ranger, ele achou melhor que não arriscássemos ir na frente com as garotas.

Saímos da BR e paramos alguns metros depois da entrada da cidade, ficamos parados atrás de um posto de combustível enquanto Rodrigo seguiu com Leonardo e Alessandra procurando um lugar seguro pra nós. Ouvimos alguns zumbis passarem por perto e ficarem mais alertas com o barulho que a EcoSport fez ao andar na estrada de paralelepípedos, os faróis também estavam ligados porque já era inicio de noite e isso foi o suficiente pra alguns deles tentarem seguir o carro. Enquanto isso eu, meu irmão, Dayse, as garotas e Castilho ficamos abaixados em silencio e torcendo para que nenhum mordedor decidisse vir até nós.

Não demorou muito e vimos Rodrigo aparecer com o carro pela esquina, ele sinalizou com os faróis e nós o seguimos. Demos uma pequena volta pelas ruas para atrair os zumbis pra longe de onde queríamos ficar e seguimos o resto do caminho com os faróis desligados para não chamar atenção.

O lugar foi escolhido por Leonardo, ele que avistou um pequeno deposito de materiais de construção e parece ser um bom lugar porque as portas são daquelas metálicas de enrolar típicas de lojas. As portas estavam abertas e o local todo revirado mas Rodrigo e meu irmão conferiram duas vezes e as portas estavam intactas então pelo jeito estamos seguros aqui dentro.

Tava tudo muito bagunçado e sujo, na verdade todos os lugares estão assim agora, pelo menos dessa vez não tinha sangue impregnado nas paredes e piso e nem nada em decomposição fedendo a podre. Passamos umas vassouras velhas que encontramos e limpamos pelo menos o lugar onde estamos dormindo, o que já foi o suficiente.

Acordei com o barulho de zumbis grunhindo e arranhando a porta de metal, já é de dia agora e eu não sei se esses bichos chegaram ai agora ou apareceram ainda de madrugada. Não sei quantos são mas estou segura de que eles não tem força o suficiente para arrombar a porta.

As garotas acordaram ainda agora e estão assustadas com o som dos mordedores, na verdade o barulho aumentou bastante nos últimos minutos e estou vendo meu irmão e Rodrigo conversarem, acho que eles vão se aprontar para dar um jeito nisso.

Como eu pensei é isso que eles vão fazer. Acabei de falar com meu irmão e ele vai resolver isso com Rodrigo, eles não decidiram ainda se vão matar os zumbis ou apenas atraí-los pra longe. Se forem muitos é arriscado tentar matá-los corpo a corpo, não vamos usar as armas de fogo porque precisamos poupar munição e o barulho dos disparos atrairia mais zumbis.

Eu poderia usar o arco para abatê-los porém meu irmão quer fazer isso sem mim, ele disse que é perigoso enfrentar os zumbis estando machucada porque eu não poderia correr caso algo desse errado mas na verdade acho que ele está com medo de perder a posição número um de matador de zumbis pra campeã de tiro ao alvo aqui.

Droga. Droga. Droga. As coisas saíram do controle e deu tudo errado.

Meu irmão e Rodrigo foram pela lateral do depósito e saíram pela garagem que tinha a entrada voltada pra rua à esquerda, já que o depósito fica numa esquina, enquanto a rua a frente era onde estava a entrada principal que estava repleta de zumbis.

Os nossos carros estavam na frente do depósito bem no meio dos mordedores, pois como já era noite quando chegamos aqui não nos demos conta da existência desse acesso lateral à garagem, então o plano era que os dois seguissem a pé e atraíssem os zumbis para longe dali.

As coisas até aí estavam indo bem, rapidamente o barulho dos zumbis foi diminuindo e isso significava que o plano seguia como esperado mas algum tempo depois quando o barulho dos mordedores já estava quase desaparecendo no ar nós ouvimos um som vindo da garagem.

Ficamos em duvida do que seria. Não deveria ser meu irmão ou Rodrigo já que os dois tinham que levar os zumbis para bem longe e não teria tempo de ter feito isso tão rápido. Leonardo atentou para a possibilidade de ser um mordedor e as garotas se apavoraram ao ouvir isso, Dayse tentou acalmá-las e eu instintivamente peguei uma pistola na bolsa e fui até lá.

Segui com cuidado e pedi para que todos ficassem onde estavam até que eu voltasse. Assim que entrei na garagem vi um garoto correndo em direção a saída, ele era novo aparentava ter cerca de 14 anos mas eu não hesitei em apontar-lhe a arma e pedir para que parasse antes que eu lhe acertasse um tiro.

Ele parou e eu me aproximei devagar, pedi para que ele se virasse para mim e vi quando ele tentou esconder alguma coisa na calça tentando disfarçar cobrindo com a camisa. Em seguida ele levantou as mãos antes mesmo que eu ordenasse, inclinou a cabeça um pouco pro lado e apontou com o dedo como se avisasse que havia algo atrás de mim.

Imediatamente depois eu ouvi o ranger dos dentes de um mordedor e acredite em mim é um barulho inconfundível. Desviei minha atenção do garoto e me virei o mais rápido que pude para me defender do mordedor e assim que virei o rosto senti uma pontada bem abaixo da têmpora.

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