18/11/2018

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Estamos dirigindo a mais de sete horas sem parar, é de longe a maior viagem continua que fizemos desde que saímos de João Pessoa e isso começa a pesar. Revezei a direção com meu pai, mas acabamos de parar porque o motor do eco Sport está muito quente.

Está um breu total e só eu, meu pai, Wendell, Igor e Edinho saímos do carro para conferir se está tudo bem com os veículos. Ligamos os faróis e as lanternas para garantir que não seriamos pegos de surpresa por nenhum bando de zumbis e apenas alguns apareceram em meio à escuridão, voltamos rapidamente pros carros iremos descansar um pouco agora.

Meu relógio marca 01h30m e vamos partir agora mesmo, já deu tempo para descansarmos e ainda tem muito chão pela frente, não podemos dar o luxo de perder uma noite inteira dormindo, não sabemos até quando aquele navio ainda estará lá.

São 06h da manhã e paramos novamente para poupar os carros. Estamos no meio do nada, não há placas, nem sinais de alguma cidade, mas estamos no caminho certo.

A gasolina está perto de acabar, não sei até onde iremos chegar com isso, precisamos encontrar logo um posto ou alguns carros com combustível, não chegaremos muito longe com o que temos no tanque.

Continuamos por mais alguns quilômetros e encontramos uma cidade. Estamos no interior da Bahia pelo jeito. Paramos o comboio num posto e roubamos todo o combustível, mas não foi muito. Precisamos procurar mais dentro da cidade.

Separamos um grupo pra entrar na cidade, eu, Edinho, meu pai, Wendell e Igor. Pegamos as armas e o resto que sobrou da munição o que não foi muito. Três cartuchos da 762, alguns das pistolas e pouco mais de 30 cápsulas da calibre 12

São 10h20m e encontramos mais combustível na cidade, não foi muita coisa mais com o que temos podemos dirigir por mais dois dias talvez. A cidade estava como todas as outras e eu aproveitei para levar o arco da Izabel e treinar mais um pouco com ele. Ainda não sou um perito, mas melhorei bastante minha mira.

Falando em Izabel pedi para que ele viesse comigo no carro, mas ela não aceitou. Disse que queria ficar perto de Igor e que o irmão precisa muito dela por enquanto. Eu acho que ela não está mais brava comigo, pelo menos não como estava antes.

Continuamos nossa viagem e seguimos por mais alguns quilômetros e a esperança novamente volta a se tornar desespero e abatimento, nossos suprimentos estão escassos e passamos a maior parte do dia enfurnados dentro dos carros. Só encontramos mais destruição e paisagens apocalípticas por onde passamos nada parece estar vivo, as pessoas começam a perder a esperança de que o navio esteja realmente esperando por nós.

E até eu que era um dos mais otimistas com essa possibilidade não sei se iremos chegar até o nosso destino.

Droga houve uma confusão com o pessoal que estava no ônibus hoje. Parece que as pessoas começaram a criticar essa ideia da viagem e o Wendell perdeu a cabeça. Ele bateu boca com o André e os dois trocaram socos, o Wendell deu uma surra no cara e quis expulsar ele do grupo.

Os ânimos estão exaltados e Igor e meu pai estão tentando convencê-lo a não expulsar o André.

É parece que o Wendell perdeu a cabeça mesmo e não quer o André dentro daquele ônibus nunca mais e ele veio pro meu carro.

Espero que esse cara não arrume confusão aqui também, mas pelo estrago que o Wendell fez na cara dele, acho que ele vai ficar bem quietinho daqui pra frente.


Diário de Um SobreviventeWhere stories live. Discover now