07/12/2018(Continuação)

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Decidimos deixar o carro em frente ao prédio mesmo e seguir a pé, pois não queríamos arriscar sermos vistos. Caminhamos pela rua atrás da casa para entrarmos pelos fundos. A principio eu queria entrar só e apenas deixar que os outros acompanhassem depois que eu certificasse que não havia perigo mas eu mal consegui dizer isso e já fui interrompido por Edinho que se ofereceu a ir, seguido de Barbara e Natalia que também não aceitavam a minha idéia inicial.

Pensei em usar o terreno baldio ao lado da casa para entrar pela lateral, mas acabei voltando atrás e todos nós entramos pelo fundo. Eu pulei o muro primeiro, seguido de Barbara, depois Natalia e por ultimo Edinho. Não ouvimos ou vimos nenhuma movimentação na casa, mesmo após algum tempo esperando no quintal.

Já que pelo jeito o local estava vazio decidimos não perder mais tempo. Edinho forçou a porta dos fundos, que dava acesso a cozinha, e entramos. O local estava bem limpo até, mas, além disso, nenhum sinal de habitantes até o momento.

Continuamos nas pontas dos pés até vasculharmos todos os cômodos e ter certeza que realmente estávamos sozinhos ali. No primeiro momento não vimos nenhum sinal da nossa família, mas com certeza alguém morava ali ou ao menos passou por aquela casa há não muito tempo.

Nos reunimos na sala e depois nos dividimos para procurar melhor, qualquer coisa, qualquer sinal que pudesse levar a descobrir se de fato nossa família não esteve ali. Pertences pessoais, bolsas, armas, o arco de Izabel, qualquer coisa que pudéssemos reconhecer seria o bastante para sabermos que enfim estávamos próximos.

Subi para o primeiro andar junto com Edinho enquanto as garotas vasculharam o andar de baixo. Após não encontrar nenhum pertencesse que eu reconhecesse nos dois quartos que procurei decidi voltar pro hall próximo a escada e fui abordado por Barbara.

- Tem comida aqui.

- Ótimo. Pelo jeito não é quem procuramos que está por aqui, então podemos logo pegar essas coisas e irmos embora.

- Não Jotah, não estou falando de suprimentos. Tem comida pronta no fogão.

- O que?

- Quem quer que seja que esteja morando aqui, não está muito longe.

- E pela quantidade de comida é mais de uma pessoa. – Natalia, que chegou um pouco depois, concluiu.

- Gente. – Edinho disse do fim do corredor atrás de nós, chamando nossa atenção. – Temos que dar o fora daqui. – Ele disse balançando um pequeno pacote plástico com um pó branco dentro.

- Não é a família de vocês que está morando aqui. – Natalia disse enquanto Edinho se aproximava.

- Eu sei. – Edinho falou quando já estava tão próximo de mim quanto as garotas.

- O que é isso? - Perguntei apontando pro pacote que Edinho tinha nas mãos.

- Cocaína. – Edinho jogou o pacote nos meus braços. – Não sei quem mora aqui, mas eu tenho certeza que não é alguém bom.

- Não é só um alguém. Natalia acha que é um grupo. – Barbara respondeu.

- Vamos pegar o carro, os suprimentos e qualquer tralha que der e vamos dar o fora. – Falei voltando pro quarto de onde vim.

- Devíamos ir embora agora, Jotah. – Barbara alertou.

- Vamos pegar as coisas e ir, dá tempo. – Respondi sem prolongar.

Todos se separaram e passaram a pegar tudo que podiam. Natalia e Barbara voltaram pra cozinha para encher as bolsas com o máximo de comida que desse, Edinho foi para a sala e eu voltei pra o quarto onde consegui roupas, lençóis de cama e na ultima gaveta que vasculhei no criado encontrei uma arma, um revolver calibre 38.

Sair do quarto com as roupas já dentro da bolsa e colocando o revolver na cintura ao lado da pistola que pegamos no zumbi do shopping. Assim que pus os pés no corredor Barbara apareceu.

- Temos que ir. Rápido!

Ouvi um barulho vindo da rua logo após Barbara concluir a frase, era o barulho de um carro.

- São eles?

- A gente tem que ir, agora! Natalia e Edinho já estão no quintal.

- E o carro? Precisamos pegá-lo.

- Não há mais tempo, Jotah. VAMOS EMBORA!

Eu sabia que não dava tempo de pegar o carro, a verdade é que eu estava enrolando Barbara pois queria ver quem chegaria ali. Em parte eu ainda tinha o mínimo de esperança em ver Igor, Rodrigo ou Izabel descendo daquele carro, mesmo que fosse como reféns.

Corri pelo corredor sem dizer nada e fui até o quarto que dava vista pela janela para a rua da frente da casa, por onde o carro chegara. Observei com cuidado pela janela certificando-se que ninguém que aparecesse lá embaixo conseguisse me ver. Barbara me puxava insistentemente pelo braço e gritava no meu ouvido mas eu nem sequer a ouvia, eu sabia o quão perigoso era continuar ali, mas eu não conseguiria viver sem a certeza de que não eram eles.

O primeiro homem desceu do carro pela porta da frente do lado do passageiro para abrir o portão. Assim que a porta foi aberta a luz interna do carro se acendeu e eu pude ver o rosto de todos os ocupantes, nenhum deles era quem eu esperava.

Como eu fui burro ao ponto de arriscar minha vida e a de Barbara por nada? Droga!

Quando voltei a mim consegui notar o quão Barbara estava desesperada para ir embora, mas mesmo assim não me largou. Ele ainda me puxava belo braço quando respondi: - Vamos embora.

Saímos do quarto e corremos pro corredor, e seguiríamos pela escada até chegarmos à sala e depois pela porta dos fundos como Edinho e Natalia. Faríamos isso se quando chegamos em frente a escada a porta não tivesse sido aberta, mas ela se abriu.

Não poderíamos descer pelas escadas senão seriamos visto então continuamos pelo corredor até chegar ao quarto que dava vista para os fundos da casa. Entramos correndo e torcendo para que o barulho dos nossos pés no piso não fosse alto o suficiente para chamar a atenção dos homens.

Ao entrar no quarto vimos a janela que se direcionava para os fundos da casa e aquela era a nossa única saída. As únicas opções eram pular pela janela ou sermos pegos.

Fui à frente e abri a janela enquanto Barbara trancava a porta do quarto. Joguei nossas bolsas pro quintal da casa onde Edinho e Natalia ainda nos esperavam. Olhei pra Barbara por cima do ombro e me joguei da janela, rolando pelo telhado da pequena área de serviço atrás da casa e caindo no chão em seguida.

Barbara veio logo atrás descendo com mais cuidado. Ela se arrastou pelo telhado mais lentamente e se sentou na beirada, onde eu a peguei depois que ela enfim pulou.

Tínhamos pouquíssimo tempo para sair de lá antes que os homens descobrissem que alguém tinha invadido a casa e viessem atrás de nós. Pensamos em pular o muro de volta para a rua de trás mas seriamos facilmente vistos caso algum deles olhassem pela janela por onde eu e Barbara saímos.

Edinho então deu a idéia de pularmos o muro lateral, que dava para o terreno baldio do outro lado, e assim fizemos. Primeiro jogamos as bolsas e em seguida ajudamos Natalia a pular, depois Barbara, em seguida Edinho, e eu fui por ultimo. O terreno era grande e estava repleto de um matagal alto e denso o bastante para nos camuflar.

Nos escondemos nele e dali dava pra escutar o praguejo e gritos dos homens que estavam transtornados ao perceberem que tinham sido saqueados. Permanecemos escondidos até ouvir os dois carros arrancarem com tudo pela rua da frente, um em cada direção. E quando estavam longe o bastante para não conseguirmos mais ouvir, nós saímos.

Aproveitamos o cair da noite para nos manter camuflados e nos esgueiramos com cuidado pelas ruas até alcançar o prédio onde havíamos deixado o carro. Dali, partimos antes que os homens conseguissem nos ver. Barbara estava ao volante e manteve os faróis apagados até termos certeza que já estávamos fora do alcance deles e voltamos à estrada seguindo nosso rumo ao interior.

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