01/01/2019(Continuação)

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- E o que vamos fazer lá? – Nós já caminhávamos em direção a cidade enquanto conversávamos.

- Eu quero ver algumas coisas, além de mais um dos meus abrigos que quero visitar.

- Nem imagino o que vai ser dessa vez.

- Se você acertar te dou direito a mais uma pergunta.

- Uma lixeira?

- Não passou nem perto.

Seguimos caminho até a cidade embaixo do sol quente próximo às duas da tarde. Minha cabeça começa a latejar a essa altura mas eu não quero simplesmente me render e demonstrar que ainda estou fraco. O incomodo foi aumentando enquanto avançávamos ao ponto de se manter insuportável e eu me pus de joelhos no chão.

Frank caminhava a minha frente e parou ao ouvir o barulho que a bolsa fez quando eu a larguei no solo.

- Ei Ei garoto, tudo bem? – Frank disse voltando e me segurando pelo ombro. – Vem eu te ajudo a levantar.

- Eu to bem... É só que andamos um bocado hoje, só isso.

- Devia ter avisado quando se cansasse e nós pararíamos um pouco, mas já estamos quase chegando.

- Eu consigo andar, acho que foi só uma queda de pressão.

- Eu sei que você pode, mas não vou arriscar de encararmos um bando de cabeças-ocas com você assim.

- E vamos dar meia volta então?

- Não. Ta vendo aquele carro ali. – Frank disse apontando mais a frente. – Você vai ficar lá e eu já volto.

- Nem pensar. – Falei enquanto continuávamos a caminhar até a cidade com eu me apoiando no ombro de Frank.

Mais alguns passos à frente e alcançamos o carro abandonado ao lado da rodovia. O carro estava vazio e bem sujo, os vidros quebrados deixaram com que toda a poeira e sujeira da rua entrassem no interior dele por todo esse tempo e o estofado fedia a mofo e sangue velho.

- Eu não vou ficar aqui.

- Não vai ser por muito tempo, é só o tempo de eu voltar com um transporte pra nós.

- Você não vai conseguir um carro em bom estado por aí nem se eu te desse todo tempo do mundo. – Falei em tom de deboche.

- Você não sabe com quem está falando, garoto. Fique aí e eu volto logo.

Eu não tinha nenhuma fé de que Frank iria conseguir achar um carro que prestasse por aí. Eu e Barbara procuramos por dias e não encontramos nada e passamos por muitos lugares pra isso, ele não conseguiria isso apenas dando uma volta na cidade. Mas pra minha surpresa não mais que vinte minutos depois de sua saída vejo um carro vindo da direção da cidade.

O carro parou ao lado do que eu estava e Frank veio até mim para me ajudar a pegar as bolsas e irmos embora dali. Seguimos o caminho em silêncio mas eu via o sorriso sarcástico de Frank por ter quebrado minha cara em relação ao carro. Eu sei que ele quer me ouvir perguntar sobre como ele conseguiu, mas não vou fazer isso.

Seguimos por alguns minutos de carro rodando pela cidade e eu tentei prestar o máximo de atenção o possível por onde passávamos. Frank sempre desviava o caminho quando avistava um grupo maior de mordedores, não sei se simplesmente para evitá-los ou por algum outro motivo. Mas no final das contas acabamos por chegar numa zona meio industrial e terminamos por parar de frente a um galpão.

Frank desceu do carro e abriu o portão para que entrássemos. O lugar era grande e tinha algumas coisas dentro. De cara avistei mais quatro carros e duas motos que pareciam estar em bom estado. Vi alguns paletes de madeiras, uns com caixas de papelão empilhadas sobre eles e outros com fardos de alguma coisa enrolados em plástico.

- É um grande upgrade de uma barraca pra um galpão. – Falei antes de descer do carro.

- É apenas um pouco maior que a lixeira do seu palpite.

Assim que desci do carro vi que realmente o lugar abrigava bastante coisa, mas antes que pudesse analisar tudo fui chamado por Frank para ir até uma sala reservada no fundo do galpão.

Dentro dela havia um colchão no chão, por atrás de uma pequena mesa de escritório. Além de um armário daqueles pequenos de metal, uma poltrona e mais alguns objetos típicos de uma sala administrativa.

- Descanse aqui enquanto eu fecho e reviso tudo lá no galpão.

- Como você conseguiu todas essas coisas?

- Descanse e falaremos sobre isso quando você estiver melhor. – Antes de sair Frank deixou alguma coisa sobre a mesa. – Aqui tem uns saches repositores de energia, tome um deles quando acordar.

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