Afasto-me alguns bons metros do lugar onde parei com Barbara e caminho pela mata tentando entender o que se passa comigo. É tão difícil lidar com todos esses problemas sozinhos... Pai, mãe, Edinho, Igor, Rodrigo, Alessandra, Castilho, Izabel... Queria tanto ter todo vocês aqui comigo.

Depois de mais algum tempo de caminhada ouço um barulho entre as arvores, tirei uma flecha do estojo e pus em posição no arco. Junto comigo só tinha isto e mais uma faca média na bainha em minha cintura, a pistola eu venho deixando com Barbara desde que viemos para a mata.

Não sabia quem ou o que tinha feito o barulho, mas por não ter ouvido nenhum grunhido presumi que não fosse um zumbi, e isso foi o que me deixou ainda mais nervoso. Fiquei parado com o arco em posição e ouvi novamente um barulho nos galhos a minha direita, me virei erguendo o arco e pra minha surpresa não era nada do que eu esperava, nem nada tão assustador ou perigoso assim.

O causador do barulho e consequentemente de toda minha tensão era apenas um bicho preguiça que subia em uma arvore próxima. Ele estava sob a minha mira e para não desperdiçar um disparo e também testar minhas habilidades de caçador decidi abatê-lo.

Uma única flecha e o bicho foi ao chão inerte. Não acho que seja algo a se orgulhar, mas ao menos consegui comida para a noite e dei uma lição no engraçadinho que me assustou.

Já havia tempo de caminhada e como agora teria que carregar esse bicho junto comigo pra onde eu fosse, decidi dar um fim naquilo e voltar ao lugar onde me separei de Barbara. Caminhei de volta por alguns minutos, mais uma vez me afastei mais do que imaginara só que quando cheguei perto de onde havia partido inicialmente notei uma movimentação estranha.

Ouvi sons de pegadas e de coisas caindo no chão, aquilo era estranho de mais então segui aumentando o ritmo dos meus passos. A cada metro que avançava ouvia os sons mais nitidamente e comecei também a ouvir resmungos e risadas, vozes e eram de mais de uma pessoa.

A vegetação era mais espaçada próximo de onde Barbara havia ficado e quanto mais eu me aproximava pude ver relances do que acontecia, havia homens em volta dela. As arvores ainda atrapalhavam a minha visão e de onde estava pude ver três deles.

Assim que assimilei o que estava acontecendo larguei a preguiça no chão e disparei numa corrida na direção de onde os homens e Barbara estavam mas no meio do caminho algo surgiu de trás de uma das arvores.

Uma mão se estendeu e se chocou contra o meu peito me levando ao solo. Cai com as costas no chão e antes que pudesse fazer qualquer coisa senti um joelho sobre meu ombro, o que imobilizou meu braço, e outra mão tampou completamente a minha boca.

- Sh sh sh sh. Não se mexa. – Sussurrou o homem que havia me jogado e me imobilizado no chão.

Não dei ouvido à suas ordens e tentei de todas as formas me desvencilhar, mas o homem era habilidoso e bem treinado. Ele tirou o joelho de cima do meu ombro e aproveitou o momento em que virei para tentar levantar e se pôs em minhas costas me imobilizando com uma chave de pescoço.

Sua mão direita continuava tampando a minha boca, o que me impedia de falar qualquer coisa e a esse ponto dificultava até minha respiração. Rolamos no chão e eu tentei a todo custo me virar para o lado onde Barbara estava.

Consegui ver três homens em pé a circundando, enquanto um a segurava no solo e outro vasculhava nossas mochilas. Eles conversavam e davam risadas enquanto o outro desgraçado me esganava em meio ao mato, longe de suas vistas.

- Fica quieto, moleque. Para de se mexer. – O homem sobre minhas costas continuava a sussurrar, como se não quisesse que os outros ouvissem.

Eu tentei de todas as formas tirar aquele maldito de cima de mim. Arqueava minhas costas para tentar rolar sobre o ombro, mas o desgraçado era muito forte. Eu não parava de mexer um segundo mas por mais força que eu usasse nada fazia efeito.

A chave de pescoço ficava cada vez mais incomoda e eu passei a tatear o solo desesperadamente em busca de algo que pudesse me auxiliar mas não consegui alcançar nada útil, até que lembrei da faca que trazia na cintura. Levei o braço direito a lateral do meu corpo e com dificuldades conseguir alcançar a bainha.

Aproveitei que as mãos do desgraçado estavam ocupadas tentando me enforcar e saquei a lâmina o mais depressa possível e a empunhei pronto para esfaquear qualquer parte do corpo do infeliz que eu conseguisse alcançar, mas não fui tão rápido.

O filho da mãe viu o que eu tentava fazer e tirou o braço do meu pescoço e agarrou minha mão com força enquanto usou sua mão, que tampava minha boca, para empurrar meu rosto com força contra o chão. Ele torceu meu pulso fazendo com que eu largasse a faca e soltasse um urro de dor que foi totalmente abafado contra a terra que já entrava na minha boca.

Ainda assim não desisti e continuei me debatendo tentando me soltar a qualquer custo. Já começava a me sufocar com toda a terra que entrava na minha boca e nariz quando senti a pegada na minha nuca afrouxar, nesse mesmo instante levantei minha cabeça à procura de ar e um segundo depois senti uma pancada forte na cabeça e minha vista escureceu de vez.

Ainda não havia perdido completamente os sentidos e pude ouvir as ultimas palavras do desgraçado.

- Se ela morrer a culpa é sua.

Diário de Um SobreviventeTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang