Capítulo 40: um herói - Parte 2 de 2

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Um dia veio até ele um homem do qual Nícolas mantinha uma vaga lembrança. Parecia-lhe familiar. Disseram-lhe que ele o salvara, mas Nícolas não se recordava disso.

– Garoto, você está bem? – ele perguntou.

– Sim – respondeu, não sabendo o que mais dizer.

– Sabe... – o homem se sentou na cama. – As coisas nunca mais serão as mesmas para você. – Nícolas assentiu. Percebera isso quando vira os colegas. – Mas nós dois sabemos a verdade, garoto. Você é o herói. Você.

– Mas...

– Lembre-se sempre disso, garoto. Todo o resto que aconteceu você tente esquecer, mas não se esqueça disto: você é um herói. Lembre-se disso, garoto.

O homem se levantou, encaminhando-se para a porta do quarto.

– Obrigado, senhor. – Nícolas disse por fim e Fontes saiu pela porta, deixando-o sozinho novamente.

Não tardaria seu pai ou sua mãe apareceriam no quarto levando-lhe seus brinquedos e amigos para tentar agradá-lo e animá-lo, mas na solidão, no apagar das luzes, ele refletia; lembrava-se de ter atirado contra o desgraçado que o sequestrara; de ter lhe furado o olho com o canivete. E um sentimento confuso o atacava, ocasionando um frio na barriga.

Recordava-se desses momentos não com medo, e sim com excitação... com gosto.

Então papai e mamãe chegaram e ele teve que sorrir, voltando a ser o dócil e amável Nícolas.

Um herói...

Um Perverso Tom de VinhoWhere stories live. Discover now