Capítulo 35: se você fechar a porta, a noite dura para sempre - Parte 2 de 2

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Recompondo-se, o detetive entrou. As crianças, após se encolherem, viram que não era o monstro que viera pegá-las. Havia resquícios de salvação no rosto do homem; elas, então, desabaram a chorar. Seus olhos molhados eram a encarnação do milagre e José Fontes se tornava a personificação desta palavra.

Está tudo bem... – disse alto, em meio ao choro, aproximando-se da primeira criança, chocado por ver as cordas marcarem sua perna. – Está tudo bem...

Fonte puxou a corda da argola que a prendia na parede. A corda arrebentou – talvez fosse sua própria precariedade, ou talvez uma sobreforça adquirida por ele em meio à raiva, ao asco e à tristeza.

Um a um foram carregados e deixados lado a lado, próximos ao pequeno herói.

E, para os pequenos, houve luz outra vez; renascia em seus jovens corações a esperança. A visão do grande homem – e era um homem mesmo, podiam ver, mas não conseguiam acreditar – trazia-lhes a certeza de que, pelo menos por hora, estavam a salvo.

Talvez fosse verdade, mas esta, como sabemos, é uma guerra que jamais terá fim. 

Um Perverso Tom de VinhoWhere stories live. Discover now