26/11/2018(Continuação)

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O prédio possui 13 andares e eu sei que demoraria pra que eles conseguissem alcançar o térreo, ainda mais com Edinho ferido na perna mas eu não pude me conter e buzinei mais algumas vezes para apressá-los.

- Jotah para com isso! – Barbara gritou ao meu lado tirando minha mão de cima do volante. – Não denuncie ainda mais nossa posição.

Eu sabia que ela estava certa mas odeio a forma autoritária que ela fala comigo, tive um pouco de raiva dela no momento e deixei este sentimento transparecer pela minha expressão e ela não deu a mínima, apenas desviou os olhos e ficou repetindo " vamos vamos vamos" quase que mentalmente como se isso fosse apressar a descida de Edinho e Natalia.

Eu estava preocupado, inquieto e alternando minha atenção entre os retrovisores e a parte da frente do carro, esperando que a qualquer momento fossemos surpreendidos e encurralados pelos homens ou pela horda de zumbis que afastamos daqui. E quando já havia me esquecido eu esperávamos Edinho e Natalia eles apareceram pela saída principal do edifício.

Aproximei o carro ainda mais do prédio, subindo com parte dele em cima da calçada, e Edinho e Natalia entraram pela porta traseira. Antes que Natalia conseguisse fechar a porta do carro eu arranquei com tudo novamente derrubando uma placa de sinalização a nossa frente e descendo de vez da calçada causando um solavanco que nos chacoalhou dentro da cabine.

- Onde você comprou sua carteira? – Barbara disse com certo tom de desaprovação.

- Ele não tem. – Edinho respondeu irônico.

Eu sorri pra ela que deixou escapar um leve sorriso de canto de boca, acompanhado por uma risada um pouco mais sonora de Natalia. Aquilo serviu para quebrar o clima de tensão mas ainda não estávamos livres da ameaça.

- Como você conseguiu esse carro? – Edinho perguntou.

- Nós roubamos deles. – Respondi desviando a atenção da estrada por um segundo.

- Ele roubou. – Barbara que usou de ironia desta vez.

- Você quem pegou as chaves. – Rebati.

Assim que voltei meus olhos pra pista fiz uma curva a esquerda e antes de entrar completamente na rua me deparei com o segundo carro dos homens que nos perseguiam, o carro estava indo na mesma direção que nós, mas não demoraram em nos notar pelo retrovisor. Eu então Girei abruptamente o volante, o que fez o carro cantar pneus e se virar em direção à rua à direita. Por fazer a manobra literalmente no meio da rua o carro teve pouco espaço para fazer a volta e acabou subindo com duas rodas na calçada e por pouco não acertou um poste.

Afundei o pé no acelerador e o motor roncou alto pelo esforço produzido. Edinho mandou todos se abaixarem prevendo a rajada de tiros que estava por vir e não demorou muito a acontecer. Alguns tiros acertaram a lataria e os vidros do carro e isso só serviu para eu acelerar ainda mais exigindo o máximo que podia do motor.

Peguei a próxima rua à esquerda entrando a toda velocidade pela esquina e então subitamente comecei a buzinar ininterruptamente.

- O que você tá fazendo?! – Barbara gritou. – Para com isso. – Disse tentando tirar minha mão da buzina.

- Para! – Empurrei suas mãos e continuei a buzinar enquanto seguia pela rua.

- Por que você ta fazendo isso, jotah? – Edinho que falou desta vez.

- Os zumbis que eu e ela atraímos estão naquele beco. – Disse apontando mais a frente. – Eles vão travar a rua pra nós.

- Boa garoto! – Edinho falou dando leves toques no meu ombro direito.

- Boa. – Barbara disse balançando positivamente a cabeça.

Continuei buzinando atraindo o máximo de zumbis possível e aos poucos eles começaram a voltar do beco e alcançar a rua. Passamos antes que eles tomassem por completo a passagem e com a demora que os homens tiveram em manobrar o carro na ultima rua, quando chegarem aqui acho difícil que consigam passar.

Estávamos próximos do fim da rua quando o carro deles alcançou a entrada e ao contrário do que pensei, eles não se intimidaram com a quantidade de zumbis e avançaram mesmo assim. Eles confiaram no tamanho do carro para conseguir ultrapassar a horda mas tiveram dificuldade e sua velocidade logo reduziu.

Edinho não perdeu tempo e aproveitou a oportunidade para disparar contra eles pela janela traseira da cabine. Antes que os homens voltassem a atirar contra nós eu retomei o ritmo que vinha pregando e aos poucos fomos vendo o carro deles se apequenar até sumir do nosso retrovisor.

Peguei algumas ruas paralelas após isso e fiz um caminho bastante improvável até ter confiança de que eles não conseguiriam mais encontrar nosso rastro. Continuei dirigindo até avistar um pequeno prédio de primeiro andar, que tinha as portas de baixo feitas em ferro, característica comum em lojas comerciais e no andar de cima uma pequena sacada com peitoril gradeado.

É o local perfeito para passarmos a noite.

Diário de Um SobreviventeWhere stories live. Discover now