24/11/2018(Continuação)

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- Fica parado, Jotah! – Barbara falou. – Nem mais um passo senão eu atiro em você.

Paralisei ao ouvir aquilo e olhei na direção de Barbara, mas logo desviei o olhar para Adônis e perguntei:

- Quais eram os carros?

- O quê? Seu moleque você acha que está na posição de fazer perguntas? Acha que pode me enganar? Eu sei o que você está fazendo!

- Quais eram os carros?! – Repeti num tom mais forte. – Quais eram os carros?! Quais?! – Passei a repetir desesperadamente e dei um passo involuntário na direção de Adônis e Barbara.

- JOTAH PARA! – Barbara gritou.

- Uma Hilux prata e uma Blazer preta! – Clayton gritou da porta da sala

- Não são eles. – Falei dando alguns passos para trás e me virando de costas.

Ter a esperança de que minha família tivesse voltado e logo depois ver a mesma esperança morrer assim, tão rápida quanto surgiu, me arrancou da realidade e entorpeceu meus sentimentos. Por um momento eu não senti mais nada, nem raiva, nem dor, medo ou qualquer coisa que fosse. Me senti seco naquele momento, como se tivessem arrancado parte de mim.

- Não são eles. – Repeti num tom triste.

- Mentira! Você viu que foi desmascarado e quer nos enganar! – Adônis continuava a vociferar sem me dar ouvidos.

Barbara permanecia calada enquanto Adônis continuava inflexível então me foquei a explicar a ela e falei olhando em seus olhos com toda a sinceridade do meu ser:

- Não são eles. Você sabe que eu não mentiria sobre isso. Acredite em mim. – Supliquei.

Ao sentir a sinceridade das minhas palavras Barbara esmoreceu e num movimento sutil passou a baixar lentamente a arma, me tirando de sua mira, mas Adônis não deixou barato. Ao ver que Barbara parecia ter cedido as minhas palavras ele desferiu um golpe violento com a coronha que acertou em cheio o rosto dela.

O golpe foi tão inesperado que ela sequer pôde reagir e tão forte que a fez cair para trás semi-inconsciente. Ao ver aquilo eu não hesitei por um milésimo de segundo sequer e partir como um touro para cima de Adônis acertando primeiro seu plexo com o ombro jogando-o contra a parede.

Assim que ele me viu indo em sua direção tentou mirar a arma contra mim mas meu movimento foi tão rápido que ele só conseguiu disparar depois que eu já havia o empurrado contra a parede. Dois disparos foram efetuados por ele e eu nem ao menos vi onde os tiros acertaram, mas por sorte não foram em mim, então prossegui o embate.

Com Adônis já posto contra a parede eu agarrei sua mão e a bati repetidas vezes contra o móvel ao nosso lado para que largasse a arma, mas ele foi mais rápido me acertando com um soco na nuca e uma joelhada na barriga. Em seguida me empurrou e tentou mais uma vez apontar a arma para mim, porém ele ainda não havia se desvencilhado da minha pegada em seu braço e eu pude desviar a arma pro outro lado antes que mais dois tiros fossem disparados.

Após os dois disparos ele movimentou abruptamente o braço conseguindo desvencilhar da minha pegada e me empurrou com as duas mãos tentando me afastar para poder me por na mira mas eu o agarrei pela camisa e o puxei junto a mim enquanto me desequilibrava caminhando para trás por conta do empurrão.

Girei meu corpo pro lado direito e empurrei Adônis contra a estante da sala enquanto caímos no chão. Levantei- me mais rápido que ele e me joguei sobre suas costas tentando mantê-lo no chão enquanto buscava alcançar a arma em sua mão, mas ele conseguiu apoio pra se erguer e teve força suficiente para levantar-se mesmo comigo em suas costas.

Ele girou o corpo e me deixou de costas pra estante em que havíamos batido e num movimento brusco se jogou para trás fazendo com que minhas costas acertassem em cheio as quinas de madeira da estante. Soltei um urro de dor mas não larguei a pegada em suas costas e tentei com um dos braços fechar um mata leão em seu pescoço.

Adônis desesperadamente ergueu as duas mãos tentando evitar o golpe e eu fui rápido ao dar o bote na arma com minha outra mão que estava livre. Consegui encostar na arma mas vi que não teria chances de tirá-la da mão dele então pus o dedo entre o gatilho e o puxei repetidamente disparando mais três vezes a esmo.

Adônis não ficou parado e se jogou contra a estante mais uma vez conseguindo afrouxar minha pegada em seu pescoço e afastando também meu dedo do gatilho. E assim que notou que eu havia sentido o golpe ele se inclinou rapidamente pra frente me fazendo deslizar por cima do seu corpo e cair no chão logo depois.

Rolei de lado assim que acertei o chão e tratei de me levantar o mais depressa o possível, pois Adônis ainda estava armado e comigo naquela posição seria impossível errar. Ele também não titubeou em se recompor e por a arma na minha direção novamente. Eu já estava quase de pé quando olhei em sua direção e vi o cano da arma apontado direto pro meu peito, não tive sequer tempo de reagir antes de ouvir o som do gatilho.

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