Diário de Um Sobrevivente

25/03/2018

Leveidois dias até convencer minha família e a mim mesmo de que aquilo era real. A infecção ainda não havia atingido a minha cidade,emborajá houvesse casos suspeitos em diversas regiões do Brasil

A gota d'água para nos fazer acreditar foi uma ligação que minha mãe fez a nossa prima que trabalhava em um hospital público no Rio de Janeiro, que até onde sei foi o ponto zero dos primeiros casos do país. Segundo ela a cidade estava sitiada e as informações sobre tudo aquilo estavam sendo abafadas pela mídia sob pressão governamental. Talvez eles tivessem esperança em conseguir controlar a situação.

Fomoságeis conseguindo reunir um grupo de 15 pessoasquetambém acreditavamque a situação era bem pior do que tentavam nos fazer acreditar, constituído porfamiliares mais próximos e o meu vizinho com sua esposa e filha. O plano era simples e até agora se mostrou eficaz, sacamos todo o dinheiro disponível na conta de todos, pegamos todos os cartões de créditos e saímos as compras.

Compramos de tudo, vários enlatados e refrigerantes, alimentos não perecíveis e água, muita água. Compramos também muito sal para conservar as carnes, já que era claro que em pouco tempo o abastecimento de energia iria cair. Também lanternas de pequeno e médio porte, rádio comunicadores, muitas pilhas e baterias. Minha mãe se prontificou a buscar remédios no posto de saúde onde ela trabalhava, enquanto eu fui a uma loja de materiais de construção com meu tio e compramos uma grande quantidade de barras e vigas de ferro, maçaricos, caibros e ripas, furadeiras à bateria, pregos, tijolos, cimento, areia, alguns metros de arame farpado e grampos de metal.

Meu pai e meu vizinho encheram os tanques dos dois carros e da moto, compraram também vários galões de gasolina como reserva e litros de álcool. Era o suficiente para nos isolarmos do mundo durante um tempo, até pelo menos saber do que tudo se tratava... Bom continuo depois, ela está pedindo pra eu desligar a lanterna.