Dor e Tristeza - Parte 2

3K 319 9
                                    

- O Henrique – ela tentou se controlar – foi levado para o hospital.

Meu mundo girou.

- O que aconteceu com ele? – perguntou Matt, percebendo meu choque.

- Ele estava dormindo e acordou com uma forte dor na cabeça – respondeu Michele, ainda chorando – de repente seu nariz começou a sangrar muito e levaram ele.

- Vamos nos arrumar e nos encontramos na sala – respondi, saindo de meu devaneio – você não pode dirigir nesse estado.

Fechei a porta do quarto me encostei nela e comecei a chorar de novo. Não sei de onde estava tirando tantas lágrimas. Matt se aproximou de mim e me abraçou.

- Vai ficar tudo bem - disse ele em meu ouvido – eu estou aqui com você.

- Eu sei – respondi com a voz ainda embargada – obrigado

No hospital, encontramos meus pais e conversamos sobre a saúde dele. Os médicos informaram que foi uma crise do tumor, que poderia ser mais frequente com a falta do tratamento. Conversamos com ele sobre o início do mesmo.

Ele nos informou que não seria com ele o tratamento e sim com um outro doutor, que iniciaria o trabalho apenas na segunda-feira, pois o mesmo não fazia plantão aos sábados. Não sei se foi obra de Deus, mas Matt conhecia o doutor e eram muito amigos. Ele ficou de ligar para o doutor assim que amanhecesse, já que Henrique estava fora de perigo.

Passamos o resto da noite ali, em frente ao quarto dele, observando ele entubado pela janela da sala. Não fazia 24 horas que havia saído daquele hospital e lá estava eu novamente.

***

- Ele me informou que era emancipado e não tinha ideia de onde os pais estavam, então falei com ele sobre sua doença – informou o Dr. Gabriel – olha me perdoem por esse erro.

- O senhor não tem por que se desculpar – disse meu pai sincero – mas gostaríamos de conversar com o senhor sobre o tratamento dele e começarmos já.

- Tudo bem, primeiro pode me chamar de você mesmo – disse Dr. Gabriel para meu pai – então como expliquei para ele é um tumor raro e seu tratamento apenas aliviara suas dores e retardara a degeneração.

- Sim estamos ciente disso doutor – interrompeu minha irmã

- Então, sugiro que vocês comecem de imediato ele, no entanto, eu devo informar de que não é barato esse tratamento. Nele são usados remédios especiais, as seções de quimioterapias são maiores, ele precisara de tubos respiratórios para dormir e alguns aparelhos.

- Tudo bem doutor, estamos de acordo – falou minha mãe – vamos começar hoje se possível.

Sabia que seria necessário. Teríamos um tempo a mais com meu irmão. Mas, sabia também que apenas o salário do meu pai não iria ajudar. Eu precisaria ajudar, eu queria ajudar.

***

Meu irmão foi liberado a tarde e fomos para a casa. Era sábado então não tínhamos aulas ou trabalhos. Devido aos medicamentos do tratamento ele estava um pouco mais disposto, então ficamos na sala jogando vídeo-game. Matt havia saído com sua mãe. Minha irmã ajudou minha mãe a preparar a janta.

Henrique acabou adormecendo no sofá novamente. Eu e me pai fomos para a cozinha onde estavam minha mãe e minha irmã. Iria aproveitar que Henrique não estava presente para comunica-los de minha decisão.

- Pai, vi na internet hoje que a empresa do senhor está contratando, sabe dizer se ainda precisam?

- E por que você está perguntando isso?

- Eu decidi trancar minha faculdade – disse com receio, pois sabia que iria escutar um monte.

- De jeito nenhum – interveio minha mãe – você não vai parar de estudar.

- Mãe mais do que tudo agora precisamos de dinheiro para o tratamento, sei que o pai e a Michele ganham bem, mas ainda temos a parcela da casa, dos carros, as contas e meu estagio mal dá para pagar a mensalidade da faculdade, e eu quero ajudar meu irmão.

- Eu sei que você quer ajudar Érick, mas não precisa parar com seus estudos, eu e seu pai daremos um jeito...

- Está na hora de vocês pararem de dar um jeito nas coisas sozinhos – a interrompi – eu já me decidi e segunda-feira vou na faculdade resolver, depois irei ao escritório. Quero ajudar como eu consegui e quero passar mais tempo com ele, mãe.

- Ele tem razão mãe – disse Michele – você sabe que precisaremos do dinheiro.

- Nós somos seus pais, nós devemos nos preocupar com essas coisas e não vocês – argumentou meu pai.

- Não, o senhor está errado, somos uma família e estamos juntos nessa – fui interrompido por barulhos estranhos na sala, todos saíram correndo e lá estava ele no chão...

...convulsionando.

Até a eternidade! (Romance Gay)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora