Amigos - XIV

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Ainda não acreditava que Matt havia falado aquilo. Como ele poderia estar arrependido de ter se apaixonado por mim? No meio desses pensamentos, acabei adormecendo.

Acordei cedo no outro dia, já que teria que ir de ônibus. Estava passando mal de fome, já que não havia jantado ontem.  Fiquei em silêncio por um minuto para ver se escutava algum barulho, silêncio. Levantei peguei minha toalha, uma cueca boxer e fui para o banheiro tomar um banho e fazer minha higiene pessoal.

- Bom dia Érick! Como está? Quase não te vejo mais – disse meu pai vindo me cumprimentar.

Em casa somos muito unidos e cumprimento meus pais com um beijo no rosto e um abraço, diferentes de muitos outros rapazes que cumprimentam com um simples aperto de mão.

- Bom dia pai! Estou bem e o senhor? Está difícil mesmo, nossos horários não estão batendo.

- Nem pude te dar meus parabéns pelo estágio meu filho, desculpe pela ausência.

- Imagina pai, está tudo bem, vou ir tomar meu banho e me arrumar.

- Não está meio cedo não meu rapaz?

- Está sim senhor, mas dormi cedo ontem e tenho que pegar o ônibus.

- Tudo bem então, vá se arrumar.

Fui para o banho, deixei a água quente cair lavando meu corpo e me fazendo pensar nesses últimos acontecimentos. É incrível como os melhores lugares para se pensar é no chuveiro e na cama. Não sei ao certo quanto tempo demorei, mas pelo estado que deixei o banheiro, cheio de vapor, não foi pouco.

Fui para meu quarto, coloquei meu terno, arrumei meu cabelo e desci para a cozinha, da onde já estava vindo um aroma delicioso de café fresco. Chegando na cozinha lá estava minha mãe passando o café, Michele minha irmã, sentada na mesa, fazendo o seu desjejum.

- Bom dia! – disse e fui dar um beijo em minha mãe

- Bom dia meu filho

- Bom dia maninho, tinha espinho na cama hoje? – brincou Michele

- HÁ HÁ HÁ como é engraçada né Mi

- O café está quase pronto amor, senta aí para a gente tomar, daqui a pouco Henrique e seu pai descem e tomamos café juntos pela primeira vez nessa casa.

Minha mãe sempre foi meio carente de família reunida e nesses dias, quase não tem visto todos juntos. Sentei ao lado de Michele, Henrique desceu primeiro e sentou na cadeira da minha frente. Logo o senhor José Carlos, meu pai, desceu e sentou na beira da mesa, com minha mãe ao seu lado.

Conversamos e tomamos nosso café em harmonia, era confortável estar em casa. Mas, uma hora tem que sair da sua zona de conforto e ir trabalhar e nossa hora chegou. Meu pai saiu primeiro de casa, Michele logo atrás com seu carro, mas ela iria levar Henrique para o colégio que ficava perto de seu caminho. Só ficamos eu e minha mãe, olhei para o relógio e fui vi que estava na hora do ônibus também, assim sai de casa e fui para o ponto, mas não fui no ponto da rua minha rua e sim no próximo que ficava a 2 quadras. Não queria que Mattheus me desse carona.

Assim que saio de casa, percebo que Mattheus está na janela de seu quarto me olhando, mas não olhou para ele e sigo meu caminho. Cheguei no ônibus, esperei 5 minutos e ônibus chegou. Entrei nele, me sentei, coloquei meus fones de ouvidos e comecei a checar minhas redes sociais. No meu celular haviam 5 mensagens de Matt, 4 de ontem e 1 de hoje cedo, mais 5 ligações não atendidas.

"Érick, me perdoa, eu me expressei errado, eu quis dizer que preciso de um tempo para um relacionamento, não que eu tenha me arrependido de me apaixonar por você."

"por favor fala comigo!"

"Érick vamos conversar, preciso que me entenda. Eu não quero mais nada com o Guilherme, não vou voltar com ele depois de tudo que me fez. Só preciso de um tempo, não sei  o que fazer e não quero te machucar"

"??"

"Bom dia, posso te levar hoje? "

Não acreditei na última mensagem. Ele acha que eu ia dormir e esquecer o que ele me disse? Respondi suas mensagens.

"Oi, bom dia. Ontem já tinha dormido quando suas mensagens chegaram."

Não demorou muito e veio sua resposta.

"Tudo bem :/ vi que foi de ônibus hoje, bom serviço"

Pensei comigo, se ele o que ele diz é verdade, ele terá que resolver de uma vez por todas com Guilherme para me provar. Enquanto isso, o melhor é não estarmos juntos.

****

Cheguei no escritório e o mesmo já estava aberto, Veronica e Camila já haviam chego. Fui assinar o livro de ponto quando uma voz familiar fala atrás de mim.

- Perdeu a hora hoje Érick? Aconteceu alguma coisa?

- Não Rafa, é que o ônibus atrasou um pouco, desculpe.

- Relaxa, mas ônibus? E Mattheus? Não te trouxe hoje?

- Depois conversamos sobre isso pode ser Rafa?

- Claro, no almoço!

- Ok!

O dia passou rápido demais e nem percebi quando chegou a hora do almoço, só quando Rafa apareceu na porta e me chamou para irmos. Almoçamos na mesma lanchonete do dia anterior e contei sobre o que aconteceu ontem.

De volta para o escritório, voltei para minha sala para concluir meu trabalho daquele dia. Tudo correu tranquilamente, fiz meu serviço e quando chegou ao fim do dia, desliguei meu computador e fechei minha sala.

- Vou te levar hoje, já que está sem carona

- Tudo bem, vou aceitar o convite, se for de ônibus o horário vou chegar em cima do horário para ir na facul – e fomos para seu carro

- Tipo hoje nem amanhã tem aula gato – disse Rafa rindo da minha cara

- Como assim?

- Hoje e amanhã terá um tipo de reunião entre os professores e nos liberaram

- Que maravilha

- Bom um convite meu você aceitou, vamos ver se aceita um segundo. "Partiu" tomar um chopp?

- Por que não? Estou precisando mesmo

Então fomos para um barzinho onde um pessoal se reunia para "happy hour" e tomamos algumas taças de chopp e conversamos. Basicamente ele falou do Guilherme e eu do Mattheus. De fato, Rafa era uma boa companhia para poder sair e conversar.

Já era tarde e já havíamos bebido um pouco. Decidimos ir embora. Ele me levou até a frente de casa e desci do seu carro. Assim que o carro de Rafa sai, vejo Matt na calçada me olhando com uma cara feia.

- Estava com aquele "moleque" até agora?

- Não, eu estava com Rafael até agora. Por que?

- Já disse, tenho ciúmes de ver com ele

- E eu te disse ontem, só me procure quando resolver de vez as coisas com o Guilherme. No momento somos apenas amigos Mattheus, boa noite.

Até a eternidade! (Romance Gay)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora