XXVII - Dor e Tristeza - Parte 1

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Sabe quando abre um buraco em seu chão e você fica sem reação? Foi assim que me senti com a notícia.

Já assisti muitos filmes e li livros sobre pessoas com câncer, mas em todos eles quem tinha era o protagonista. Nenhum deles mostrou a família da pessoa ficando para trás. Depois que o protagonista é levado pelo câncer a história acaba.

Agora eu estava vivendo esse drama. Eu iria ver meu irmão ser tirado de nós por causa desse câncer. Como eu poderia ver isso? Como minha mãe se sentirá, ao enterrar seu próprio filho? Será uma dor imensa, mas não iriamos nos entregar a ela. Não iriamos deixar Henrique ser tirado de nós sem brigar.

Meus olhos estavam cheios de lágrimas. Minha mãe e meu pai estavam abraçados ao meu irmão, aos soluços e Michele estava sentada na escada aos plantos. Me aproximei dela a tomei em meus braços e as lágrimas caíram de meus olhos com facilidade. Só sentia um tremendo buraco em meu peito.

Demorou, mas conseguimos nos acalmar um pouco e conversar melhor com Henrique.

- Vocês estavam preocupados demais com o Érick em coma – explicou para meus pais – então após eu passar mal, os médicos pediram para eu chamar meus pais, mas eu menti a eles – continuou de cabeça baixa – achei que não fosse nada demais então disse que eu era emancipado. Não queria deixar vocês mais preocupados.

- Meu filho, você deveria ter nos ditos, somos pais de vocês, nossa obrigação é nos preocupar com nossos filhos – advertiu meu pai

- Eu sei, mas não queria, me desculpem – respondeu Henrique novamente com os olhos cheio de lágrimas.

- O que diz no seu exame Henrique? – perguntou Michele, com receio e voz de choro

- Os médicos falaram que é um tumor na cabeça, um tipo raro – respirou fundo, tentando segurar o choro – ele degenera o cérebro mais rápido.

- Meu Deus – exclamou minha mãe e começou a chorar novamente abraçando Henrique que também chorava em seus braços.

- Precisamos começar o tratamento amanhã – falei pela primeira vez após o choque – começar as quimioterapias ...

- Para que? – me interrompeu Henrique – o médico me disse que não tem cura ele até me... – e ficou quieto.

- Até o que Henrique? – perguntou meu pai

- Me deu – respirou fundo – um prazo, 2 meses de vida e com o tratamento, talvez 8 ou 9 meses no máximo.

Silencio. Única coisa que dava para ouvir era os soluços de choros reprimidos. Todos ficamos em choque novamente com mais essa notícia. Meu irmão caçula, sendo tirado de mim, de nós por essa doença.

- Não importa – disse minha mãe com a voz ríspida – se o tratamento te proporcionasse apenas mais 1 dia, eu lutaria com todas as minhas forças por mais esse dia – e o abraçou.

- Mãe – chamou Henrique – o tratamento é caro, já andei pesquisando...

- Daremos um jeito – interrompeu meu pai.

Ficamos ali na sala por um tempo, ao redor de Henrique. Minha irmã mandou mensagem para suas amigas e cancelou o programa que havia combinado com elas. Matt chegou em casa e percebeu, pela cara de todos, que havia acontecido alguma coisa, mas não perguntou, o que agradeci, não queria mais chorar na frente do meu irmão. Deveríamos ser fortes, por ele.

Henrique acabou adormecendo no sofá, o peguei no colo, como sempre fiz e o levei para sua cama. Minha mãe fez questão de dormir com ele em sua cama. Fui para meu quarto com Matt e contei toda a história. Em seus braços me senti seguro e desabei em choro. Não me preocupei com o que ele poderia pensar. Eu só precisava do seu abraço.

Não consegui dormi direito. Fiquei acordando de pesadelos a noite toda. Eu não sabia o que fazer para cessarem. Fiquei mal, pois acabava acordando o Matt. Então pouco tempo, ele se tornou parte de mim. Uma parte essencial.

Acordei assustado, com batidas fortes na porta e uma gritaria. Temi pelo pior. Levantei no pulo e corri para a porta, lá estava minha irmã chorando.

- O Henrique – ela tentou se controlar – foi levado para o hospital.

Até a eternidade! (Romance Gay)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora