52- Oclumência

54 4 0
                                    

Harry adentrou o escritório de Snape e encontrou o professor já o esperando. Eles em silêncio tomaram suas posições e se prepararam para praticar a oclumência. Snape e Harry ficaram naquela sala por horas, o professor entrava na mente do aluno com facilidade, e cada vez iam ficando mais irritados pelo fracasso.

— Você não se esforça! — bradou Snape.

— Estou tentando!

— Não o suficiente. — rosnou Snape. — Legilimens.

Protego! — Harry gritou, estendendo a varinha.

Ele começou a cair por uma escuridão fria, rodopiando vertiginosamente e então... Encontrou-se parado no meio do Salão Principal, mas as mesas das quatro Casas haviam desaparecido. Em seu lugar, havia mais de cem mesinhas, todas dispostas da mesma maneira, e a cada uma delas se sentava um estudante, de cabeça baixa, escrevendo em um rolo de pergaminho. O único som era o arranhar das penas e o rumorejar ocasional de alguém ajeitando o pergaminho. Era visivelmente uma cena de exame.

O sol entrava pelas janelas altas e incidia sobre as cabeças inclinadas, refletindo tons castanhos, acobreados e dourados na luz ambiente. Harry olhou atentamente a toda volta. Snape devia estar por ali em algum lugar... era a lembrança dele...

E lá estava ele, a uma mesa bem atrás de Harry. O garoto se admirou. Snape adolescente tinha um ar pálido e estiolado, como uma planta mantida no escuro. Seus cabelos eram moles e oleosos e pendiam sobre a mesa, seu nariz aquilino a menos de cinco centímetros do pergaminho enquanto ele escrevia. Harry se deslocou para as costas de Snape e leu o
cabeçalho da prova: DEFESA CONTRA AS ARTES DAS TREVAS - NÍVEL ORDINÁRIO EM MAGIA.

Portanto Snape devia ter uns quinze ou dezesseis anos, aproximadamente a idade de Harry. Sua mão voava sobre o pergaminho; já escrevera pelo menos mais trinta centímetros do que os vizinhos mais próximos, e sua caligrafia era minúscula e apertada.

— Mais cinco minutos!

A voz sobressaltou Harry. Virando-se, ele viu o cocuruto do Prof. Flitwick movendo-se entre as mesas a uma pequena distância. O professor passava agora por um garoto com cabelos negros e despenteados... muito despenteados...

Harry se movia tão depressa que, se fosse sólido, teria atirado as mesas pelo ar. Em vez disso, parecia deslizar, como em sonho, atravessar dois corredores e entrar em um terceiro. A nuca do garoto de cabelos negros se aproximou cada vez mais... e ele ia se endireitando agora, descansando a pena, puxando o rolo de pergaminho para perto para poder ler o que escrevera. Harry parou diante da carteira e contemplou o seu pai com quinze anos.

A excitação explodiu no fundo do seu estômago: era como se estivesse olhando para si mesmo, mas com erros intencionais. Os olhos de James eram castanho-esverdeados, seu nariz era mais comprido do que o de Harry e não havia cicatriz em sua testa, mas ambos tinham o mesmo rosto magro, a mesma boca, as mesmas sobrancelhas; os cabelos de James levantavam atrás exatamente como os do filho, suas mãos poderiam ser as dele e Harry não saberia a diferença; quando o pai se levantasse, os dois teriam quase a mesma altura.

Harry olhou ao redor. Uma montanha de cabelos ruivos quase o cegou, ele se aproximou esperançoso. A dona dos longos cabelos ruivos era quase idêntica a Helena, não era Lily, era Aurora, ela olhava para a mesa ao seu lado como se esperasse a amiga terminar a prova para poderem sair da sala. Em seu lado estava uma moça loira, aparentemente alta e já com muitas tatuagens, no alto da prova estava escrito: Marlene Mckinnon.

James deu um enorme bocejo e arrepiou os cabelos, deixando-os mais despenteados do que antes. Então, olhando para o Prof. Flitwick, virou-se e sorriu para outro menino sentado quatro mesas atrás.

𝑆𝑊𝐸𝐸𝑇 𝐿𝐼𝐿𝑌 • HARRY POTTERWhere stories live. Discover now