15- DCAT

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As meninas do dormitório feminino passaram a reclamar como Helena tinha se tornado excessivamente chorona ao longo dos dias. Portman estava sempre chorando. Tomando banho, escovando os dentes, penteando o cabelo, vestindo o uniforme, estudando. Estudando principalmente.

Helena também se afastara demais dos três, de Harry principalmente.

Harry a procurava pelo castelo, a fim de perguntar o que estava havendo. Ele a encontrou deitada em um dos bancos dos jardins, seu gato estava deitado em suas costas e dormia. Ela mexia nas flores e dessa vez não chorava. Ele desistiu de ir conversar com ela, parecia tão bem naquela hora, e ele sabia que se fosse falar com ela, ela iria desatar em choro.

Helena foi sozinha até a aula de DCAT, levava os livros na frente do corpo enquanto pensava. Um coque preso com sua varinha no topo cabeça, as mangas da capa presas nos antebraços.

Ótimo... — aprovou o Prof. Lupin. Helena entrou na sala, todos já estavam lá. Harry, Rony e Hermione se entreolharam, tentaram a chamar para ficar com eles, mas ela permaneceu sozinha na porta da sala. — A perdoarei pelo atraso desta vez, Srta. Portman. Muito bem. Mas receio que esta seja a parte mais fácil. Sabem, a palavra sozinha não basta. E é aqui que você vai entrar Neville.

O guarda-roupa recomeçou a tremer, embora não tanto quanto Neville, que se dirigiu para o móvel como se estivesse indo para a forca.

— Certo, Neville. — disse o professor. — Vamos começar pelo começo: qual, você diria, que é a coisa que pode assustá-lo mais neste mundo?

Os lábios de Neville se mexeram mas não emitiram som algum.

— Não ouvi o que você disse, Neville, me desculpe. — disse o Prof. Lupin animado.

Neville olhou para os lados meio desesperado, como que suplicando a alguém que o ajudasse, depois disse, num sussurro quase inaudível:

— O Prof. Snape.

Quase todo mundo riu. Até Neville sorriu como se pedisse desculpas. Lupin, porém, ficou pensativo.

— Prof. Snape... hummm... Neville, eu creio que você mora com a sua avó?

— Hum.. moro. — disse Neville, nervoso. — Mas também não quero que o bicho-papão se transforme na minha avó.

— Não, não, você não entendeu. — disse o professor, agora rindo. — Será que você podia nos descrever que tipo de roupas a sua avó normalmente usa?

Neville fez cara de espanto mas disse:

— Bem... sempre o mesmo chapéu. Um bem alto com um urubu empalhado na ponta. E um vestido comprido... verde, normalmente... e às vezes uma raposa.

— E uma bolsa?

— Vermelha e bem grande.

— Certo então. — disse o professor. — Você é capaz de imaginar essas roupas com clareza, Neville? Você consegue vê-las mentalmente?

— Consigo. — respondeu Neville, hesitante, obviamente imaginando o que viria a seguir.

— Quando o bicho-papão irromper daquele guarda-roupa, Neville, e vir você, ele vai assumir a forma do Prof. Snape. E você vai erguer a varinha... assim... e gritar "Riddikulus"... e se concentrar com todas as suas forças nas roupas de sua avó. Se tudo correr bem, o Prof. Bicho-Papão-Snape será forçado a vestir aquele chapéu com o urubu, aquele vestido verde e carregar aquela enorme bolsa vermelha.

Houve uma explosão de risos. O guarda-roupa sacudiu com maior violência. A sala ficou silenciosa.

— Todos prontos? — perguntou o Prof. Lupin. — Todos para trás, agora, de modo que Neville tenha espaço para agitar a varinha...

Todos recuaram, encostaram-se nas paredes, deixando Neville sozinho ao lado do guarda-roupa. Ele parecia pálido e assustado, mas enrolara as mangas das vestes e segurava a varinha em posição.

— Quando eu contar três, Neville. — avisou Lupin, que apontava a própria varinha
para o puxador do armario,

— Quando eu contar três, Neville - avisou Lupin, que apontava a própria varinha para o puxador do armário. — Um.. dois... três... agora!

Um jorro de faíscas saltou da ponta da varinha do professor e bateu no puxador. O guarda-roupa se abriu com violência. Com o nariz curvo e
ameaçador; o Prof. Snape saiu, os olhos faiscando para Neville.

Neville recuou, de varinha no ar, balbuciando silenciosamente. Snape avançou para ele, apanhando alguma coisa dentro das vestes.

— R... r... riddikulus! — esganiçou-se Neville.

Ouviu-se um ruído que lembrava o estalido de um chicote. Snape tropeçou; usava um vestido longo, enfeitado de rendas e um imenso chapéu de bruxo com um urubu carcomido de traças no alto, e sacudia uma enorme bolsa vermelho vivo.
Houve uma explosão de risos; o bicho-papão parou, confuso, e o Prof. Lupin gritou:

— Parvati! Avante!

Parvati adiantou-se, com ar decidido. Snape avançou para ela. Ouviu-se outro estalo e onde o bicho-papão estivera havia agora uma múmia com as bandagens sujas de sangue; seu rosto tampado estava virado para Parvati e a múmia começou a andar para a garota muito lentamente, arrastando os pés, erguendo os braços duros...

— Riddikulus! — exclamou Parvati.

Uma bandagem se soltou aos pés da múmia; ela se enredou, caiu de cara no chão e sua cabeça rolou para longe do corpo. Onde estivera a múmia surgiu uma mulher de cabelos negros que iam até o chão e um rosto esverdeado e esquelético, um espírito agourento. Ela escancarou a boca e um som espectral encheu a sala, um grito longo e choroso que fez os cabelos de Harry ficarem em pé.

Riddikulus! — bradou Simas.

O espírito agourento emitiu um som rascante, apertou a garganta com as mãos; sua voz sumiu. O espírito agourento se transformou em um rato, que saiu correndo atrás do próprio rabo, em círculos, depois transformou-se em uma cascavel, que saiu deslizando e se contorcendo até que e transformou em um olho único e sangrento.

— Confundimos o bicho! — gritou Lupin. — Já estamos quase no fim! Dino!

Dino adiantou-se correndo.

O olho se transformou em uma mão decepada, que deu uma cambalhota e saiu andando de lado como um caranguejo.

Riddikulus! — berrou Dino.

Ouviu-se um estalo e a mão ficou presa em uma ratoeira.

— Excelente! Rony, você é o próximo!

Rony correu para a frente aos pulos. Muitos alunos gritaram. Uma aranha gigantesca e peluda, com quase dois metros de altura, avançou para Rony, batendo as pinças ameaçadoramente.

- Riddikulus! - berrou Rony, e as pernas da aranha desapareceram; ela ficou rolando pelo chão; Lilá Brown deu um grito agudo e se afastou correndo do caminho da aranha até que ela parou aos pés de Harry. O garoto ergueu a varinhas e preparou-se.

A aranha sem pernas sumira. Por um segundo todos olharam assustados para os lados a ver o que aparecera. Então viram um globo branco-prateado pendurado no ar diante de Lupin, e ele disse "Riddikulus" quase descansadamente.

- Riddikulus! - gritou, e, por uma fração de segundo, seus colegas tiveram uma visão de Snape com seu vestido de rendas antes de Neville soltar uma grande gargalhada e o bicho-papão explodir em milhares de fiapinhos minúsculos de fumaça, e desaparecer.

𝑆𝑊𝐸𝐸𝑇 𝐿𝐼𝐿𝑌 • HARRY POTTEROnde as histórias ganham vida. Descobre agora