42- A Penseira

68 5 1
                                    

Harry se sentou em uma cadeira diante da escrivaninha de Dumbledore. Durante vários minutos, ficou sentado contemplando os velhos diretores e diretoras cochilando em seus quadros.

O Chapéu Seletor, remendado e esfiapado, estava pousado em uma prateleira. Ao seu lado, uma redoma protegia uma magnífica espada de prata, com o punho cravejado de grandes rubis, em que Harry reconheceu a que ele próprio tirara do Chapéu Seletor no segundo ano. A espada pertencera outrora a Godric Gryffindor, fundador da Casa de Grifinória.

Ele a examinava, lembrando como a espada viera em seu auxílio em um momento em que pensara que não havia mais esperanças, quando notou uma malha de luz prateada que dançava e refulgia sobre a redoma. Ele procurou a fonte da luz e viu uma nesga de luz branco-prateada que saía de um armário escuro às suas costas, cuja porta não fora bem fechada. Harry hesitou, olhou para Fawkes, depois se levantou, atravessou a sala e escancarou a porta do armário.

Havia ali uma bacia de pedra rasa, com entalhes estranhos na borda, runas e símbolos que Harry não reconheceu. A luz prateada vinha do conteúdo da bacia, que não lembrava nada que Harry tivesse visto antes. Ele não sabia dizer se a substância era líquida ou gasosa. Era brilhante, branco-prateada e se movia sem cessar, sua superfície se encapelava como água sob a ação do vento e, então, como uma nuvem, se dividia e girava lentamente. Parecia luz liquefeita ou vento solidificado, Harry não conseguia decidir.

Teve vontade de tocá-la, de descobrir como era ao tato, mas quase quatro anos de experiência no mundo da magia lhe diziam que meter a mão em uma bacia cheia de uma substância desconhecida era uma grande burrice. Ele, portanto, puxou a varinha de dentro das vestes, lançou um olhar nervoso pelo escritório, tornou a olhar para o conteúdo da bacia e tocou-a. A superfície da substância prateada dentro da bacia começou a girar muito depressa.

Harry se curvou mais para perto, enfiando a cabeça no armário. A substância prateada se tornara transparente. Ele espiou dentro dela, esperando ver o fundo de pedra da bacia, mas, em vez disso, viu uma sala enorme sob a superfície da misteriosa substância, uma sala para a qual ele aparentemente espiava por uma janela circular no teto.

A sala era mal iluminada, o garoto achou que talvez fosse subterrânea, pois não havia janelas, apenas archotes presos às paredes como os que iluminavam Hogwarts. Baixando o rosto de modo a ficar com o nariz a apenas dois centimetros da substância vitrea, Harry viu que havia filas e mais filas de bruxos e bruxas sentados ao redor das paredes no que lhe pareceram bancos escalonados. Uma cadeira vazia fora colocada bem no centro da sala. Alguma coisa nela produziu em Harry um mau pressentimento. Havia correntes envolvendo seus braços, como se quem a ocupasse sempre estivesse preso a ela. A ponta do seu nariz tocou a estranha substância que ele estava mirando.

O escritório de Dumbledore deu um tremendo solavanco. Harry foi projetado para a frente e mergulhou de cabeça na substância da bacia. A cabeça do garoto não bateu no fundo de pedra. Ele foi caindo por alguma coisa gelada e escura, era como se estivesse sendo sugado por um redemoinho negro...

E inesperadamente ele se viu sentado em um banco no fundo da sala dentro da bacia, um banco mais acima dos outros. Ergueu os olhos para o alto teto de pedra, esperando ver a janela circular pela qual estivera espiando, mas não havia nada lá exceto a pedra sólida e escura.

Respirando com força e depressa, Harry olhou ao seu redor. Nenhum dos bruxos nem bruxas na sala, e havia pelo menos uns duzentos, estava olhando para ele. Nenhum deles parecia ter reparado que um garoto de catorze anos acabara de cair do teto no meio da reunião. Harry se virou para o bruxo mais próximo no banco e soltou um grito de surpresa que ecoou pela sala silenciosa. Sentara-se bem ao lado de Alvo Dumbledore.

— Professor! — exclamou Harry, numa espécie de sussurro estrangulado. — Sinto muito, não tive intenção, estava apenas olhando dentro da bacia no seu armário, eu... onde estamos?

𝑆𝑊𝐸𝐸𝑇 𝐿𝐼𝐿𝑌 • HARRY POTTERWhere stories live. Discover now