ACASOS ➛ TIAGO GOUVEIA

28

nove da manhã

- Queres vir comigo ao campus?

- Flor, foi uma noite, não um pedido de namoro.

Espreguicei-me diante dos seus olhos, visto estar sentado aos pés da cama a calçar-se. Em resposta à minha observação, revirou os olhos.

- Aproveita para descansar. - Inclinou-se para me dar um beijo na testa. Inesperado.

- Se não te importares mesmo...

- Claro que não. Vais estar aqui quando chegar?

Balancei a cabeça positivamente. Reparei pela sua expressão que ficou satisfeito. Observei-o a ir buscar a sua mala e a sair do quarto. Deixei que o suspiro pesado invadisse o quarto, visto que nem costumava ficar após uma noite.

Tirando a minha relação, os dois rapazes com quem me envolvi foram mesmo só uma noite e na manhã seguinte não acordaram comigo. Nem me procuraram, devido ao número errado.

Mesmo os beijinhos que dei nunca acabaram com dois corpos a acordar juntos na cama.

Até que conheci o Tiago e ao seu carisma.

Levantei-me da cama ao fim de duas horas, pois consegui adormecer, mas não descansar. Deixei a minha roupa no chão do quarto, procurando pelo fato de treino que tanto gostei. Ao encontra-lo e a toalhas na lavandaria, tomei banho e vesti-me. As horas passavam e ele não chegava.

Não tinha apetite, o que me levou a beber um copo de sumo natural que encontrei no frigorífico e a sentar-me na bancada com o telemóvel. Tinha várias chamadas não atendidas.

- Olá avó, como está?

- Onde é que tu estás, Alana? Liguei para os teus amigos e ninguém sabe de ti!

- Estou bem, não te preocupes.

- E agora é assim? Não avisas que vais dormir fora de casa? Por amor de Deus, não podes fazer isto outra vez. Olha o meu coração!

- O teu coração está bom e recomenda-se. - Dei um leve gole no sumo de laranja. - Estou bem. Só não quero estar aí em casa, então vou dormir fora outra vez. - Avisei com antecedência.

- Não, tu vens para casa e vamos resolver as coisas de forma civilizada. Os teus irmãos estão a perguntar por ti. Anda para casa.

- Avó, não vou para casa. Nem para o Dubai. E se me começam a pressionar tanto...

- Ok, como queiras. Alana, eu própria estou furiosa com o teu pai pelo que fez, mas vem ficar comigo. Não nos faças escolher, a mim e ao avô, com quem queremos passar o Natal, porque não há escolha sequer.

- A família vai reunir-se toda, estando ou não, vai ser igual. A sério avó... Não quero ir.

- E os teus tios? E os teus primos?

- Vemos-nos logo à noite no estádio, está bem?

Ela concordou, embora de pé atrás por saber que não queria ir para casa e que nao ia.