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onze e meia

- Estás demorado, princesa?

Passei vaselina pelos lábios secos, visto o tempo húmido que se fazia sentir ultimamente, para que ficassem sempre hidratados.

Esperava pelo rapaz há uns bons minutos, pois ele tentava arranjar o pseudo-bigode. Fui ter com ele à casa de banho para o pressionar, embora ter tomado a decisão de o tirar. Balancei a cabeça, fui buscar a mala e aproximei-me da porta.

Queríamos ir até à zona ribeira, onde pretendíamos tomar o pequeno-almoço e passear até à hora de almoço. Depois, talvez fôssemos aos Aliados, Livraria Lello e pontos mais turísticos do Porto. Era a segunda vez que visitava a cidade, no entanto, pouco me lembrava. Entrámos no carro, prontos para enfrentar o trânsito.

Foi uma noite bastante positiva para ambos.

Adormecemos bastante cedo e descansamos nove horas seguidas. Ao despertar ao seu lado na cama e vê-lo dormir tão relaxado, beijoquei o seu rosto, lábios e pescoço até o acordar. Apercebemos-nos, de imediato, que não era nada sexual.

E eu apercebi-me do quanto gostava de ser acarinhada por ele e de o admirar e acariciar. Era muito recíproco entre nós, o que era assustador e me fazia repensar nas minhas ações.

Conversamos bastante pelo caminho, estacionamos o carro, pagamos logo um valor por sabermos que o íamos deixar todo o dia ali. Vi-o a aproximar-me de mim logo a seguir. Mostrou-me um sorriso e estendeu a sua mão.

- Não abuses, flor. Estamos em pleno Porto.

- E daí?

- E daí que és famosinho.

- Tipo que isso é algum problema. Ninguém quer saber de mim. - Alcançou o meu rosto com a mão oposta, olhando nos meus olhos.

- Vamos só dar um passo de cada vez. Tiago, não sou uma pessoa carente e afetuosa. Acho que isto de dar as mãos não é para mim. - Deixei um beijo curto nos lábios dele, começando a andar. - Anda vá, não faças birra. - Brinquei.

Revirou os olhos derrotado, embora começando a andar lado a lado comigo. A primeira paragem foi numa croissantaria bastante cativante. A montra prendeu os nossos olhares.

Arriscamos tomar um pequeno-almoço mais calórico, sobretudo o atleta, visto que regressaria aos treinos muito em breve. Tinha como perder o que ia ganhar no próximo instante. A escolha que fiz foi demasiado problemática. Banana, manga e morangos para não ser tão mal.  A fruta foi quase coberta com a quantidade de Nutella.

Por sua vez, pediu um croissant de ovo. Foi básico e mais saudável que eu. Saboreei sozinha e orgulhosa da minha refeição, lambuzando-me em pouco tempo. Fruta com chocolate era perdição e eu não conseguia evita-la.

- Estás mesmo feliz, não estás?

- Bastante. Toda esta viagem acabou de valar a pena na primeira garfada. - Revirou os olhos e eu sorri bastante animada.

Demoramos mais de meia hora a comer, neste caso, eu demorei. No final, passeamos e tiramos a típica foto com a ponte no background. Como me conseguia distrair, a sua mão procurou a minha e logo se entrelaçou ao encontra-la.

ACASOS  ➛  TIAGO GOUVEIA Onde histórias criam vida. Descubra agora