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terça

- Ainda não fui embora e já tenho saudades tuas.

- Vai passar rápido. - Abracei Nuno e Simão, visto ser a última tarde juntos. Passamos imensas horas a jogar futebol no jardim.

- Gostamos mesmo de estar cá. - Forcei um sorriso, tentando manter-me firme. - Mana, foste a casa do Tiago Gouveia, não foste? - De onde foi tirar tal ideia? - Eu sei que foste.

- E como sabes isso?

- Porque o Tomás disse que vocês eram amigos e ele manda-te mensagens. - Sorriu-me. - Não fui o único a ver, pois não Nuno?

O rapaz balançou a cabeça, sentando-se na minha cama. Acordaram-me ha meia hora, pois a ida para o aeroporto aproximava-se. Lamentava a distância entre mim e os meus irmãos por adorar o tempo que passávamos juntos.

Apesar da distância entre nós, tínhamos feitios semelhantes. Diziam as coisas sem pensar e eram muito atentos ás conversas alheias. O mais velho, Simão, procurava sempre um bom mexerico.

Subiram para a minha cama e encheram-me de beijos e abraços. Ouvi a risada da minha avó após tanto gargalhar também. Junto dela, Sr. Alberto e os meus após. O meu avô sorria imenso. Era uma imagem que não tínhamos com frequência. Eram memórias que guardava comigo.

- Gostava que fizéssemos as pazes.

- Não vai mudar nada. Façam boa viagem. - Disse apenas, evitando encara-los. - Tenham juízo.

- Falas com ele?

- Para quando voltarmos repetirmos o jogo? - Foi Nuno que complementou Simão.

Balancei somente a cabeça, afirmando.

Observei-os a sair do quarto. Fiquei desanimada, embora aliviada em simultâneo. Deitei-me com o telemóvel nas mãos.

Ainda não tinha conversado com o atleta desde a noite de Natal e não lhe respondi no dia seguinte, o que podia causar mau impacto. A minha mente continuava virada para o que tinha admitido. Ele era uma pessoa que valia a pena.

Era calmo. Com objetivos. Engraçado. Tinha uma capacidade de transparecer o que sentia, algo que apreciava imenso na sua personalidade. Atrevido, dominador e extremamente atraente.

Tinha qualidades que gostava imenso. Porém, era um caminho que não sabia percorrer.

Marquei o seu número. Atendeu pouco depois.

- Não me digas que fui trocada.

- Como assim?

- Estás ofegante.

- Já viste as horas? Acabei de treinar.

- Espero que futebol.

- Se fosse outra coisa estaria a treinar contigo.

- Gosto desse atrevimento, flor.

- Pena que só possa falar atrevido e não ser.

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