44

345 39 25
                                    

oito e meia

- Perdeste-te?

Ao levantar a cabeça, apercebi-me que não era a pessoa que esperava na cadeira. Fiquei indignada e de sobrancelha arqueada.

- O que é que queres, Gonçalo? - Questionei mais exaltada do que pretendia. - Estou farta de ti. Sou assim tão inesquecível? - Mostrou um sorriso. Ele encarou-me de alto a baixo.

- Pelos vistos não, para estares aqui sozinha.

- Antes sozinha que mal acompanhada. Tal como estou neste exato momento.

- Ai, não me digas... O gajo da bola deu-te com os pés? - Sorriu animado. - Nada que não mereças já que tens todo um historial....

- Sou inesquecível. Se tu com um beijo não me largas, imagina ele que chegou mais longe. - Quis provoca-lo. - , deixa-me sossegada. Começo só a sentir pena de ti. - Suspirei.

O meu olhar encontrou o do Tiago. Ausentou-se para ir ao carro buscar o telemóvel, visto ser uma cabeça no ar. A expressão mudou de imediato. O atleta trazia uma rosa vermelha numa das mãos e o telemóvel na outra.  Atrás dele, uma rapariga. A mesma aproximava-se do rapaz.

Observava aquela situação, enquanto o Gonçalo continuava a falar sobre mim, embora ignorado e totalmente humilhado por ele próprio.

Reparei que a loira ia colocar a mão no ombro do Tiago quando este parou ao pé da mesa.

- Posso saber porque estás no meu lugar?

- Não percas tempo, posso levar-te a um lugar bem melhor. - Interveio a rapariga. Contive-me e não gargalhei. - Sempre te estimava melhor. - As unhas dela roçaram pelo braço dele.

- Realmente... Não sabia que eras assim tão inesquecível, Alana. - O atleta ironizou, usando a mesma palavra que eu. Foi perfeito.

- Avisei-te que ias ter concorrência. Gonçalo, vais sair ou preciso de mudar de mesa?

Comecei a levantar-me quando este se manteve a olhar para mim e para o Tiago. Creio que estava a aperceber-se que não era passageiro para mim ou para o atleta. Tentou ainda atirar o rapaz para as melhores intenções da loira.

- Confesso que estou bem acompanhado. - Olhou para mim, estendendo a sua mão. - Se calhar, vou procurar uma outra mesa.

Entregou-me a rosa pouco depois.

Respirei fundo mais irritada quando nos afastamos da mesa. O moreno pousou o braço ao redor do meu pescoço e guiou-nos para o exterior sem me dizer que queria ir embora.

Fora do restaurante, virei-me para ele. Confessou que se tinha cruzado com o Gonçalo.

- Preciso de o meter no lugar.

- Ignora-o. Vai cansar-se. - Tirou a chave do carro do bolso. - Jantamos noutro sítio.

No momento em que dei um passo em frente, a porta do restaurante foi aberta e pela mesma eles dois passaram. Perdi a cabeça. A minha primeira tentativa de o agredir foi falhada. O rapaz sabia o que significava o meu olhar e agarrou-me.

ACASOS  ➛  TIAGO GOUVEIA Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang