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nove e quinze

O convite foi aceite no momento em que deitei as minhas ideias na almofada.

A ideia de não voltar a tocar no seu corpo parecia tão errada quanto o Sporting em primeiro lugar e eram duas coisas a evitar. Lutei para ser calma ao acordar às oito da manhã para tomar um banho e aperaltar-me o mínimo possível, mas o suficiente para ele entender o que tem nas mãos.

A sua confiança em relação a mim era algo que me intrigava e chateava, mas que me seduzia e só o tornava mais charmoso e atrativo. Era agridoce a forma como mexia comigo.

Após deslizar as calças de ganga pelas pernas e duas camisolas quentes para me manter aquecida ao longo da manhã, peguei na mala, mas chaves e no telemóvel para ir tomar o pequeno-almoço. Os minutos demoravam a passar.

Fiz duas tostas e aqueci leite para colocar café. Ao olhar para o telemóvel, uma nova mensagem dele não me ficou indiferente.

E depois uma chamada.

- Não consegues mesmo viver sem mim?

- Confesso que não. Vens, certo?

- Sim, não ia acordar tão cedo para nada. Quando saíres de casa, diz-me. - Pedi.

- Estou quase pronto e tu?

- Só a acabar de comer. Mais cinco minutos?

- Podíamos ter ido comer juntos.

- Deves achar que tens tanta sorte.

- Que mau feitio. Cinco minutos, Alaninha.

Desliguei a chamada para terminar de comer. No final, apressei-me a lavar os dentes.

Sai de casa no momento que abraçava o carro à frente do edifico. Adentrei no mesmo, dirigindo o olhar mais zangado que conseguia. Respondeu ao pousar a mão na minha perna.

Empurrei-a. Voltou a pousa-la.

- Desculpa pela forma como falei contigo. - Pediu após iniciar a viagem misteriosa.

- Também me excedi.

- Era uma amiga de família, Alana. Com mais dez anos que eu. - Encarou-me por breves segundos a querer desvendar o que pensava.

- Fosse quem fosse, a vida é tua e fazes...

- Não quero fazer o que quero. Aliás, não posso porque ainda ganho uma chapada em resposta. A sério que não percebes? Ou estás a complicar por gozo o que há entre nós?

- Achas que tenho prazer em afastar-te de mim?

- Acho que tens facilidade em fazê-lo, principalmente quando mais próximos estamos e isso deixa-me pensativo.

- Deixei claro que não me apego a ninguém. Foste tu quem quis correr o risco, Tiago.

- Quiseste correr o mesmo risco que eu.

- Mas eu sei quando parar e tu não. - Ele arqueou a sobrancelha. - O que não significa que quero, se foi esse o teu pensamento. Só paro.

ACASOS  ➛  TIAGO GOUVEIA Where stories live. Discover now