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segunda

Após uma limpeza à cozinha e sala de estar de casa, sentei-me no sofá bastante aborrecida. Nem parecia que as horas passavam. Despertei ás nove por causa das aulas da faculdade. Tinha aulas em casa três dias e dois em Lisboa.

Quarta e Sextas eram dias de transportes públicos e aulas presenciais. Só a partir das três e meia da tarde estava livre. Era um bom horário, o facto de viver com os meus avós e querer passar o máximo tempo possível com eles, concedia-me os pequenos luxos de estudar em casa e sair cedo. Se fosse de outra forma, adiava.

Era importante para mim certificar-me que o casal na casa dos setenta anos estavam bem. Quis sempre colocá-los em primeiro lugar. Felizmente, eram ambos saudáveis. Era a única pessoa ali para os amparar caso necessário.

Quando entrei para a faculdade com uma boa média, falei com os responsáveis e tratei de expor as minhas necessidades. Concordaram. Também, a minha mãe teve alguma influência.

Passeava pelas redes sociais para me distrair, no entanto, a minha mente não saía do mesmo sítio, do fato de treino verde escuro. Será que o convite para ir a sua casa tinha validade? Levantei-me do sofá, tentada a descobrir.

Troquei de roupa, coloquei o fato de treino num saco de pano onde coloquei as chaves, carteira e o telemóvel e saí de casa apressada.

Não demorei nem dez minutos a chegar à vivenda do atleta. Desta vez, pretendia entrar por onde fazia mais sentido. A porta. Toquei uma vez à campainha. Muito rápido.

- Estás à minha procura?

Virei-me rapidamente para trás, pousando a mão no peito por me ter assustado.

A sair do carro de Tomás, o atleta encarava-me. A minha criatividade para responder falhou. Acenei a Tomás, vendo-o a fazê-lo para mim. Ouvi Tiago a agradecer pela boleia, fechando a porta. O carro desapareceu pela estrada.

Aproximou-se da sua porta de casa bastante indiferente à minha presença. Fiquei intrigada. E impedi-o de entrar na sua casa.

- Isso é o meu fato de treino?

- Isso são maneiras de me receber na tua casa?

Arqueou a sobrancelha.

- Fizeste-me o convite, pelo menos recebe-me em condições. - Apontei para o portão.

- O teu namorado não vai gostar de saber que aceitas convites de outros rapazes. - Confesso que me quis rir, mas mantive-me firme.

- Diz ao meu namorado que quando existir, quero conhece-lo. - Retorqui, encolhendo os ombros. Vi que destrancou o portão. Sai da frente. Ele abriu-o e adentrou pelo mesmo.

Cruzei apenas os braços.

- Vais demorar?

- Pede com jeitinho. Perdeste pontos agora.

A sua expressão séria tornou-se divertida. Aquele era o Tiago que ficou marcado.

- Dás-me a honra de usufruir da tua companhia?

- Melhor. - Encolhi os ombros e avancei pelo seu jardim, até à porta de casa. Observei-o a balançar a cabeça e a conter o sorriso.

ACASOS  ➛  TIAGO GOUVEIA Where stories live. Discover now