04

440 34 3
                                    

domingo

- Finalmente!

Avancei na direção dos braços de Gonçalo, após terminar o almoço com os meus avós e descer um passeio durante uns bons sete minutos até chegar à Marina de Cascais para o encontrar.

Deixei que me abraçasse. Murmurou que sentia a minha falta. Afastei-nos para olhar nos olhos dele por ter reparado numa mancha negra.

Toquei levemente na sua pele magoada, lamentando a situação. O de cabelos castanhos só queria ajudar a Cátia, visto que estavam a ser uns arruaceiros e a faltar-lhe ao respeito. Nenhum do seu grupo estava alcoolizado. Entrelaçou a mão à minha e levou-me para um café/bar.

Combinamos passear na zona, apesar de estar um dia bastante chuvoso. Optamos pelo calor dos bares, onde podíamos conversar e beber um copo ou petiscar qualquer coisa mais tarde. O Gonçalo era uma pessoa extrovertida.

Não costumava deixar-se levar por confusões. Na escola era cobiçado pelas raparigas, algo que para mim não era nada cativante. No entanto, estava a gostar de conviver com ele.

Cruzamos-nos num dia e no outro a mensagem no instagram chegou. Pedi uma cerveja para que não reclamassem de estarmos no local. O rapaz a meu lado pediu a mesma coisa. Sentamos-nos no sofá, lado a lado. Pousou o braço delicadamente à minha volta, nos meus ombros.

Encostei-me sem qualquer problema. Era a primeira vez que estávamos juntos após um beijo de despedida há três ou quatro dias. Incentivo da sua parte, não minha. Por mais que gostasse dele, não sabia se era aquilo que queria para mim. Não gostava de me apegar dessa forma. Expliquei-lhe, no próprio dia, a minha forma de ver as coisas e o quão difícil era apegar-me.

Não estava interessada em namorar. Felizmente, ele também não. Porém, tinha as minhas dúvidas por cada toque carinhoso e pelo brilho que via no seu olhar sempre que me refletia.

- Podemos falar sobre a outra noite? - Levantei a cabeça, que outrora estava pousada no seu braço, pois não queria falar, de todo.

- Tem mesmo que ser? Falamos por mensagens.

- Não é a mesma coisa. Alana, quero saber o que queres de mim. - Virei-me para ele. - És diferente das outras pessoas. És especial. Cativas-me. E eu não quero que seja algo passageiro.

- Ainda agora começamos a sair, Gonçalo. Deixei bem claro que não me consigo apegar. - Expliquei novamente. - Entendes isso?

- Então, qual é o sentido de sairmos juntos se não me vais dar uma oportunidade?

- Não é isso que estou a dizer. Gosto da minha liberdade e sei que és conservador e protetor. - As suas mãos pousaram na mesa. - Conheço-te, sei a fama que te persegue e as tuas ex-relações. És um bom rapaz e gosto de passar tempo contigo...

- Mas?

- Nunca vou mudar quem sou para agradar alguém. E tu sabes perfeitamente como sou. - Ele respirou fundo. - Desculpa. Não faço planos para o amanhã, quanto mais para o futuro.

- É por isso que estás solteira há tanto tempo?

- Talvez. Sou incompreendida por não me querer comprometer e mudar a pessoa que sou. Prefiro a minha verdade que iludir alguém.

ACASOS  ➛  TIAGO GOUVEIA Wo Geschichten leben. Entdecke jetzt