Capítulo 47

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Esse lugar é maneiro, hein?

- Finalmente um lugar que eu conheço e você não. - Jogando a bola de volta para Emerson, Richarlison gargalha quando o outro errar a cesta. - Ainda bem que você joga futebol para viver.

- Você não é melhor que eu. Todo desengonçado. - O zagueiro quica a bola no chão algumas vezes antes de jogá-la na direção de Richarlison.

Richarlison e Emerson se tornaram mais próximos dentre o mês que se passou. Por mais que ele odiasse admitir para si mesmo, foi bom ter a companhia do outro brasileiro. Acabou acostumando-se com a chatice dele. Como era sempre ele a chamar Richarlison para os lugares, o rapaz decidiu inverter as propostas. Ele desejava voltar àquele clube desde a última vez que foi lá e sabia que Emerson não iria opor-se a ir.

- Como vai as coisas com a Amanda. - Emerson não jogava mais basquete, havia desistido após duas tentativas. Agora eles apenas apostaram para ver quem conseguia acertar mais cestas.

- Ela é legal. Muito inteligente. Como você conhece mulheres tão espertas? Ela está terminando a graduação em geopolítica! Tipo, ela é inteligente demais para mim. - Emerson havia apresentado Amanda - uma colega que ele conheceu quando tinha um "rolo" com uma das amigas dela -; a garota, além de bonita, era engraçada e parecia conter todo o conhecimento do mundo.

O atacante não sabia como ela gostava de conversar com ele, que sempre se sentia inadequado próximo a ela, mas a mulher, em cada encontro, o fazia sentir como se o fato dela ter um cérebro que vale muito mais que o salário de futebol dele não importasse.

- Eu sou esperto também, qual foi? Se você é burro, aí é problema seu.

Revirando os olhos, Richarlison observa Emerson perder mais uma cesta.

Sair com Amanda não deveria passar de um encontro, no entanto, de alguma forma que ele não compreendeu, acabaram estendendo. Ela admitiu que terminou o relacionamento de cinco anos há quatro meses. O que conferia a Richarlison uma tranquilidade interna, pois significava que ela não queria nada sério também. Esse acordo implícito entre eles facilitou a mente do rapaz e fez dos encontros, que não foram muitos, mais apreciáveis.

Estar com ela o fazia esquecer, parcialmente, Son.

Infelizmente, vê-lo todo dia não ajudava em nada. Quando achava que tinha se acostumado, olhar para o lado e encontrá-lo sorrindo como se não tivesse sido um filho da puta semanas atrás ainda doía. O rapaz demorou para entender o que estava sentindo quando a raiva diminuiu. Sem a raiva, tudo o que restou foi uma estranha sensação de angústia. Parecia um machucado cicatrizando, por vezes ele conseguia esquecer da existência, em outras latejava insuportavelmente. Das vezes que ele pode fingir que não sentia nada era quando estava fora do centro de treinamento, que estava se tornando seu inferno pessoal.

Soma-se a isso o fato dele mal entrar em campo nos últimos jogos, que não melhoraram; o clima no vestiário não era um dos melhores e o motivo não era ele e Son. Tinha coisas ocorrendo o tempo todo que só afundava o único lugar que ele encontrava paz.

- Ei, você e Son acabou mesmo? - A pergunta de Emerson pesou nos ouvidos de Richarlison.

- Nunca existiu Son e eu. Esquece esse assunto, não quero falar desse cara. - Assume em voz alta o que vivia a repetir para si mesmo mentalmente.

Sempre que via Son nos treinos, tinha a impressão de que nada o incomodava. Era o mesmo Son de sempre. Sorrisos para todos, gentileza e esforço. Richarlison sabia que se desse brecha, o coreano o trataria da mesma forma que fazia com os outros.

Gol no seu coração (2son fanfic)Where stories live. Discover now