Capítulo 51

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A viagem foi silenciosa e medonhamente preocupante para Richarlison, que olha através da janela, examinando os arredores assim que Son estaciona em frente a sua casa.

- Será que o seu pai não está nos vendo agora? - Questiona, pensando se deveria chamar alguém para revistar a sua casa, como nos filmes de ação, para ver se havia câmeras escondidas pela sua residência. Virando para Son, encontra-o impávido, como se a ideia de ser observado não fosse um incômodo para ele.

Os pensamentos de Richarlison não estavam em direções únicas, eles pulavam, corriam, batiam suas cabeças uns contra os outros, gritavam e mais uma eternidade de comportamentos ambivalentes. Não conseguiu chegar em um denominador comum porque ele não podia. Havia um desespero diferente do que sentia antes, não era o tipo que rasgava o seu peito, mas atualizou para o que batia em sua testa a cada segundo, lembrando-o de que alguém poderia destruir a sua carreira.

- Eu não sei. Mas, mesmo se ele estiver, nada vai acontecer. - Son soava seguro e firme do que dizia, e aquilo o assustou. - Acredite em mim. Eu tenho um plano.

- Você tem um plano? - Richarlison franze a testa, na espera de alguns pensamentos se ajeitarem. - Você tem um plano agora? - Descrente, Richarlison bufa. - Não há um mês atrás? Você tem um plano agora? Nesse momento? - Quando tudo o que Son responde é soltar um suspiro e desviar o olhar, Richarlison abre a porta do carro, voltando a sentir a famigerada pinicação da raiva. Oh, com essa ele sabia lidar. Bem-vinda de volta! - Vai se fuder, Sonny.

- É melhor eu ter um plano agora do que nunca ter um. - Son não o deixa ir, andando atrás dele, o segue sem pestanejar.

- Qual é o plano? Você vai deixá-lo me ferrar? - Se fosse em outra situação, Richarlison ficaria orgulhoso de si mesmo por ter conseguido por um palavrão da língua inglesa no meio de uma frase e não sentir tão anormal em sua boca.

Richarlison vai abrindo as portas enquanto Son ia fechando-as. Ele sentia uma estranha adrenalina percorrer o seu corpo. O fato de ter bebido alguns dos coquetéis coloridos também não o ajudava a agir ou relacionar as coisas com clareza e objetividade. Ao chegar na cozinha, apossa-se da garrafa d'água e bebe o máximo que aguentava para acalmar-se de dentro para fora.

A questão era que ele não estava realmente com raiva, ao menos, não aquela essência pura e sólida de um mês atrás. Ele queria mandar Son embora, ao mesmo tempo queria que Son continuasse ali. Do outro lado da cozinha. Como no dia em que o mais velho o dispensou sem dizer o porquê. Os paralelos uniam-se na memória de Richarlison, que deposita a garrafa quase vazia em cima da mesa e inspira fortemente, na esperança de que no momento de expirar, saia junto toda a confusão que fazia a sua mente e corpo de playground.

- Como da primeira vez, eu fiz o que achei certo para te proteger. Eu ainda farei isso. Não vou deixá-lo destruir a sua carreira. Continue acreditando em mim.

Richarlison não levanta a cabeça para verificar, mas sentia Son perto de si. Como era terrível estar apaixonado por alguém. Tarde entendeu que os sentimentos nunca eram homogêneos. Eles poderiam ser tão cruéis e maldosos que não fazia sentido a fama que levam. Conheceu-os e gostaria de lutar contra eles, entretanto ficavam mais fortes a cada vez que Son voltava a sua mente. Eles o perturbam constantemente e nunca pareciam estarem satisfeitos. Richarlison não sabia lidar com isso. Parecia tudo mais simples quando ele desconhecia essas sensações.

- Eu te prometo. Ele não fará nada contra você. Eu te dou a minha palavra, Charli. - Apertando a garrafa em sua mão, o rapaz se repreendeu por sentir falta de escutá-lo chamá-lo daquela forma. E Son soava tão perto que, tentado, Richarlison cede as sensações, levantando o rosto.

Gol no seu coração (2son fanfic)Where stories live. Discover now