Capítulo 3

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Cinco meses atrás

Son observa, com um sorriso no rosto, Richarlison segurar os hashi desajeitadamente. Os dedos longos e grossos do rapaz eram incapazes de unir os indefesos palitos que sofriam na mão dele. O mais novo havia chegado há um mês atrás e estava se saindo brilhantemente bem. A adição dele como atacante deu ao grupo mais uma potência em campo. Son não demorou para perceber o quão habilidoso o outro era.

- Isso é difícil. No Brasil, usamos só garfo e faca. 

O sorriso no rosto de Son aumenta ao ouvir a pronúncia errada e truncada. Era estressante como ele achava Richarlison, que era um centímetro mais alto e mais robusto que ele, adorável. O rosto emburrado nada dizia sobre a personalidade bobalhona do garoto.

- Já te disse. Você segura entre o dedo indicador e o do meio, assim...

Por mais que Richarlison fosse bem aceito pela equipe e todos o tratassem com grande afetividade, imaginou que estar em outro país cercado de estrangeiros e ser forçado a falar uma segunda língua a qual não tem domínio seja amedrontador e estressante de início, pois foi assim que se sentiu quando chegou no time anos atrás. Por isso, Son se mobilizou a chamá-lo para saírem juntos, sem os membros do time.

Queria conhecê-lo melhor e criar um ambiente no qual ele possa se apoiar caso precise de algo futuramente. Faria por ele como o seu amigo Hugo Lloris, goleiro do time, fez com ele quando entrou pela primeira vez no Tottenham.

- Cara, não é fácil.

Son estica a mão e ajeita os dedos de Richarlison. A mão do rapaz era mais macia do que pareciam. Ignorando a distração de sua percepção, ajeita a mão do outro.

- Agora, tente me imitar. - Avisa, já com os hashis em mão, movimenta-se para pegar o bolinho de arroz.

Richarlison mantém seus grandes olhos atentos e tenta reproduzir o ato, mas segundos depois de deixar o bolinho cair por cinco vezes solta um som indignado, fecha a cara e opta pelo garfo e faca.

- Como você pode desistir tão fácil? - Era para ser uma crítica, mas Son só conseguia rir da expressão chateada do rapaz.

- Aqui. - Richarlison pega um bolinho com o garfo e abre um sorriso. - Fácil.

Não era comum para Son achar homens grandes fofos, mas lá estava ele, não conseguindo evitar reparar como Richarlison se entretia com a comida e acenava quando achava que estava saboroso.

Richarlison

Os treinos para Richarlison eram sempre sobre reconhecimento. Era nesses momentos que podia analisar como os seus colegas de time agiam em campo, o que facilitava para criarem certas dinâmicas entre si. Às vezes, se perdia no que um ou outro falava, sua tática era ignorar o que não entendeu e seguir o seu instinto. Estava dando certo até aqui. Além do mais, haviam mais dois brasileiros na equipe, sempre podia pedir reforços caso esquecesse alguma palavra.

- Você é muito lento. Pretende marcar gol assim?

Sorri para Son, que vivia a provocá-lo. Ele gostava do mais velho, era um cara perspicaz e gentil. Richarlison não estava acostumado com o jeito de ser de Son, o homem era muito afetuoso. Tanto na maneira de lidar com o próximo quanto nos toques. Percebeu ser uma característica dele. Tinha o conhecimento de que Son estava no clube a quase nove anos, tinha feito sua carreira para o time e, sem qualquer tipo de coerção, fez o possível para que Richarlison se sentisse confortável, desse modo, o mais novo criou uma grande afeição pelo outro.

Ao menos, ele se sentia assim.

- Está falando de si mesmo? Ah, acho que sim.

Richarlison aperta a mão de Son que o puxa para si e os dois começam uma disputa de braço sem nenhuma base de apoio. Pareciam descontraídos. Son gargalha quando Richarlison conseguiu pôr a própria mão junto com a de Son dentro da camisa deste último.

- Você é muito fraco. Aqui! - Richarlison olha para as mãos unidas dentro da camisa já úmida do treino de Son, esse que continua sorrindo e, desistindo, joga a cabeça para trás suspirando.

- Sorte sua ser da minha equipe. Mas isso foi desacato!

Son o empurra de maneira implicante, Richarlison o olha por alguns segundos, mas não devolve qualquer ação. Quando Son abaixa a cabeça para balançar os cabelos molhados, Richarlison aproveita e, ao enfiar seus dedos nos fios macios do amigo, força a cabeça dele para baixo.

Ele amava a forma como eles mantinham o relacionamento entre eles. Richarlison sentia que tinha mais proximidade com Son do que qualquer outro no time. Até mesmo mais que os dois outros brasileiros. 



Att: Gente, vocês estão lendo mesmo! Estou feliz que tem gente no mesmo barco que eu! 😅😅 Então, não serão muitos capítulos, mas serão o suficiente para fechar o que comecei. Essa mini fanfic será um slowburn romance - pq é assim que eu imagino eles dois, me socorrem! - mas não vai demorar para efetivamente acontecer as coisas. Até semana que vem, espero, devo fechar isso aqui. Espero que gostem, beijos pra todes!

Gol no seu coração (2son fanfic)Onde histórias criam vida. Descubra agora