Parte 20 - Sendo parceiros de crime

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Baekhyun passou a noite em claro, no silêncio do quarto de Chanyeol.

Odiava sentir que estava traçando linhas definitivas em sua vida. Talvez fosse por sua natureza cheia de insegurança. Ou pelos pensamentos sempre pesados e traiçoeiros que o faziam repensar, reviver e, muitas vezes, o emboscavam em emoções miseráveis que o faziam perder o ar e maltratavam seu peito.

Passou toda uma vida esperando a aprovação dos pais, com medo de dar mais intimidade para qualquer outra pessoa além deles — e acabar vivendo na sombra de mais alguém que acabaria se obrigando a agradar. Agora, só conseguia se perguntar: e se eu estiver fazendo tudo errado? Tudo, definitivamente, errado?

Chanyeol, nesse sentido, era a pessoa mais tranquila para começar sua vida amorosa porque o apoiava em qualquer coisa. Seja para um novo corte de cabelo à escolha boba de um filme de fim de tarde. Park não queria que ele fosse diferente do que era e esse foi o motivo do pequeno momento de caos de Baekhyun: era uma lacuna grande demais.

Seus pais o impunham alguém que não era e tentou interpretar esse personagem por todos esses anos, para conseguir se sentir aceito e amado. Aprendeu a depender daquela sensação até se intoxicar. Condicionou a si mesmo a procurar por aceitação e só se sentia digno de carinho se fizesse o que os outros quisessem.

Todo aquele processo de libertação o fazia bem em relação a ser fiel à sua própria personalidade, mas ser quem era não era o que lhe garantiria o carinho de seus pais. Depois de vinte anos vivendo na sombra deles, simplesmente desistir disso era como desistir de todo o amor que já recebeu e, para ele, seus pais eram as únicas pessoas que já o amaram, e esse amor logo iria ceder. Se seu mundo sempre foi ancorado por eles, sem o carinho deles, nem saberia o que seria de sua vida.

Quanto a Chanyeol, quem o acolhia, o dava carinho e aquele amor inicialmente em forma de amizade, que pendia aos poucos para um laço romântico mais sério, era também muito complexo.

O Park, dadas as suas questões pessoais, poderia simplesmente se fechar e sumir de repente, se decidisse que o Byun o fazia mal, mesmo se não fosse verdade. Ou pior: Baekhyun poderia realmente machucá-lo. Talvez por Chanyeol já ter várias feridas abertas e a pele ainda muito sensível. Mas, quem sabe, um rapaz inexperiente e ainda perdido no mundo, como Baekhyun, acabasse o ferindo de verdade.

Não era como se fosse escolher isso, conscientemente, ou como se estivesse à beira de machucar Chanyeol. Contudo, em seu psicológico fragilizado, estava sempre à espera do momento em que fosse falhar e estragar tudo. E aí, sim, seria obrigado a encarar que realmente não prestava e que tinha mesmo que seguir o que seus pais o mandavam, porque eles deveriam saber o que estavam fazendo com ele, enquanto Baekhyun era todo incerto sobre o que fazia consigo mesmo.

Machucar Chanyeol, para ele, seria como justificar todas as vezes em que alguém o machucou — porque sentiria que merecia ser machucado. Chanyeol era bom demais. O mundo jamais o mereceu e Baekhyun, com certeza, naquela noite, sentia que não o merecia.

No meio de todos aqueles pensamentos, fechou os olhos com força, segurando a vontade de chorar. Tinha dito com todas as palavras a Chanyeol que estava apaixonado e se apaixonando ainda mais por ele. Não podia ter feito aquilo! Era como obrigar o canceriano a entrar no seu caos e, naquele instante, sentiu-se mal por praticamente ter arrancado dele uma confissão rasa de que o sentimento era recíproco.

Baekhyun queria chorar porque sentia que era um trem desgovernado atropelando tudo pela frente. Sentia que estava fazendo tudo errado. Que ia machucar todo mundo. Que não merecia carinho de ninguém. Que estava envolvendo Chanyeol em algo que só o magoaria. Que ia acabar sozinho, destruindo todo mundo, e sem o amor de ninguém.

Como Ser Expulso de CasaWhere stories live. Discover now