Parte 4 - Chamando atenção em uma festa infantil

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Chanyeol e Baekhyun caminhavam lado a lado quando entraram no salão de festas.

O canceriano segurava a fita em suas mãos com força e cuidado, como quem segura toda a sua coragem e esperança em forma de balão rosa de festa de criança. O rapaz ao seu lado, por sua vez, não conseguia sequer respirar direito e sua boca não produzia palavra. Chanyeol notou como seus olhos estavam distantes e apavorados.

Com o coração apertado, decidiu perguntar:

— Como seus pais reagiram quando você contou que estava namorando?

Baekhyun, pego de surpresa, prendeu a respiração antes de sorrir curto, em derrota.

— Então... — foi somente o que respondeu, com tom de piada.

Oh. — Chanyeol entendeu, olhando para frente outra vez. Aquilo queria dizer que Baekhyun ainda não tinha contado.

O Park percebeu vários olhares sobre si e muitos vinham de crianças que sequer alcançavam a altura do seu quadril. Mas o que lhe chamou atenção foi se lembrar de que, mesmo decidido, Baekhyun era só um cara. Um carinha mais novo, com todos os seus sentimentos complexos e, de certo, também com bastante medo de tudo aquilo.

Chanyeol entendia que as famílias que estavam ali, as crianças e todas as outras pessoas — aproximadamente, umas cinquenta — o olhassem de soslaio. Estava acostumado com aquele tipo de atenção que quase o chamava de aberração, mas Baekhyun estava ali e não estava acostumado com todos aqueles olhares e o que eles queriam dizer.

Aquelas pessoas conheciam Baekhyun e, com certeza, passariam a olhá-lo daquele jeito dali em diante. Não era uma sensação gostosa ouvir cochichos a cada passo que dava e, por enquanto, só se perguntavam quem era aquele homem que Baekhyun trouxe para atrapalhar a festa. Logo, o olhariam daquele jeito porque lembrariam que Baekhyun sempre foi gay e que "namorava" o tal homem que já era mal visto por suas tias, tios, primos, avós e pais.

Aquele não era só o dia que começariam seu grande plano. Era o dia, também, em que Baekhyun deixaria todo mundo saber sobre a sua sexualidade.

Chanyeol sentiu seu coração doer e diminuir até ficar do tamanho de um grãozinho de areia. Sempre alcançou, absorveu e sentiu a dor de pessoas queridas e, naquele momento, quase rasgou algo dentro do seu peito. Ele sentiu a dor de Baekhyun.

Quando assumiu sua sexualidade, Chanyeol teve tempo de planejar, de ir se expondo aos pouquinhos, primeiro com seus amigos, depois seus pais, suas irmãs... teve todo o tempo e ordem que Baekhyun escolheu não ter. O escorpiano, a bem da verdade, resolveu se despir de um jeito que com certeza doeria muito mais.

Com piedade e com muito carinho pelo homenzinho ao seu lado, Chanyeol roubou um balão de hélio flutuando ali perto, de cor amarela — a cor favorita de Baekhyun — e o entregou, com um sorrisinho.

— Deixa que eu te ajudo com isso. Eu tô aqui, ok? — falou da forma mais gentil já conhecida e viu os olhos dele brilharem enquanto respirava brevemente aliviado.

Baekhyun até moveu a boca, na tentativa falha de dizer algo, de fazer uma piada, de dizer qualquer coisa que escondesse a sensibilidade daquele momento, mas desistiu, sorrindo também.

— Obrigado — foi o que sussurrou.

Queria dizer que estava apavorado e pedir desculpa por dar mais trabalho a Chanyeol, sabendo o quão tímido ele era e como seria difícil, para ele, tomar iniciativas que nunca imaginou tomar, só por causa daquele plano maluco e toda a confusão que Baekhyun o colocou. Tinha bastante a dizer, mas nunca foi muito fã de falar sobre seus sentimentos, então não falou. Somente sorriu, agradeceu, e para os dois rapazes confusos segurando seus balões coloridos flutuando, já bastou.

Como Ser Expulso de CasaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora