Memórias 12

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Pov Jamie

Seis meses.

Seis meses de muito amor. De muitas aventuras.

Hoje já não escondemos o que sentimos. Até mesmo porque o que sentimos um pelo outro já é tão grande que transborda de dentro de nós. Dakota, é tudo o que eu sonhei para mim. Ela consegue com um simples olhar ter o que quer. Com um toque, ela acalma qualquer tempestade, que possa estar a surgir dentro de mim.

Com Amélia, eu não sentia, apenas vivia. Não havia, nada. Nunca houve amor, ou sequer paixão entre nós. De certa forma nós apenas aprendemos a viver uma relação de aparências. Ou pelo menos eu aprendi. Até esbarrar literalmente com a menina com olhos mais doces, mais azuis que alguma vez já vi. E nem foi necessário muito para me apaixonar por ela. Foi apenas um olhar, um toque...foi tudo o que foi necessário.

Hoje era o grande dia. O dia da inauguração da Clínica SOS Smith. Sim, finalmente o Dr. Smith podia dedicar-se ao que sempre sonhou, dedicar a sua vida a tratar dos que não tinham meios. Ao contrário dos hospitais ou clínicas existentes em Belfast, a SOS trataria de qualquer pessoa. Tivesse seguro ou não, tivesse dinheiro ou não. Muitos se perguntam como iremos nos manter financeiramente, para aguentar a clínica aberta. Muitos duvidam do nosso sucesso. Mas eu sei que iremos vencer qualquer batalha. Bem tenho essa esperança, pelo menos.

Todos os que aqui trabalham são voluntários, não recebemos nada. Temos alguns médicos reformados amigos do Dr. Smith, que como não gostam de ficar parados em casa, ofereceram-se para nos ajudar. Temos enfermeiras que por um ou outro motivo não conseguiram emprego e que se ofereceram para nos ajudar, mesmo sabendo que não iremos conseguir pagar. E temos pessoas que tem outro tipo de formação, como a minha Dak ou a Eloise, que nos ajudam como podem.

— Nervoso? — pergunta-me Dak.

— Sim. Sei que tenho sido optimista, que tenho tentado passar a ideia que tudo vai correr bem, mas...

— Mas nada. Jamie, vai correr tudo bem. A diferença, é que neste momento vamos ter um espaço coberto para atender todas aquelas pessoas. Os recursos serão um pouco melhores? Sim, serão, graças a ti.

— E quando os aparelhos avariarem, porque eles vão. E quando não tivermos recursos humanos para tratar toda a gente? A maioria dos enfermeiros e dos médicos são voluntários, quando conseguirem emprego, muitos deles iram sair da clínica...

— E nós arranjamos mais. — Eu ia falar, mas Dak não me deixou e continuou...— Jamie sempre conseguimos tratar as pessoas com muito menos do que temos hoje. 

— Eu sei. Eu só gostava de conseguir mais, de ajudar mais.

— Tu já fizeste muito. Agora deixa-te de inseguranças, e vamos embora.

E assim saímos do meu apartamento. Sim acabei por alugar um apartamento. Nada de grandioso: dois quartos, sala, cozinha e um pequeno escritório. Lucas o meu primo veio morar comigo durante algum tempo. Então partilhamos as contas. O caminho até à Clínica não demorou muito. Já estavam lá todos: o Dr. Smith, Don e Mel com as filhas, o meu primo que foi o arquitecto do projecto, e muitos dos voluntários.

— Jamie.— Dr. Smith chama-me...— Não sei como te agradecer, este é o meu sonho concretizado. Prometo-te que um dia te devolvo todo o investimento que fizeste aqui.

— Eu fiz o que senti que tinha a fazer, não há nada a devolver.

— Colin, Jamie...está tudo pronto para cortarem a fita. — Diz Don.

Liberdade e AmorWhere stories live. Discover now