29 - Holambra (Ricardo)

30 6 4
                                    

Assim que deixo o elevador percebo Edu comemorando no corredor depois de conferir o celular. Parece uma criança que ganhou o presente tão desejado. Coloco as mãos nos bolsos e me aproximo devagar. Quando ele se vira e me vê, tenta disfarçar.

— Tarde demais. Eu já vi toda essa felicidade — comento rindo. — Aconteceu algo especial?

— Digamos que minha vida começou a ficar um pouco mais interessante. — Eduardo se encosta à parede atrás de si e sorri novamente.

— Isso tem algo a ver com a garota que vê cheiros e sente o aroma e sabor dos sons?

Ele coça o queixo, ponderando se deve ou não me contar alguma coisa.

— Sabe alguma coisa sobre cavalos? — ele questiona.

— Eu sabia! Você já caiu nos encantos da garota.

— Não posso negar, ela é fascinante. Tudo sobre ela me deixa curioso, e desperta o meu desejo de saber mais.

— Só se certifique de que gosta mesmo dela e não a trate como uma aberração que você precisa estudar e desvendar.

— O que quer dizer com isso?

— Sei lá, o jeito que você fala sobre ela, parece que está fascinado pela condição de Crystal e não apaixonado por ela.

Edu me encara pensativo. Talvez ele ainda não tenha pensado sobre isso.

— Serena e eu vamos viajar esse final de semana, então não estranhe se não estivermos por aqui.

— Ah sim! Eu me encontrei com ela e Lena. Elas me contaram — afirma. — Deve ser difícil pra você. A família de Serena é bem conservadora e ela também.

— Eu esperei sete anos para conseguir me aproximar novamente de Serena e pensei que o máximo que poderia fazer seria abraçá-la. E eu ficaria contente se pudesse apenas observá-la de longe, se pudesse estar perto dela, ouvindo suas histórias e consolando quando ela precisasse de mim. Eu a amaria sem esperar nada em troca. Seria difícil, mas eu a apoiaria amar e ser amada por outra pessoa, se isso a fizesse feliz — explico. — Então, não acho difícil poder estar com ela, tocá-la, beijá-la e amá-la com todo meu coração, sem precisar me segurar em um pensamento restritivo do que um irmão pode ou não sentir.

— Uau! — ele exclama surpreso.

— Não me entenda mal. Eu a quero e a desejo ardentemente. Mas eu a respeito e esperaria mais sete anos para torná-la minha por completo se fosse necessário.

Edu meneia a cabeça sorrindo.

— Eu sinto muito — digo. — Sempre me esqueço de que você também estava apaixonado por Serena.

— Não é isso — ele diz apontando. — Acho que alguém gostou de saber como você se sente.

Eu me viro e dou de cara com Lena e Serena me encarando, imóveis.

Lena se aproxima, toca meu ombro e sorri.

— Você ganhou minha aprovação. Vá em frente e espere mais sete anos — ela diz. — E aí Edu?

Lena e Edu começam a colocar o papo em dia. Serena sorri e caminha lentamente até mim. Ela me abraça apoiando a cabeça em meu peito.

— Você é incrível. Não sei se te mereço — diz Serena ainda colada a mim.

— Você merece o melhor. Eu ainda não sou tudo o que você merece, mas eu vou me tornar melhor a cada dia para fazer você muito feliz e compensar todo o sofrimento que eu causei — prometo.

— Não diga isso. Eu sempre achei tão difícil amar alguém. Todo mundo me pergunta como consegui ajudar muitas pessoas a encontrarem um amor pra sua vida ou superar um coração partido. Eu consegui por sua causa. Amar você é tão fácil pra mim! Consegui ajudá-los porque eu sei como é quando o amor não existe, mas principalmente porque eu conheço como é amar alguém tão profunda e verdadeiramente a ponto de reconhecer qualquer falso sentimento.

Romântica (COMPLETO)Where stories live. Discover now