9 - Grande Impacto (Ricardo)

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— Não quero esperar até amanhã. Farei isso hoje. Eu colocarei ponto final em tudo isso. Em você e nessa maldição. Tenho o direito já que ganhei a aposta. Será meu prêmio — afirma Serena.

Eu não consigo entender o que ela está falando. Está dizendo que gostar de mim é como uma maldição? Isso me deixa um pouco irritado e por um instante não consigo me controlar.

— E como você pretende fazer isso? — pergunto. Talvez isso tenha soado um pouco mais irritadiço do que eu pretendia. — Sobre mim, sobre o que você acha que é uma maldição, feitiço ou sei lá o quê?

Inesperadamente ela se aproxima segurando meu colarinho com força e me beija. Sinto uma corrente elétrica atravessar todo o meu corpo. Eu consegui me esquivar todas as outras vezes, mas não estava preparado para essa. Não consigo me afastar. Talvez seja por causa do cheiro doce de seu perfume ou simplesmente porque eu sempre a desejei. Ela se afasta devagar e seus olhos cor de âmbar penetram nos meus. Por um segundo, eu quase perco o que me resta de ar. Meu Deus, essa garota.

Quando Serena se afasta, eu a puxo de volta, pela cintura, porque não foi suficiente. Seus lábios finalmente voltam aos meus e a sensação é tão boa que parece apagar qualquer problema que exista, qualquer empecilho que nos impeça de ficar juntos.

Ela passa seus braços em volta do meu pescoço, como se não suportasse a ideia de me deixar ir, e eu a sinto tremer abraçada a mim. Só então eu me dou conta do que estou fazendo e me afasto.

— Serena, nós não devíamos. O que eu estou fazendo? Ah, meu Deus! Não! Eu não posso...

Ah! Se ela soubesse o segredo que eu sou obrigado a guardar desde os dezoito anos.

— O quê? — pergunta inconformada.

Ela nunca irá me perdoar depois disso, mas ainda assim, não posso contar pra ela. Isso seria pior.

O que foi que eu fiz? Todo esforço para me aproximar dela novamente e ser pelo menos seu amigo foi em vão. Eu acabei de estragar minha última chance.

— Você não entende, Serena. Você nunca vai entender, mas nós dois não podemos ficar juntos — digo.

Serena ri debochadamente. Ela entenderia se eu contasse, mas também teria mais um corte em seu coração.

Vê-la tão inconformada e confusa dói mais do que o tempo que eu tive que aguentar longe dela. Eu nunca deveria ter voltado.

Ela ainda grita revoltada comigo e eu queria poder me explicar. Eu tento, mas tudo o que sai da minha boca soa como uma lamentação terrível.

Sinto vontade de sentar no chão e chorar como um bebê quando ela continua falando como se eu colocasse a culpa nela, e me pede para manter distância. Eu imploro, não quero me distanciar de Serena novamente. Eu ainda preciso dela.

— Então me avise quando estiver pronto para contar porque ter me beijado foi algo tão terrível.

Eu arregalo os olhos e passo a mão novamente pelos cabelos. O que ela está dizendo? Eu só vou poder me aproximar dela de novo quando puder contar tudo? Meu Deus, o que foi que eu fiz? Meu descontrole emocional apenas fere a todos ao meu redor. Eu não posso lidar com isso sozinho, mas ao mesmo tempo não consigo simplesmente contar tudo.

É doloroso ver Serena se afastar de mim mais uma vez. Eu simplesmente não tenho a menor ideia de como corrigir isso.

[***]

É domingo e evidentemente não estou mais em Boston. Ninguém tem noção disto, mas já faz um ano que moro aqui. Não tem limonada cor de rosa, mas me apaixonei pela "limonada suíça" que fazem por aqui.

Romântica (COMPLETO)Where stories live. Discover now