Ando pelo bairro ao redor do consultório procurando uma lanchonete onde eu possa comprar uma coxinha de frango com catupiry. É tudo o que eu preciso almoçar hoje.
— Alô — atendo o celular.
— Que desânimo! Dormiu mal de novo, foi? — a voz de Lena soa mais como uma bronca do que como uma pergunta.
— Eu só quero uma coxinha e um copo grande de refrigerante — respondo.
— Então me espera onde está. Eu sei o lugar perfeito para te levar.
— Você é a pessoa mais linda desse mundo — afirmo.
Lena ri. Ela tem esse jeito rústico e todo debochado, mas é a única pessoa que eu preciso agora. Sempre posso contar com ela quando algo de errado está acontecendo.
Nós nos sentamos numa lanchonete pequena, mas aconchegante.
— Eu descobri esse lugar na semana passada. Como acha que ganhei uns quilinhos? Isso aqui deveria ser proibido — explica me arrancando uma risada. — O que aconteceu? Coxinha e chocolate no meio do dia é sinal de que está furiosa e precisa se acalmar.
— Tirei uma semana de folga e quando decido voltar, parece que o universo está contra mim.
— O que quer dizer? É por causa da família do Rick morar bem de frente pra sua?
Meneio a cabeça discordando, mas antes de falar qualquer coisa espero a moça colocar nossos pedidos na pequena mesa.
— Isso também, mas hoje, quando cheguei ao consultório dei de cara com João.
— Seu ex? Aquele nervosinho?
— Sim. Disse que sou responsável por ele não conseguir mais controlar a raiva. Afirmou que não consegue se relacionar com ninguém porque, por minha causa — enfatizo —, ele não pode confiar nas mulheres.
— Por favor, me diga que se recusou a atendê-lo — diz Lena, dando uma mordida generosa em seu salgado. Eu faço o mesmo antes de continuar:
— Eu expliquei que seria antiético me tornar sua terapeuta, mas que por consideração eu poderia ouvi-lo e encaminhá-lo para um colega apropriado que pudesse ajudá-lo.
— Deixe-me adivinhar. — Lena descansa o salgado no prato e me encara antes de afirmar: — Ele ficou bravo com você e disse que você precisava resolver, já que a culpa é sua.
— Como sabe? — questiono.
— Ah, Serena. Pelo amor de Deus. Aquele idiota namorou você só cem dias e fez algo assim toda semana.
— É verdade.
— E o que você disse? Não ficou com pena dele não, né?
— Eu disse que todos os sinais indicam que ele tem sim um problema psicológico e que suas atitudes são, em sua maioria, manipuladoras. Expliquei que existem vários problemas que podem levar alguém a desenvolver esse hábito de maneira intencional ou não. Pedi um exame e fiz um encaminhamento para um colega especialista em transtornos sérios de personalidade.
Lena quase engasga antes de explodir em risadas.
— Meu Deus! Serena, você é a melhor terapeuta que eu já conheci.
— Eu não estava brincando ou tentando ofendê-lo, falei sério. Não posso ser médica dele. Primeiro, porque ele não me respeita como profissional e segundo porque tivemos um relacionamento, não seria certo. Demorou, mas eu consegui convencê-lo disso.
— Então por que continua irritada?
— Quando ele saiu, Diogo entrou.
— Diogo? O Professor de Química que você namorou? Mas ele não morava em BH?
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Romântica (COMPLETO)
RomanceCOMPLETO Sinopse: Serena se recusa a desistir do amor, tanto que decidiu se tornar terapeuta especializada em ajudar pessoas, com algum trauma amoroso ou coisa parecida, a se reerguer e encontrar o verdadeiro amor. Ironicamente, depois de ser rejeit...