11 - Tudo em um mês (Serena)

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Respira. Inspira. Eu consigo. Vai passar. Repito para mim mesma. Evidentemente estou tendo uma crise de ansiedade.

— Primeiro, se acalme — diz Edu, me conduzindo para dentro de seu apartamento.

Eu me sento no sofá Cinza de Suede, imensamente confortável. Aos poucos consigo respirar e parar de chorar. Edu me entrega um copo d'água e se senta de frente para mim, me observando.

— Seu apartamento é mais bonito do que o meu — digo e ele ri.

— É isso que você fala depois de chorar desse jeito? Sinto muito, acabei de limpar — ele brinca, fazendo-me rir.

— Eu não sei mais o que fazer. A cada dia que passa, eu me sinto mais patética. Estou com vergonha de você, mas imensamente grata por me ouvir, não só hoje, mas esse tempo todo.

— Desde quando você tem crises de ansiedade? — ele pergunta.

— É a primeira vez — afirmo. — Eu já vi muitos pacientes em crise, mas nunca havia me sentido assim antes.

— Você quer me contar o que aconteceu?

— Não foi algo que planejamos, mas ele é meu paciente. Tentei deixar a Serena apaixonada do lado de fora do consultório e ser apenas a Serena Terapeuta. Evidentemente não funcionou.

Edu cerra os olhos e seu rosto expressa um semblante preocupado.

— Daí ele disse que eu deveria dar uma chance para outra pessoa. Que seria melhor para mim — continuo. — O que me deixa magoada é o fato de que eu consigo ver claramente que ele tem sentimentos por mim, mas insiste que não podemos ficar juntos por causa de um "segredo". Não acho justo que ele não me conte. Isso acaba comigo. Ou me fala de uma vez ou vai embora e nunca mais volte. Estou pedindo demais?

— Você está certa. Esse cara devia te contar o que esconde, pra vocês resolverem juntos, ou te deixar em paz de uma vez.

Finalmente alguém pra me ouvir e concordar comigo!

— É isso. Ele é um covarde.

— Mas você sabe que acabou de vir até mim e dizer o nosso código, não sabe? — Edu me pergunta, travesso.

Seco às lágrimas com o dorso da mão e engulo em seco. Fui precipitada? Toda terapeuta deveria ser totalmente organizada, não deveria? Por que eu sou o completo oposto? Por que eu sempre faço tudo impulsivamente?

— Não se preocupe. Eu estou brincando. Não pretendo pressionar você, mas quero te ajudar. Você só tem duas opções, sabe disso, não sabe?

Confirmo com um breve movimento de cabeça.

— Eu posso matá-lo na divisa com o Paraguai, porque tecnicamente não seria crime nacional, ou eu posso jogá-lo da janela e confessar. Crime de primeira instância não dá muitos anos de prisão. Dá?

— Serena... Estou falando sério.

— Posso aceitar ser amiga dele e continuar aguentando ou pedir que saia totalmente da minha vida.

— É isso. Eu não posso decidir por você. Quer ouvir uma coisa interessante?

Apenas consinto.

— Você foi meu primeiro amor — ele diz, a naturalidade com que ele diz isso é surpreendente. — Eu era tímido demais para me declarar, mas cheguei a fazer uma cartinha e tudo mais. Acho que John era mais rápido do que eu.

— Eu sinto muito, não sabia — digo.

— Não é sua culpa. E não precisa se preocupar. Depois acabei me apaixonando por outra pessoa e fui um covarde novamente. Tanto, que ela se casou com outro.

Romântica (COMPLETO)Where stories live. Discover now