26 - Primeiro mês (Serena)

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Não sei quando foi que passei a admirar qualquer nascer do sol ou crepúsculo. Tenho feito coisas que não fazia antes. Acordo cedo para caminhar e às vezes fico observando as pessoas caminhando ao redor da praça. É tão lindo!

Noto uma garota de cabelo castanho caminhar com seu poodle fofo. É uma graça, mas ela parece desengonçada. É interessante como a menina se parece com seu cachorro, ambos tão fofos e delicados. Eita! Agora o poodle escapou e saiu correndo. Hesito entre me levantar e correr pra ajudar e permanecer onde estou torcendo para que alguém a ajude. De qualquer forma, calculando daqui, eu nunca chegaria antes da própria dona, então é inútil.

Vejo Edu passar pelo pequeno cão e parar. Ele parece tão confuso quanto eu. Poxa. Está tão perto do cachorrinho, é só ajudar. Meu amigo olha pra trás inconformado e corre atrás do poodle, conseguindo alcançá-lo. — Isso! — eu comemoro sozinha.

Edu entrega o animal para sua dona e a moça parece puxar um assunto. É claro que estou longe demais pra ouvir a conversa, mas noto quando ele entrega um cartão para garota. Não é possível que ele já esteja se oferecendo para ser "Personal Trainer" dela. Que safadinho. Já posso imaginar a conversa. "Escuta só, se quiser correr tão rápido quanto eu, pode me procurar. Faço um desconto para mulheres bonitas como você". Sorrio depois de imaginar como foi a conversa entre os dois. Daqui consigo ver o quanto a moça está vermelha.

— O que faz aqui tão concentrada? — questiona Lena.

Quase caio do banco.

— Nada. Estou só imaginando coisas na minha cabeça. Devo me tornar escritora e desistir da psicologia? — Encaro minha amiga com os olhos esbugalhados, ainda de susto.

— Não! Você só vai escrever histórias tristes que envolvam problemas psicológicos.

— Ridícula.

— Por falar nisso, ouvi que tem uma escritora interessada em escrever a história de Clara — comenta Lena.

— Clara? Ana Clara? Nossa amiga?

Ela meneia a cabeça concordando.

— Que legal! Deve ser por isso que ela anda tão ocupada e nem tem tempo pra se encontrar com a gente. O único contato que temos é pelas redes sociais.

— Sim. Ela anda bem atarefada mesmo. É o "jeitinho Clara de ser", você sabe.

— Eu preciso ir, Lena. Nós nos vemos no almoço? Preciso te contar como foi o jantar na casa do Edu.

— Sim, frango frito? — pergunta.

— Pode ser.

— Deu tudo certo no jantar? — grita, antes que eu esteja longe demais.

— Claro que não! — respondo e ela ri.

[***]

Désiré chega ao meu consultório, mais linda do que nunca e gritando feito uma gralha.

— Que saudade da minha terapeuta! — ela exclama.

Sorrio tentando entender a euforia.

— E como está a vida de casada?

— Muito boa.

— Fico muito feliz. Comece me contando um pouco sobre como é o relacionamento de vocês.

Minha paciente conta sobre a lua de mel em Paris, a casa, os vizinhos, que ela não gosta, e todas as coisas que estou acostumada a escutar.

— ... E eu te agradeço muito, Serena, por ter me ajudado a ter um bom relacionamento.

Romântica (COMPLETO)Where stories live. Discover now