3 - O inverno é parecido com a tristeza (Serena)

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Quase seis meses de terapia com três profissionais diferentes e eu ainda me sinto quebrada. Toda vez que eu não consigo aguentar a dor, tenho crises e envio mensagens ou ligo para o número antigo de Rick. Obviamente o celular já deve ser de outra pessoa.

Se eu pudesse voltar atrás pediria que minha mãe nunca me desse esse celular. O número dele provavelmente mudou, mas o meu ainda é o mesmo. Ele poderia me ligar, contar como está tudo por lá ou mandar um sinal de fumaça, sei lá.

— Pensativa de novo? — pergunta John sentando-se do meu lado na quadra de esportes.

— Apenas tentando esvaziar a mente — digo.

— Uma mente ainda repleta de Ricardo — reclama.

— Sinto muito. Eu queria poder retribuir os seus sentimentos — afirmo.

— Você não precisa retribuir, pode apenas me dar uma chance para que eu possa te ajudar a esquecê-lo — argumenta.

— John, eu...

— Não precisa me responder agora, vamos deixar o final de semana passar, na segunda-feira a gente conversa novamente. Mesmo se a sua resposta for "não", o baile de formatura é meu hein! Não esquece que você já disse sim.

— Combinado.

As férias de Julho foram exatamente como as férias do final do ano, um "grande nada pra fazer". Clara tem sorte de poder ir para sua cidade Natal, pelo menos ela distrai revendo os antigos amigos. Ou não! Talvez seja ainda pior ficar relembrando seu primeiro amor em cada esquina. Não é muito diferente do que acontece comigo.

— Já me esqueceu? — pergunta Clara.

Eu me levanto para abraçá-la.

— Ai que saudade que eu estava de você. A nossa rua não é a mesma sem a sua risada — digo. — Como foi tudo? Você parece desanimada.

— Um pouco triste, na verdade — comenta cabisbaixa. — Eu amei rever Nina e Alice. Passar um tempo com elas foi muito divertido e reconfortante, mas já faz mais de um ano, Serena. Ninguém tem notícias de Sook e sua família. Eles simplesmente sumiram. Não saber nem ao menos como eles estão é muito perturbador.

— Ah, não chora. Vem cá! — Eu a abraço novamente.

Consolar outros quando você mesmo está repleta de cacos por dentro até que é revigorante.

— E o que você está fazendo aqui sozinha? — pergunta.

— Lembrando — explico.

— Você não está muito diferente de mim, não é mesmo? — diz sorrindo.

Do nada começamos a rir da nossa própria falta de sorte.

— Fiquei sabendo que a sua tia vai se casar com um coreano, é verdade? Tá no sangue gostar de coreanos? — zombo.

— Nada a ver. Ele é chinês. Um Chinês bem bonitão — ela responde rindo.

— Como dorameira, preciso aprovar essa união — digo fazendo Clara gargalhar.

— Quer ir ao casamento junto comigo? — pergunta.

— É claro. Vai ser divertido. Pena que Lena está viajando ainda, ela ama casamentos — comento.

[***]

A genética desta família é incrível. A mãe de Clara é linda, a tia dela se parece demais com a irmã, é apenas um pouco mais nova e até mesmo Clara se destaca com esses olhos azuis de dar inveja.

Romântica (COMPLETO)Donde viven las historias. Descúbrelo ahora