— Deixe-me ver se eu entendi — raciocina Lena. — Você quer que eu vá com vocês para Holambra segurar vela para o casalzinho meloso que fica se agarrando durante o que deveria ser a sessão de terapia? Tô fora!
— Lena, pensa bem! Você vai poder conhecer os campos floridos de graça. Rick vai pagar tudo. E você não precisa ficar colado na gente. É só pros meus pais me deixarem ir. Eu e Rick já ficamos sozinhos milhares de vezes e não ultrapassamos nenhum limite, mas você conhece meus pais.
— Piorou. Daí eu vou ficar perdida e sozinha em um lugar desconhecido.
Enquanto tento argumentar para convencer Lena a mudar de ideia, alguém toca a campainha e Lena se levanta para atender. Levo os copos que estávamos usando para tomar refrigerante até a pia, para que o ambiente pareça limpo e organizado.
— O que estão fazendo aqui? — ouço Lena perguntar com um tom áspero.
— É assim que uma filha deveria receber seus pais em sua casa? — a voz arrogante de seu pai ainda me faz estremecer. Desde a adolescência que eu o acho assustador.
— Vocês nem sequer me avisaram que viriam. Isso é quase uma invasão — reclama Lena, sentando-se no sofá.
Ela cruza os braços na frente do corpo e vira a cabeça para o lado, claramente desconfortável com a presença dos pais.
— Nós te falamos que não deixaríamos você continuar com essa bobagem de morar nesse fim de mundo atoa! — sua mãe exclama, sentando ao lado da filha.
— Aqui não é um fim de mundo, mãe. É a cidade em que eu escolhi morar. Aqui é a quinta cidade mais segura do país, sabia? É a vigésima mais bem desenvolvida, então não menospreze o lugar onde eu e minhas amigas vivem.
— Terá que vir conosco Lena. Vai trabalhar comigo na empresa e esquecer essa coisa de ser costureira — o pai esbraveja.
— Não sou costureira, pai. Sou estilista. Tenho um bom emprego aqui. Eu recebo bem e já fui efetivada. Estou feliz e realizada. Vocês não conseguem enxergar isso?
— Você já tem quase vinte e três anos, querida. Está na hora de ser responsável, se casar, trabalhar e constituir sua própria família. — A mãe de Lena coloca a mão em seu ombro.
Mais uma vez a campainha toca.
— Pode deixar. Eu vejo quem é — sugiro. Mas o pai de Lena me impede e diz que ela deveria atender.
Minha melhor amiga respira fundo e se levanta desanimada. Parece carregar um fardo pesado em seus ombros. Ela perdeu totalmente o brilho no instante em que seus pais chegaram. O resto de seu ânimo vai embora assim que ela abre a porta. Um rapaz alto, negro, bonito e muito bem vestido a encara.
— Ah meu Deus! — exclama Lena apertando a mão com força na maçaneta da porta.
— Oi prima! Posso entrar?
— Entre — ela diz.
Conheço bem minha amiga para poder afirmar que ela está prestes a explodir.
— Ulisses é o presidente da empresa de seu pai agora, Lena. — O pai de minha amiga se ajeita no sofá, orgulhoso.
— Essa é sua ideia pai? Quer que eu me case com meu primo? É isso? — Lena leva às mãos a cintura, revoltadíssima.
— É seu primo de quarto grau, menina. Nem sei se pode ser considerado parente mais. Não seja tão ridícula. Ele gosta de você desde que eram crianças — seu pai refuta.
— Eu sei disso, mas ele sabe muito bem que eu nunca gostei dele dessa forma. Não posso me casar com alguém só porque você acha isso uma boa ideia, pai! — ela puxa o ar com força novamente. — Desculpe Ulisses, não quero ferir seus sentimentos, mas não vai rolar. Eu não quero me casar agora e fazia uns mil anos que eu nem te via.
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Romântica (COMPLETO)
RomanceCOMPLETO Sinopse: Serena se recusa a desistir do amor, tanto que decidiu se tornar terapeuta especializada em ajudar pessoas, com algum trauma amoroso ou coisa parecida, a se reerguer e encontrar o verdadeiro amor. Ironicamente, depois de ser rejeit...