Alguns anos antes:
Eu odeio acordar e ter que ir a escola. O ensino médio é uma droga e eu não me encaixo em nenhum dos grupos idiotas que existem naquele lugar. As garotas populares só pensam em meninos, roupas caras e em manterem uma ridícula aparência de felicidade. Uma felicidade que certamente não existe. O grupo dos valentões me marcou para ser a vítima da vez, eu era a única feliz de verdade naquela bosta de lugar e pelo visto preciso ser punida por isso.
— Tira esses fones de ouvido. Depois que seu pai te deu essa coisa nem tem como conversar com você — grita minha mãe.
Eu retiro os fones e suspiro.
— Mãe, esse MP4 é a única motivação que eu tenho para terminar o ensino médio. Inclusive, mamãe querida, é o penúltimo ano. Todo mundo já tem um celular, eu sou a única que ainda não tem. A senhora podia considerar me dar um — peço, pela milésima vez, mesmo sabendo que ela não vai comprar.
— Sem chance. Não está na hora para mais uma atualização querida. Você já tem o computador e a internet que tanto queria, sinta-se satisfeita.
— Eu tentei! — exclamo colocando de volta os fones de ouvido.
— Não vai tomar café da manhã?
— Se eu comer qualquer coisa eu vou vomitar assim que chegar naquele lugar nojento — afirmo.
— É o segundo dia do penúltimo ano, fique contente — ela grita antes que eu saia.
É claro. Segundo dia de mais um ano inteiro de tortura. Antes eu tinha esperança, mas agora eu já desisti. São sempre os mesmos alunos, os mesmos grupos e o mesmo bullying de sempre.
Respiro fundo antes de entrar e enfrentar o segundo dia no inferno. Eu estou atrasada, esse corredor é imensamente largo, mas é claro que uma das bonitonas tinha que esbarrar em mim e derrubar todas as minhas coisas. Eu já nem espero um pedido de desculpas, acho que me acostumei com a situação patética em que vivo. Ela me olha e abre um sorrisinho irritante antes de rir com as amigas. Danielle consegue ser uma otária na maior parte do tempo e ainda se orgulhar disso. Sinto inveja, queria ter essa autoestima.
— Deixa que eu te ajude com isso — diz um garoto já recolhendo a maior parte dos meus livros.
Eu diria que isso é o clichê perfeito se não soubesse que as coisas que há nos livros e filmes não acontecem na vida real. Aqui, nessa situação, é só um garoto legal me ajudando a me sentir ainda mais idiota.
— Nunca te vi por aqui, mas já vou avisando, se escolher me ajudar vai criar um problema para si mesmo — afirmo, mas ele me ignora.
— Querido John! — Ele lê a capa do meu livro. — Gosta de Nicholas Sparks?
— É o meu livro favorito no momento — respondo. — Você gosta?
— Eu não leio muito, mas eu já li "Um amor para recordar" — diz. — A propósito, eu sou o John. — Ele estende a mão e eu dou risada.
— É sério? Você tá brincando né? Veio de onde? Da Inglaterra?
— Eu não estou brincando. É que a minha mãe é fã do John Lennon. Eu vim do bairro vizinho — ele responde rindo.
— Seja bem vindo John. Essa escola é uma merda e as pessoas são orgulhosas. Você pode odiar ou amar, isso depende de com quem você conversa, então para o seu bem, eu o aconselho a ficar longe de mim ou você pode se sentar num alfinete amanhã.
— Relaxa! Eu já fui até preso no banheiro. Acho que dou conta.
— Obrigada por me ajudar — digo saindo de perto dele. Ele não está me entendendo. Ficar perto de mim é suicídio social.
BINABASA MO ANG
Romântica (COMPLETO)
RomanceCOMPLETO Sinopse: Serena se recusa a desistir do amor, tanto que decidiu se tornar terapeuta especializada em ajudar pessoas, com algum trauma amoroso ou coisa parecida, a se reerguer e encontrar o verdadeiro amor. Ironicamente, depois de ser rejeit...