15 - Esperança (Serena)

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— Não tem uma desculpa melhor? Isso é ridículo! — digo sentindo o nó na garganta. Rick não se move.

Ele não parece bem, mas ao mesmo tempo seus olhos molhados mostram um tipo de dor misturada com alivio. Rick acredita que somos irmãos. Está aliviado por finalmente contar.

— Não! — Balanço a cabeça. — Isso é impossível. Eu... Meus pais... Eles não...

Tento respirar normalmente, mas há muita água e pouco ar. Aqui não. Não posso ter uma crise de ansiedade agora. Por favor, não!

Rick deixa as lágrimas escaparem e se perderem na chuva. Seus ombros caem e ele baixa a cabeça.

— É por isso que eu não queria contar. Sabia que isso te faria mal. Há muito a explicar. Primeiro, vamos sair da chuva — sugere, passando às mãos pelos cabelos molhados.

Ele tenta segurar meu braço. Eu impeço.

— Você não sabe de nada, Rick. Está inventando. Não podemos ser irmãos, você e eu temos praticamente a mesma idade.

— Serena, meu pai... Eu o ouvi dizer que...

— Eu não quero saber. — Eu me viro de costas para ele. Não posso acreditar. Não pode ser verdade. — Se não me quer, poderia ter inventado qualquer outra coisa. Envolver a minha família não é justo.

Olho de relance quando ele toca meu ombro. Rick fecha os olhos e outra lágrima escorre devagar por sua bochecha.

— Você. — Minha respiração sai rápida e entrecortada. Pesada, até, como se eu tivesse corrido por uns dois quilômetros ou feito a sequência de exercícios que Edu chama de "circuito". — Você está falando a verdade?! Tem certeza de que somos irmãos?

— Não tenho nenhum DNA para comprovar, mas tenho certeza de que escutei bem quando minha mãe dizia que havia descoberto que meu pai e sua mãe tinham uma filha e meu pai tentava explicar a situação.

— E o que mais você ouviu? — Meu peito ainda dói e me esforço para respirar com cuidado.

— Que se nós dois continuássemos amigos, uma hora ou outra iriámos descobrir tudo.

— E esse foi o motivo do divórcio de seus pais? — Minha voz ainda sai entrecortada.

— Não, as brigas foram por outros motivos, como eu te contei na terapia.

— Não dá. Eu não consigo acreditar em tudo isso, eu realmente não posso imaginar meus pais... Não dá Rick. Eu preciso ir.

— Eu vou te levar, estamos muito molhados e somos vizinhos. Eu não posso deixar você ir sozinha. Não neste estado. — Ele aponta para mim. Estou completamente encharcada. Eu e o vestido caro quase nos tornamos um só. — Quero cuidar de você.

— Como sua irmãzinha? — zombo. A piada mais triste que já fiz na vida.

— Tecnicamente você seria minha irmã mais velha, sou um ano mais novo.

— Você vai me contar tudo o que sabe? Tudo o que desconfia?

— Sim.

— Então vamos continuar essa conversa no seu apartamento.

Ele assente.

[***]

Não consigo impedir as lágrimas que continuam descendo. É impossível controlar.

Rick põe água para ferver e coloca uma toalha sobre os meus ombros.

— Se quiser se trocar, pode usar esse pijama, eu acabei de comprar. — Ele deixa a roupa ao meu lado.

Romântica (COMPLETO)Where stories live. Discover now