Capítulo 35: Humilhação

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Amberly

Acordei no mesmo lugar, na mesma posição, a mesma dor de cabeça, a mesma perna sangrante, tudo igual ao sonho anterior. O meu inferno pessoal.

Mas agora uma coisa se destacava, as coisas não passavam tão rápido assim, tão assustadoras assim. Lógico, eu estava amarrada com cordas, isso era novo, e a cada movimento que executava, sentia a corda raspando e puxando meu pescoço. Quem fez isso foi inteligente, a pedra silenciosa também se encontrava em volta, mas não era como no sonho a ponto de me fazer querer morrer.

Por um momento eu quis que apagassem todas as luzes, meus olhos ainda não haviam se acostumado com a lâmpada branca que iluminava todo o local. Tentei me arrumar em alguma posição que ficasse bom para me aconchegar enquanto eu não descobria que merda estava acontecendo. Por um segundo, fechei meus olhos e imaginei onde eu estaria quando tudo isso acabasse, quando Janet estivesse presa ou morta e eu estaria por aí sem rumo. Sem um objetivo, talvez eu voltasse para a casa do Zayne e tentasse uma nova vida com ele e com Jacob, além de visitas para a Taylor, já que não arranjei uma forma de contar pro Zayne que são dois. É melhor para ele que seja apenas uma preocupação em sua vida além da pobreza.

Quando fechei os olhos, eu já sabia que alguém estava se aproximando. Alguém que queria respostas, uma pessoa que estava querendo machucar alguém a muito tempo.

─ Quando eu ouvi que te chamavam de traidora, eu não achei que realmente fosse uma ─ Janet entrava com um segurança atrás dela. Se eu não fosse prisioneira dela agora, diria que ela estava gostosa demais para a ocasião, mas de imediato eu lembro que não era a minha Janet, e sim uma cópia barata. ─ É incrível como você muda de opinião rápido ─ ela ria sozinha, talvez por ser tão burra achando que eu era diferente, que eu era leal, mas parei de ser leal quando percebi que Janet não era mais a mesma.

─ O que você fez? ─ perguntei para ela, isso não estava me cheirando bem. Eu também tinha minhas perguntas que precisavam de resposta.

─ Por que se aliou ao Norman, Amberly? ─ ela me ignorava, como se eu nunca tivesse aberto a minha boca.

─ O que você fez comigo, porra? ─ tentava me mexer, mas mesmo se eu tentasse puxar o último resquício de empatia que ela tinha por mim, não seria o suficiente. Ela não se importa mais, acho que essa nova versão nunca se importou. 

─ Eu te deixei melhor, Amberly ─ ela agachava para ficar na minha altura ao chão. ─ Eu peguei todos aqueles traumas, todas as suas memórias ruins e as transformei em algo maior. Logo você vai perceber a diferença ─ mas que merda. Ela tinha feito algo mental comigo e agora eu não poderia me livrar. ─ Minha arma pessoal ─ ela ria da minha cara, da minha preocupação e meu desespero. Ela iria me usar contra Norman e Kane e eles não vão parar por minha causa, vão passar por cima de mim como lixo. ─ Norman e Kane tem a sua, não acho justo apenas um lado sair ganhando.

Por um instante pensei em Andrew, em tudo que ele passou dentro da resistência, eu sei que ele pode ser uma arma, mas ao mesmo tempo lembro de Kaley, a soldada mais leal de Norman. Andrew tem capacidade para matar alguém, ele já fez isso mais cedo do que eu e lidou melhor com isso do que eu. Não sei se Andrew teria coragem de me enfrentar, porque nem eu conseguiria fazer o mesmo.

─ Agora você responde a minha pergunta ─ sentia ela se aproximando cada vez mais de mim, aos poucos me sufocando com a falta de espaço ─ Por que se aliou a Norman? ─ tentei procurar uma justificativa mais justa, mas nada me ocorreu a mente além da verdade. Me aliei a Norman por causa dela, por causa de suas intenções, e por causa de tudo isso eu não posso continuar achando que só porque a amava, deixaria ela fazer o que quiser com tudo isso. Apenas não conseguia resumir tudo isso em palavras.

─ Porque não é certo ─ foi a única coisa que saiu pela minha boca, a única coisa que consegui dizer. 

─ E é por isso que está mandando Norman e os demais para a morte? ─ não sabia o que ela queria dizer com isso. ─ Eles vão vir até aqui por você, por esse território. Não vou deixá-los irem sem acabar com boa parte deles ─ por um instante, quis acabar com ela aqui e agora, mas acabei lembrando que ela iria acabar comigo mais rápido que o normal.

─ Eu faço qualquer coisa, Janet. Qualquer coisa por você, apenas abandone esse maldito plano e pode fazer o que quiser comigo ─ foi como um impulso, eu não sabia o que iria acontecer e simplesmente falei a primeira coisa que veio pela minha cabeça. Por um momento me senti corajosa, estava disposta a deixar tudo pra trás apenas para ter a segurança do meu irmão. Por outro lado, eu sei que ela não vai abandonar tudo isso apenas por mim.

Sem hesitar Janet me chutou não apenas uma vez, mas sim umas quatro vezes. Duas na barriga e duas no rosto, fazendo com que meu nariz sangrasse. Não foi tão ruim, sei que poderia ser pior, mas o choque foi tanto que por um instante queria chorar não apenas por causa da humilhação, mas sim porque eu a amava e agora ela tinha feito isso. As feridas mal importavam para mim.

─ Dói de verdade ver você se sacrificando por alguém como Norman ─ foram suas últimas palavras antes de sair pela porta bem protegida.

I Think We're Alone Now - Temporada 3 (CONCLUÍDA)Where stories live. Discover now