Capítulo 7: Somos Família

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Andrew

Minha percepção do tempo ficava cada vez mais aguçada. Amberly ficou numa dessas celas de Stryker, será que quase enlouqueceu como eu? 

Se eu pudesse pediria pelo menos um relógio, já que eu não vejo nada mais entediante do que ficar parado olhando a parede de concreto mais feia do que as paredes da resistência. Tinha perguntas que nunca foram respondidas, chegou um certo ponto que comecei a inventar respostas para as perguntas. Amberly se mudou e começou a treinar suas habilidades como nunca e tudo isso faz parte de uma loucura minha. As vezes me questionava se estava num hospício. Morei numa base mutante cheia de pessoas com poderes e mesmo assim morreram por tiros ridículos. Janet me ligou à minha irmã e perdeu um braço, como ela poderia ter morrido com um tiro?

Um tiro bem dado pelo visto.

─ Café da manhã ─ a mesma garota que me colocou aqui dentro outro dia agora parecia minha empregada. Café da manhã, almoço e janta, ela quem trazia tudo para mim. Não comi, bebia apenas água, a única coisa que conseguia ingerir agora. Já tentei comer outra vez. A comida parecia ótima, mas na verdade tinha um gosto sem graça, sintético, nada deveria ser feito a mão. Parecia que era feito por máquinas pela falta de gosto. Até eu cozinho melhor.

Não respondi, nem toquei na bandeja. Não estava cansado, mas também nem um pouco determinado. Estava apenas ali, um corpo morto, o tédio tomava conta. Também não poderia sair daqui e nem passear, então não tenho muita escolha além de ficar sentado no chão duro olhando para as mesmas paredes. A loira também não queria muito papo, mesmo que parecesse querer chamar minha atenção, ela me deixou sozinho apenas com meus pensamentos.

─ Talvez a Magnum goste de prisioneiros ─ uma voz ecoava no inicio do corredor. Duas pessoas, passos duplos, fazem mais barulho do que apenas um par de pernas. As botas ecoavam pelo corredor chegando até mim jogado no chão. Magnum... seria uma nova empresa parceira de onde quer que eu esteja? Não poderia ser uma empresa normal, nenhuma empresa teria uma prisão escondida, ainda mais de pessoas inocentes. 

─ De fato ─ a voz me parecia familiar. Queria saber se ouvi direito ou se foi a desidratação. Faltava disposição para me levantar, um simples movimento parecia mais do que o normal. ─ Precisamos de celas.

─ Com o tratado de paz, poderão ter tudo isso, e nós poderemos ver os seus ─ ele declarava. Uma troca de recursos, talvez por algum bem maior? Fazer um tratado do nada não tem sentido. A voz não respondeu.

Reuni toda minha força de vontade e me virei para ficar de frente a porta, numa tentativa discreta de ver quem era. Eles pararam no meio do corredor por um tempo e parecia que cochichavam pelo silêncio, um segredo que não poderia ser falado no meio de prisioneiros. Apenas segundos depois eles voltaram a andar, passando por mim.

Amberly, eu sabia de quem era essa voz. Ela falava mais rígida, mais formal, nada como a Amberly de meses atrás. Parecia outra pessoa, e eu nem reconheci. Ela parou na minha cela, segurando uma barra de ferro da janelinha da porta com a mão direita. Ela não parecia sentir alguma coisa, nem mesmo um remorso por seu irmão aprisionado. Se ela se importa, é uma boa atriz, porque eu me sinto desprezado por ela.

─ Eu quero esse ─ nem precisava apontar para mim para saber que era eu. Eles não sabem que somos família, e não podem saber. Ela estava fingindo, fingindo que se interessou por mim por alguma característica que a chame atenção. ─ Já conversei com ele uma vez. Me chamou atenção ─ ela declarava e o homem assentia com a cabeça levemente. A última coisa que ele queria seria um piti da Amberly, um drama apenas por mim.

Tinha que fingir desprezo, fingir que ela era pior do que essas pessoas. Tinha que entrar no teatro de Amberly para que isso funcionasse. Ela me dizia isso, talvez mentalmente, eu apenas sei que tenho que fazer isso, como se uma voz guiasse minhas ações. Minha irmã me olhava fixadamente, como se fosse uma obra de arte em museu tentando entender cada pedaço de mim. Estava fingindo, era óbvio.

─ Primeiro temos uma recepção de boas-vindas. Vamos comer e beber em grupo e depois decidimos nossos tratos? ─ Amberly concordou balançando levemente a cabeça na vertical. Ela estava confiante demais, sabia o que queria e sabia que iria conseguir. Nada vai impedi-la de ter o que quer.

Eu.

─ Quero vê-lo bem tratado antes de leva-lo, entendeu? ─ Amberly quase mandava, parecia uma ditadora. Não duvidaria dela se de uma hora para outra se tornasse uma.

─ Fique calma. Logo vai ter seu cara ─ os dois saíram andando, indo para onde quer que seja a recepção de boas-vindas logo após o tour por esse lugar. Queria saber onde eles iriam, onde esse caminho daria.

Só saberia depois que Amberly me tirasse daqui.

I Think We're Alone Now - Temporada 3 (CONCLUÍDA)Nơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ