Capítulo 2: Cela

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Andrew

─ Acorda, moleque ─ uma voz rouca, cansada e com um leve sotaque espanhol se dirigia a mim enquanto jogavam um balde de água fria na minha cabeça. Demorei para abrir os olhos, mas tudo indicava que eu estava numa sala de interrogatório preso com uma corda numa cadeira. ─ Estou perdendo tempo com você ─ depois de um tempo finalmente encarei a mulher com cabelos lisos, longos, escuros e ainda tinha uma franja em cima de seus olhos. Ela também tinha uma cicatriz abaixo do olho, reta demais para ter sido feita em combate, muito bem feita para ter sido causada por uma lâmina grande. Sinto que já vi essa mulher onde, apenas não lembrava em que lugar.

 ─ Onde eu estou? ─ perguntava confuso enquanto meus olhos ainda tomavam coragem para se abrir.

─ Qual é sua relação com Amberly Johnson? ─ ela ignorava minha pergunta, acho que não sou eu que pergunto aqui.

─ Eu... não sei ─ estava confuso demais para prestar atenção na pergunta. Não sabia onde estava nem as intenções dessa mulher. 

─ O que ela veio te dizer? ─ demorei pouco tempo para encontrar uma resposta. Amberly... são dessas pessoas que ela estava fugindo?

─ Não lembro direito ─ tudo parecia um sonho e que acordei nesse lugar sem motivo nenhum. Lembro de encontrar a minha irmã, mas não lembro do que ela veio me falar. Ela insistia de que apertasse sua mão e parecia que eu tinha que fazer isso para que ficássemos juntos. Sinto que não obtive respostas de todas as minhas perguntas, não me sentia aliviado de nada.

A mulher levantou da cadeira indo em direção a mim, que estava com a mesma camiseta suja de graxa da oficina. Tenho medo em saber se machucaram o velho dono daquela sucata, mas ele era inocente, não devem ter feito nada. 

─ Prendam-o, e o deem roupas novas ─ dois soldados, um de pele verde e outro branco entraram na sala e me seguraram pelo braço. Hesitei um pouco no inicio, nunca tinha visto ninguém com outra cor de pele a não ser as normais. Será que ele faz fotossíntese?

Mesmo com muitas dúvidas, fui arrastado para dentro de uma cela com um saco na cabeça para evitar olhar em volta. Direita, descida, esquerda e cela. Mesmo que não adiantasse muito, já ia memorizando a planta do lugar. Pela quantidade de passos antes da primeira direita, o lugar corredor principal já era enorme e com falta de luminosidade, o que lembrava meu antigo lar. E o da minha irmã. Aquela mulher... Já tinha visto ela no funeral de Janet um pouco depois de enterrarem seu corpo ela estava lá com uma lágrima escorrendo pelo seu rosto. Qualquer seja o relacionamento dela com Janet, ela conseguiu esconder muito bem perto de mim.

Acho que era a primeira vez que estava sendo preso numa cela. Tudo era frio e sem graça, como as paredes da antiga base. Imagino o que muitos estejam fazendo agora enquanto eu me meto em cada vez mais confusão. Precisava arranjar um jeito de sair daqui, ou iria depender deles para sempre. Posso ser bom em muitas coisas, eles só têm que aprender a aproveitar. 

─ Esperem! Eu posso ajudar vocês! ─ tentava chamar a atenção dos guardas que realmente se viraram para mim. Seria essa minha esperança de fuga? Parecia que uma luz de esperança se instaurou em mim. O homem de pele verde, uns dez centímetros maior que eu, colocou uma mão no meu ombro e olhou profundamente para mim. Me questionei sobre suas atitudes até levar uma joelhada bem dada no meio das minhas pernas, me fazendo cair e rolar de dor pela cela. Os homens saíram pacificamente, como se não tivessem feito nada demais. Será que são treinados para machucar e não sentir remorso? Tudo isso me lembrava Janet, quando a conheci, quando ela não possuía emoções.

Parece que eu não tenho nenhum direito mais nesse lugar. Pegaram bem onde mais dói. Estava nervoso, humilhado, tinha que fazer alguma coisa a respeito, mas não poderia fazer nada agora. Odiava ser punido por absolutamente nada. Acho que é um sinal para eu manter minha boca calada, mas não vou ficar em silêncio até sair daqui.

Se Janet estivesse aqui acho que nós já teríamos fugido e em pouco tempo ela já saberia mais desse lugar do que qualquer um. E se a proposta de Amberly foi real? E se realmente tiver um jeito de trazer todos de volta? Seria a verdadeira solução dos nossos problemas? Não sei, mas acho que só há um jeito de descobrir. Queria ter ouvido mais de Amberly, ouvido tudo que ela tinha para dizer, ouvir suas desculpas, mas não tem nada que eu possa fazer agora. Me deixei ser levado por essas pessoas.

I Think We're Alone Now - Temporada 3 (CONCLUÍDA)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora